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#EntrevistasAR - Eleições 2014

Marta Jane (PCB): "Temos um projeto socialista e queremos implementá-lo"

Assista à entrevista feita na sede do AR | 09.09.14 - 19:38 Marta Jane (PCB): "Temos um projeto socialista e queremos implementá-lo" (Foto: Adriana Marinelli/A Redação)
Carolina Pessoni
 
Goiânia - Dando continuidade à rodada de entrevistas com os candidatos ao governo de Goiás, o jornal A Redação entrevistou, nesta terça-feira (9/9), a candidata da coligação Construindo o Poder Popular: Goiás para os Trabalhadores (PCB/PSTU), Marta Jane.

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A entrevista foi feita pelos jornalistas Aline Mil e João Unes, e dividida em três em três blocos, sendo o primeiro com perguntas elaboradas pela equipe de jornalismo do AR, o segundo com perguntas de leitores e o terceiro para considerações finais.
 
Marta Jane falou de suas propostas e destacou que a coligação da qual faz parte tem projetos socialistas para Goiás. "Essa coligação apresenta um projeto de novo tipo de desenvolvimento, alterando radicalmente as bases do Estado, e temos a intenção de implementá-lo. Nossa trajetória nas lutas sociais nos credencia para isso."
 

(Vídeo: A Redação) 
 
Nesta quarta-feira (10/9), o entrevistado será o candidato do PSOL, Professor Weslei. A entrevista será às 15 horas e poderá ser assistida ao vivo através do site do A Redação em parceria com a plataforma Live Alive.  
 
Confira os principais assuntos abordados por Marta Jane:
 
Segurança pública
"A segurança pública é uma questão extremamente polêmica. O que temos agora são dados, índices de assassinatos de mulheres em Goiânia, são situações emblemáticas quando se fala de segurança pública. A insegurança pública é algo que vem sendo produzido há várias décadas em Goiás e no Brasil. Essa discussão não pode ser completamente compreendida e equacionada se não partimos do que realmente causa os problemas relacionados à desumanização do próprio ser humano." 

"Pra nós, discutir esse  problema na sua complexidade, significa discutir um processo de concentração de riqueza em Goiás. São pessoas, famílias com muitas propriedades e dinheiro, enquanto a maioria da população não tem condições de consumo e de acesso aos serviços públicos constitucionalmente garantidos. Além disso, há também uma lógica de individualização que está posta na sociedade, que é pilar da sociedade capitalista." 
 
"Para propor solução adequada para a questão da segurança pública, temos que discutir a distribuição de riqueza. Concretamente é possível distribuir a riqueza no Estado de Goiás por uma política de valorização salarial, por exemplo. Goiás tem o 7º PIB nacional, mas é o 20º em salário dos trabalhadores. Melhoria salarial é distribuição de riqueza. Levar à sério uma política de saúde, educação e transporte público, democratizando o acesso a esses serviços, também é distribuir riquezas. Um projeto de reforma agrária, distribuir terras no campo, também é distribuir riquezas. Falamos em distribuição não só entre as pessoas, os trabalhadores, mas também entre as regiões. A região nordeste do Estado tem menos de 5% dessa riqueza, mais de 40% dos recursos estão concentrados na região central, próximo à capital. Deixamos as regiões desprovidas de serviços públicos. As empresas e indústrias não se interessam a ir pra esses lugares."
 
Passe Livre
"Em primeiro lugar, hoje a tarifa de R$ 2,80 na região metropolitana de Goiânia e as tarifas altas da região do Entorno se justificam porque quem opera o transporte coletivo nessas cidades são empresas que têm o objetivo de lucrar quando oferecem esses serviços. Nós entendemos que é um direito do cidadão, não um serviço a mais, então o Estado tem que oferecer esse direito para os trabalhadores. Tirando das mãos das empresas, o serviço deixa de gerar lucro, então por aí o preço da passagem já cairia." 
 
"Nós entendemos que essa prioridade de gerar receita para pagar a dívida com a União é errada. Defendemos uma auditoria nas contas públicas para que possamos falar na possibilidade de adequar valores para não haver tantos rombos nos cofres do Estado e poder oferecer esses serviços para a população."

