Lucas Cássio
Goiânia - Soluções inovadoras e escaláveis. Estes são dois dos fatores que definem as startups, modelos de negócios digitais e rentáveis. Até meados de 2017 mais de 4,2 mil startups eram afiliadas à Associação Brasileira de Startups (ABStartups). O número é promissor, mas a motivação para criar um empreendimento não deve surgir no “embalo da moda”, alerta Luís Gustavo Lima, Chief Startup Officer da ACE, três vezes eleita a melhor aceleradora de startups da América Latina, que auxilia no crescimento destas empresas.
“O principal erro é a criação de uma startup que não resolve nenhum problema na sociedade. Essa é a grande causa de 'morte' de muitas delas”, explica LG Lima, palestrante confirmado para o Fórum Mundial de Empreendedorismo, que acontecerá em Goiânia nos dias 24 e 25 de maio, na Unialfa. O evento realizado pela Federação das Associações de Jovens Empreendedores e Empresários do Estado de Goiás (Faje-GO) e Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) visa estimular e qualificar o empreendedorismo em vários segmentos.
Exemplo de startup goiana bem-sucedida, o aplicativo Entrega Web se destaca no ramo de delivery de comida. Administrada pelos idealizadores Bruna Caiado e Celso Brandão, a empresa é uma das primeiras startups de Goiás. “No início, a ideia foi trabalhar em três áreas: o de alimentação, conveniência e presente. Porém, percebemos que trabalhar com todos seria difícil pelo alto investimento requerido”, conta Caiado sobre como foi a decisão por segmentar o negócio.
Bruno e Celso têm perfis diferentes e complementares, característica que são importantes segundo LG Lima. Apesar de ambos possuírem a mesma formação, os sócios assumiram posições distintas durante a criação do Entrega Web. Enquanto ela trabalhava na área administrativa e financeira, ele cuidava do comercial e um antigo sócio era o responsável pela tecnologia da informação.
Parte jurídica
A criatividade pode ser a protagonista quando surge uma startup, mas os cuidados jurídicos são fundamentais para o sucesso de tipo de negócio. “O registro da marca é o primeiro passo, mas não adianta ficar desesperado para manter o sigilo sobre a ideia, ela não vale nada enquanto não for colocada em prática”, alerta Erik Nybo, advogado e autor do livro Direito das Startups.
O escritor, que também irá palestrar no Fórum Mundial de Empreendedorismo, esclarece que a confidencialidade excessiva pode isolar os empresários, e dificultar parcerias, investimentos, buscas por clientes e fornecedores, entre outras oportunidades. Porém, alerta Nybo, os contratos são obrigatórios entre a empresa e o público com quem se relaciona. No caso das startups, deve-se estabelecer termos e condições de uso e política de privacidade.
“Podem existir problemas específicos do cotidiano das startups que não são necessariamente os mesmos problemas de empresas de segmentos tradicionais como os de fiscalização e tributação decorrentes da instalação da sede de startups em coworkings, tributação de serviços oferecidos online, contabilização de mútuos conversíveis, métodos de avaliação (de empresas), dentre outros”, explica Nybo.
O conselho, portanto, é procurar um advogado especializado para cuidar destes aspectos jurídicos e orientar determinadas condutas a fim de evitar problemas societários, tributários e até criminais. A área do Direito também é influenciada pelas startups e, como relata o advogado, “ao contrário do que ocorria há alguns anos, hoje já existem diversos livros e cursos que ensinam advogados a atuar neste segmento. Assim, torna-se relativamente fácil ter contato com este ambiente e também com o tipo de prática jurídica necessária para atender este mercado.”
LG Lima, palestrante confirmado para o Fórum Mundial de Empreendedorismo em Goiânia
