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Educação

Tablets invadem salas de aula

Equipamento chega a faculdade em Goiânia | 09.03.12 - 12:53
Larissa Lessa

Este parece ser mesmo o ano do tablet na educação brasileira. Depois de o Ministério da Educação anunciar o uso de tablets por professores da rede pública de ensino a partir de agosto e de o A Redação mostrar que o equipamento já é realidade em sala de aula em uma escola goianiense desde o início do ano, agora é a vez de alunos do ensino superior da Capital testarem a novidade. A partir do segundo semestre, cerca de 300 estudantes de Administração da Faculdade Estácio devem receber o equipamento. A proposta é ousada: o tablet deve substituir totalmente os livros didáticos dentro e fora de sala de aula.

O equipamento será entregue aos estudantes em empréstimo, com valor integrado ao preço da mensalidade. Caso o aluno desista do curso, deve devolver o tablet à instituição. Se concluir o curso, leva o equipamento para casa definitivamente. O conteúdo pedagógico em cada aparelho é gerenciado por um sistema de biblioteca virtual, que está atrelado à matrícula de cada estudante.

Os alunos podem fazer o download dos livros utilizados no curso no qual estão matriculados e ler, quando conectados à internet, uma biblioteca com mais de três mil títulos. Os equipamentos têm 3G, com internet liberada para acessar os sites da instituição. Se o estudante optar por entrar em outras páginas, precisa contratar outro plano 3G ou utilizar a internet sem fio.

O projeto foi iniciado em agosto do ano passado no Rio de Janeiro. Desde então, o diretor de Marketing da faculdade, Pedro Jorge Guterres Quintans Graça (foto), contabiliza a entrega de cerca de sete mil aparelhos. “Já pensávamos, há três anos, trabalhar com notebook. Mas esbarramos em uma série de dificuldades, como duração da bateria, mobilidade e preço. O tablet caiu como uma luva no projeto”, diz. Confira abaixo a entrevista concedida pelo diretor ao AR:

Jornal A Redação - A faculdade propõe a substituição definitiva do livro pelo tablet dentro da sala de aula. Não é uma mudança muito drástica para alunos acostumados ao material didático tradicional?
Pedro Jorge Guterres - O aluno se acostuma muito rápido com tecnologia. Ele já usa celular, muitos têm tablet. Vejo que é mais difícil para o professor do que para o aluno, que tem muito mais facilidade de adotar isso de forma tranquila. Não podemos esquecer que esses alunos, de uns 20 anos, já conheciam a internet quando começaram a alfabetização. Eu sou de uma geração que não tinha internet na época de escola.

Muda a forma de dar aula com o tablet dentro de sala de aula?
O tablet traz consigo um novo modelo de ensino para o estudante. Vamos fazer uma rede social em cima do livro, na qual será possível marcar livros, fazer comentários e compartilhar essas marcações com colegas e professores de todo o Brasil. O centro da rede social é o
livro. É um aprendizado em formato diferente do que a gente teve. Talvez até seja mais fácil ler no livro do que ler no tablet, até por questão de costume. Mas dentro do livro não conseguimos compartilhar com a mesma facilidade com a qual compartilhamos no tablet. Então não é só a troca do livro pelo tablet, são todas as possibilidades que vêm junto. A gente aprende a compartilhar, a discutir, e trocar ideias.

Essas novas possibilidades podem afetar a vida deste estudante quando entrar no mercado de trabalho?
A ferramenta vai trazer um aprendizado diferenciado para a vida profissional. Para nós, que não fomos educados com essas possibilidades, não é natural. Mas para os jovens de hoje tem que ser natural, porque o mercado de trabalho vai exigir isso.

Um dos questionamentos é que, com o tablet, o aluno “desaprende” a escrever...
É uma preocupação que me dá a sensação de ser retrógada, porque hoje já escrevemos em editor de textos. Eu faço isso, com o corretor ligado. Não ter essas ferramentas é como não poder usar calculadora, por exemplo. É preciso entender a lógica da conta, mas depois que o estudante domina essa função não faz mais sentido fazer contas na mão.

E como tem sido a recepção dos professores a essas mudanças?
Fazemos treinamentos com os professores, mas há aqueles que oferecem resistência. É um desafio treiná-los, mas eles começam a enxergar o equipamento como parceiro, e não como inimigo.


Estudantes do Colégio Delta, em Goiânia, mostram tablets usados em sala (Foto: André Saddi)

AR mostrou que o tablet já é realidade em uma escola do ensino médio de Goiânia. Como você vê a adoção do equipamento ainda no ensino básico?
Já trabalhei com ensino fundamental e ensino médio e, particularmente, não adotar parece ser uma bobagem. Nossa sala de aula é igual à de 40 anos atrás. Não dá para imaginar que nosso aluno, na velocidade em que vê as novidades, vai sair do mundo da tecnologia para entrar uma sala igual à do meu avô. Acho que tem que adotar [o tablet no ensino médio], mas com muita consciência.

Mas a presença do aparelho não vai distrair os estudantes do conteúdo da aula?
Você tem que usar o recurso a favor da aula. Não é fazer com que o aluno não tenha acesso aos recursos para se distrair. É o contrário, ele tem acesso usa os recursos a favor da aula. O professor tem que tirar benefício disso. Se o professor não nos traz para a aula, não vai ser o fato de eu ter nada na mão que vai me fazer prestar atenção no conteúdo.

Depois desses primeiros meses utilizando o tablet em sala de aula, qual é a avaliação da faculdade?
Que não atrapalha, não há duvida. Não dá para afirmar que é por causa do tablet, mas os estudantes que têm recebido o aparelho estão mais motivados para estudar. É o tablet, a ferramenta, o professor que está mais animado? Pode ser o conjunto, mas é difícil isolar uma resposta. Ainda não temos essa resposta, mas percebemos maior entusiasmo e mais rendimento na sala de aula.

Leia mais:
Tablet substitui livro didático em escola goiana

Comentários

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  • 21.10.2013 18:20 nelson alberto caldeira

    Gostaria de saber algum meio de contatar com o Sr Pedro e falar sobre educação e instalação de escolas , se for possivel... grato

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