Baixa colocação nas pesquisas
"Este não é um projeto individual como os políticos profissionais fazem, como se fossem sujeitos únicos do processo. Essa coligação apresenta um projeto socialista de novo tipo de desenvolvimento, alterando radicalmente as bases. Nossa trajetória nas lutas sociais nos credencia para isso." 
 
"Eu tenho uma trajetória nos movimentos populares, particularmente na educação e sempre atuei nessa luta. Somos todos trabalhadores, não somos políticos profissionais, voltamos com nossas atividades profissionais quando passam as eleições. No entendimento da coligação essa deveria ser a característica de todos os políticos, que fossem profissionais de várias áreas e não políticos profissionais."
 
"A coligação tem um projeto socialista pro Estado de Goiás e temos a intenção de implementá-lo. A crítica aos partidos pequenos é feita àqueles que não se vendem, porque os que se vendem a qualquer preço, dependendo do cargo ou da promessa que lhes é feita não recebem críticas dessas mesmas pessoas." 
 
"A crítica tem origem ao fato de nós insistirmos em um projeto que é independente, autônomo, que não se vende nessas coligações fantasmagóricas que aparecem e confundem o eleitor. Esses partidos não mantêm uma linha ideológica clara, se posicionam de acordo com a questão conjuntural do momento. PCB e PSTU têm um projeto claro. Nossas coligações vão sempre ser feitas com os partidos que estão nas lutas conosco. Não é uma coligação artificial para um processo eleitoral, por isso não aceitamos financiamento de campanha por empresas."
 
Poder popular
"A proposta do poder popular é o que nos credencia a falar em projeto de transformação da realidade em Goiás. Sabemos que a correlação de forças faz com que as decisões estejam amarradas a determinados interesses econômicos. O poder popular que defendemos é a única alternativa viável para que as demandas populares sejam atingidas." 
 
"Significa a constituição de conselhos populares formados por local de moradia, local de estudo, por categorias de trabalhadores, mas representativos, de fato, conforme as lutas populares. Esses conselhos se reuniriam em bairros, cidades e Estado. É possível constituir espaços de decisão, não estamos falando do limitado projeto do governo federal que prevê os conselhos apenas consultivos. São representantes das lutas populares que teriam poder de decisão das políticas prioritárias para o povo." 
 
Fim do Senado
"Não achamos que seja uma proposta contraditória. Contradição é manter duas casas legislativas que têm as mesmas funções. O Senado que é um dos locais mais reacionários e conservadores e de completa inutilidade. Falar em representação igualitária dos Estados é um engodo. Executivo, Legislativo, Câmara dos Deputados Federais e Senado no Brasil já têm suas pautas definidas antes dos processos eleitorais, então não faz diferença ter uma ou duas casas. Isso sem contar nos gastos. As casas legislativas do Brasil têm gastos absurdos."
 
Perguntas de leitores
 
Andreia Fernanda - Goiânia: A senhora falou em seu programa eleitoral que o primeiro lugar de Goiás no Ideb é uma farsa. Como a senhora explicaria essa colocação?
"A defesa que o governo estadual está fazendo é que Goiás é o primeiro em matéria de educação no país é uma farsa. Aliás, Goiás tem o 22º salário de professores do país. Eu não acredito que educação de qualidade se faça com salários tão baixos. Goiás tem escolas construídas com placas, e eu não acredito que seja possível aprendizagem nesse ambiente. Goiás tem servidores administrativos nas escolas que recebem pouco mais de um salário mínimo. Não é possível fazer educação de qualidade em um espaço como esse. O número do Ideb leva em conta alguns elementos: a questão da aprendizagem verificada na Prova Brasil; a não reprovação - e o Estado de Goiás tem a política de promoção automática que não garante a aprendizagem; e a questão da permanência do aluno na rede, a não evasão. Uma nota de 3,8 num ranking de zero a dez é ridiculamente baixa para ser comemorada. Devemos questionar o alarde desse índice porque ele não é verdadeiro. É bom nós pensarmos que todo e qualquer avanço da rede estadual de ensino se deve à luta cotidiana dos professores e trabalhadores da educação em geral que conseguem promover o aprendizado."
 
