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Música erudita

Ana Flávia Frazão e Laurent Breuninger: um Duo com dez anos de existência

Confira a crítica de Othaniel Alcântara | 23.04.15 - 20:08 Ana Flávia Frazão e Laurent Breuninger: um Duo com dez anos de existência (Foto: divulgação/Concertos em Goiânia)
 
Othaniel Alcântara
 
Goiânia - Na quarta-feira (22/4), indo para o Auditório do SESC do Jardim América, eu me lembrava de quando conheci Ana Flávia Frazão. Acho que foi no início dos anos 1990. E um detalhe, a conheci como flautista. Depois de um longo período estudando na Alemanha (1994 a 2002), e após participar de um concurso público, tornou-se professora na Escola de Música e Artes Cênicas da UFG. Rapidamente estruturou uma sólida carreira de pianista. Sempre é um prazer ouvi-la. Dona de invejáveis técnica e musicalidade.
 
A pianista conheceu Laurent Albrecht Breuninger ainda nos tempos em que morava na Europa. O violinista alemão possui um belo currículo. Mas, sem dúvida, o segundo prêmio no Concurso Rainha Elizabeth, em 1997, é um feito memorável. Trata-se do mais prestigiado concurso (violino/piano/canto) do mundo. A competição foi criada em 1937 pela própria Rainha da Bélgica e por iniciativa de seu amigo, o lendário violinista belga Eugène Ysaÿe (1858-1931).
 
O Duo foi formado em 2005 e a partir de então se encontra, ora na Europa, ora no Brasil, para recitais e gravações. Chama a atenção o interesse dos músicos pela música brasileira. Em 2012, por exemplo, a dupla gravou um CD com toda a obra para violino e piano de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), indiscutivelmente, o compositor erudito mais conhecido no Brasil e no exterior.
 
Na apresentação de quarta-feira, o compositor brasileiro escolhido foi o saudoso Zbigniew Henrique Morozowicz (1934-2008), mais conhecido como Henrique de Curitiba. Para quem não sabe, o curitibano, filho de imigrantes poloneses e aposentado pela Universidade Federal do Paraná atuou como professor convidado na Escola de Música e Artes Cênicas entre os anos de 2003 e 2006.
 
A Sonata 87, número que faz alusão ao ano da composição, foi muito bem recebida pelo público que lotou o Auditório do SESC Jardim América. A peça é belíssima e o Duo, com muita competência, apresentou ao público a riqueza rítmica, utilizada pelo compositor nos primeiro e terceiro movimentos da peça; aquela herdada das tradições africanas e que se transformou em uma das marcas de nossa música desde, principalmente, o advento do nacionalismo musical brasileiro.
 

(Foto: divulgação/Concertos em Goiânia)
 
Camille Saint-Saëns (1835-1921) e Claude Debussy (1862-1918) foram também execuções primorosas da noite. Apesar de conterrâneos e da proximidade cronológica, são representantes de correntes diferentes, estilisticamente falando, da música francesa. O mais velho é representante da escola romântica tradicional. Já Debussy foi o grande representante de uma escola que se desenvolveu mais tardiamente na França e que deixou sua marca no processo de transformação da linguagem composicional da música do século XX.
 
As sonatas francesas foram brilhantemente executadas pelo Duo, que apresentou, além de virtuosidade, um grande entrosamento; aspecto extremamente necessário, devido à constante interação entre as duas linhas, exigida pelos compositores.
 
O Duo interpretou Debussy com autoridade, e como esperado, traduziu em música, os diferentes estados de espírito e impressões sensoriais evocados pelo compositor nesta obra, principalmente, através do colorido sonoro. Marcante nesta Sonata são os momentos de profunda nostalgia e tristeza; compreensível, pelo fato do maior representante do impressionismo musical tê-la escrito no final de sua vida, doente, com câncer terminal. 
 
E, como era de se esperar, quando Ana Flávia e Laurent fecharam o último movimento do Saint-Saëns, um rondó brilhante e virtuosístico, ficou clara a satisfação dos ouvintes.
 
Cabe lembrar que a Série “Concertos na Cidade”, já em sua nona edição, é um Projeto de Extensão da EMAC/UFG e coordenado pelas professoras Gyovana Carneiro e Ana Flávia Frazão.

Comentários

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  • 23.04.2015 22:34 Luis Furtado

    O recital, assim como este relato sobre o recital, continua enriquecendo a cultura goiana. Parabéns aos músicos e ao musicólogo desse artigo.

  • 23.04.2015 21:20 Matheus Castrillon Rassi

    Grande Duo! Acompanho Ana Flávia a distância desde o tempo em que ela estudava flauta transversal com a Saudosa Simone Lotufo Castrillon! Breuninger tem uma técnica violinistica invejável, um Grande Solista!!!

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