Ana Paula  Ribeiro - Goiânia: Candidata, como é ser a única mulher candidata nessas eleições? A senhora tem algum projeto específico para as mulheres do Estado?
"É um debate importantíssimo. Falando especificamente sobre a segurança, essa violência não está só na capital. Das 15 cidades mais violentas contra a mulher, sete delas estão no Entorno de Brasília, duas estão no sudoeste goiano, Jataí e Rio verde, e duas na região metropolitana da capital. São as cidades com maior desigualdade social e é onde se encontra o maior índice de violência contra a mulher e violência em geral. Precisamos ampliar  a rede de assistência e atendimento à mulher violentada, porque é muito grande a dificuldade, por exemplo, em se registrar um boletim de ocorrência. Além disso, pensamos na questão da saúde. Muitas cidades do interior não têm atendimento ginecológico específico, não têm atendimento pediátrico. A política na educação para a mulher tem que abarcar a universalização do ensino para crianças de 0 a 5 anos."
 
Considerações finais
"Eu quero primeiramente agradecer o A Redação por nos convidar para este bate-papo e nós entendemos que esse sim é um procedimento democrático à medida que o tempo é distribuído de maneira igual para todos os candidatos. Isso não está acontecendo nos outros meios de comunicação. Outras mídias não têm interesse em apresentar um projeto socialista, então temos uma certa dificuldade em dizer para as pessoas o que pensamos, quais são nossas propostas."
 
"Queremos pedir que os eleitores observem bem ao decidir o seu voto, dizer que nós estamos enfrentando mais um processo eleitoral e destacar que analisem essas propostas dos outros candidatos comparando com as eleições passadas. Esses mesmos candidatos estão fazendo as mesmas propostas, defendendo as mesmas coisas. O atual governador, inclusive, faz as mesmas propostas porque não as cumpriu. Há propostas importantes, como construção de Credeqs e asfalto de estradas, mas isso não vai mudar a nossa condição de trabalhadores explorados, mal pagos e, em grande parte, desempregados. O que vai mudar a nossa realidade é a nossa organização." 
 
"Queremos chamar as pessoas a fazerem essa análise, se elas querem mais quatro anos de discussão dos mesmos problemas, falta de prioridade da saúde, da educação, greves. Queremos juntamente com os trabalhadores, por meio da construção do que chamamos de poder popular, ter as condições de enfrentar as questões que são fundamentais para o povo de Goiás. Uma dessas questões é a reforma agrária."
 
"Não queremos ficar só na luta, isso deve ser uma política de Estado. Saúde, educação, transporte e moradia devem ser políticas públicas garantidas pelo Estado. Isso só pode ser produzido pelo poder popular, portanto, o caminho continua sendo a luta, a rua. Queremos chamar as pessoas a protestar nas urnas e nas ruas, porque são nesses lugares que conseguimos essas mudanças."
 

Comentários

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  • 10.09.2014 11:51 Epaminodas

    Historicamente, o socialismo não deu certo em um só lugar aonde foi instalado; só três nações hoje no globo se declaram socialistas (Cuba, Venezuela e Coreia do Norte), aonde grasnam a fome, miséria, perseguição e limites dos direitos democráticos... E esta senhora quer implantar o socialismo em Goiás. Como não pode dar certo? Sobre passe livre, as empresas de transporte "têm o objetivo de lucrar quando oferecem esses serviços". Oh sim. Por decreto, se faz o socialismo que historicamente nunca deu certo e um serviço pode operar sem suporte do lucro. Aonde comprarão diesel e peças para os ônibus? Por doações à causa socialista é que não vão ser. Então, toda vez que o governo diz que algo vai ser de graça, vai ser o mais caro e mais porcaria. Essa ladainha de passe livre ou é ignorância ou má intenção. O serviço só é ruim porque o mercado é concessionário e o governo não aplica sanções em quem não atende bem seus usuários. Então a gente precisa de mais livre mercado, mais capitalismo, menos intervenção do governo... E a dona aí de cima vem falar em socialismo. A felicidade é que com uma intenção nanica de votos como esta, não corremos o risco. Não pelas mãos dela, ao menos.

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