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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

O Blog

Revolucionário de pijama

Ser engajado na internet é fácil, na rua não | 08.09.11 - 10:46

Estava marcado há algumas semanas um protesto em várias cidades brasileiras para o dia de ontem, 7 de setembro, feriado em homenagem à Independência do Brasil. Batizado de Marcha contra a Corrupção, a movimentação queria aproveitar o tom cívico de ontem para cobrar maior lisura das autoridades públicas para com nosso suado dinheirinho. Segundo informações da imprensa, somente a manifestação de Brasília deu volume, onde cerca de 12 mil pessoas se aglomeraram no protesto. Nas demais cidades, a movimentação foi pequena, ganhando apenas registros tímidos na mídia e cumprindo seu papel no campo do simbólico, não tendo ganho peso efetivo nas ruas.

Sou um entusiasta desse tipo de ação. Toda vez que vejo um protesto na rua, me lembro do clássico dos Rolling Stones chamado Street Figting Man. Inspirado pelas manifestações francesas do maio de 1968, no mesmo ano Mick Jagger fez essa letra que marca a luta do jovem pelos seus ideais. Contudo, enquanto vemos o pau literalmente quebrar no Chile, Líbia e mundo afora, essa articulação social no Brasil ainda é movida pelo revolucionário de pijama. Também conhecido como revolucionário do Toddinho, ele é aquele cara que mora com os pais, a família banca sua faculdade, paga sua internet banda larga, paga o Danoninho que ele faz questão de tomar todo dia no café da manhã, mas ele posa de valentão e mostra um pseudo engajamento nas redes sociais. Ali, ele manda. Confirma sua presença nos protestos do Facebook, dá RTs indignados no Twitter, elabora posts virulentos no Orkut. Mas o que ele realmente quer é que a doméstica não faça seu suco de pera com pouco açúcar.

É por isso que existe um descompasso entre a movimentação na internet e o que realmente acontece nas ruas. É de um comodismo gigante ser revolucionário com os pais pagando as contas, incluso aí o baseadinho que ele vira na Praça Universitária e fuma no bosque da UFG. A galera quer saber do oba-oba no mundo virtual. Mas na rua não. A treta na vida real é mais séria. Na rua, o escudo dos pais não funciona como atrás do teclado do seu computador.

Não quero parecer apocalíptico, pois penso que nem tudo está perdido. Pelo contrário. Acredito que estamos, na verdade, melhorando. A indignação cresce, a sociedade se mostra menos tolerante com o mau uso do dinheiro público, a imprensa fiscaliza mais, chegam mais informações nas pessoas, a atuação contra a corrupção da Polícia Federal e do Ministério Público repercute. Esses movimentos são reflexo desse cerco mais vigoroso contra a malandragem. O problema é que, talvez, essa mudança de postura esteja caminhando em passos mais lentos que o desejável.

Acho que a sociedade brasileira só vai realmente mostrar que cansou da balbúrdia quando além de dar RT no Twitter, ir para a rua e mostrar sua cara insatisfeita com a situação. O RT é só a primeira parte do trabalho, ele não se encerra ali. Além disso, a sociedade também precisa parar de ser corrupta no seu próprio dia a dia. Mas esse assunto é longo e é melhor deixá-lo para outro texto.


Comentários

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  • 21.09.2011 17:48 Bosco Carvalho

    Os jovens de hoje não conseguem nem mesmo levantar o prato de onde comeram e levá-lo até à pia da cozinha para serem lavados por outra pessoa. Eles botarem um pouco de detergente na esponja cheia de bactérias? Nem pensar! Fechar a porta do armário de onde tiraram o copo para a cervejinha que o pai ou mãe compraram para os 'filhotes', pra quê? E as roupas sujas (muitas por sinal). Se já foram usadas, mas nem sempre 'transpiradas' podem rolar pelo chão e ficarem entulhadas sob a cama que a 'empregada' (seja ela a própria mãe, ou uma domésitca), vai tirar de lá e por pra lavar.

  • 21.09.2011 17:34 Bosco Carvalho

    Os jovens de hoje não conseguem nem mesmo levantar o prato de onde comeram e levá-lo até à pia da cozinha para serem lavados por outra pessoa. Eles botarem um pouco de detergente na esponja cheia de bactérias? Nem pensar! Fechar a porta do armário de onde tiraram o copo para a cervejinha que o pai ou mãe compraram para os 'filhotes', pra quê? E as roupas sujas (muitas por sinal). Se já foram usadas, mas nem sempre 'transpiradas' podem rolar pelo chão e ficarem entulhadas sob a cama que a 'empregada' (seja ela a própria mãe, ou uma domésitca), vai tirar de lá e por pra lavar. Conversar com alguém fora da faixa etária deles? Só mesmo pra pedir as chaves do carro ou quando muito para pedir um pouco mais de grana... Mas nem tudo está perdido: até mesmo esta aparente apatia é uma forma de experimentarem a própria realidade. Pois enquanto alguém faz o serviço que detestam (ou aparentemente não precisam fazer) eles criam uma realidade que vai afetar seguramente nosso futuro. Se hoje muito do que ocorre em relação ao meio ambiente é fruto das iniciativas do período do 'Flower Power', algo vai crescer do que eles plantam hoje. Talvez sejam grandes dificuldades e problemas sociais, onde o isolamento, a sujeira e a violência irão tomar conta de tudo. Mas pode ser, como na forma do pensar oriental, que o pêndulo se mova para o outro lado e eles passem a fazer exatamente o oposto...

  • 21.09.2011 17:31 Bosco Carvalho

    Os jovens de hoje não conseguem nem mesmo levantar o prato de onde comeram e levá-lo até à pia da cozinha para serem lavados por outra pessoa. Eles botarem um pouco de detergente na esponja cheia de bactérias? Nem pensar! Fechar a porta do armário de onde tiraram o copo para a cervejinha que o pai ou mãe compraram para os 'filhotes', pra quê? E as roupas sujas (muitas por sinal). Se já foram usadas, mas nem sempre 'transpiradas' podem rolar pelo chão e ficarem entulhadas sob a cama que a 'empregada' (seja ela a própria mãe, ou uma domésitca), vai tirar de lá e por pra lavar. Conversar com alguém fora da faixa etária deles? Só mesmo pra pedir as chaves do carro ou quando muito para pedir um pouco mais de grana... Mas nem tudo está perdido: até mesmo esta aparente apatia é uma forma de experimentarem a própria realidade. Pois enquanto alguém faz o serviço que detestam (ou aparentemente não precisam fazer) eles criam uma realidade que vai afetar seguramente nosso futuro. Se hoje muito do que ocorre em relação ao meio ambiente é fruto das iniciativas do período do 'Flower Power', algo vai crescer do que eles plantam hoje. Talvez sejam grandes dificuldades e problemas sociais, onde o isolamento, a sujeira e a violência irão tomar conta de tudo. Mas pode ser, como na forma do pensar oriental, que o pêndulo se mova para o outro lado e eles passem a fazer exatamente o oposto...

  • 21.09.2011 17:30 Bosco Carvalho

    Os jovens de hoje não conseguem nem mesmo levantar o prato de onde comeram e levá-lo até à pia da cozinha para serem lavados por outra pessoa. Eles botarem um pouco de detergente na esponja cheia de bactérias? Nem pensar! Fechar a porta do armário de onde tiraram o copo para a cervejinha que o pai ou mãe compraram para os 'filhotes', pra quê? E as roupas sujas (muitas por sinal). Se já foram usadas, mas nem sempre 'transpiradas' podem rolar pelo chão e ficarem entulhadas sob a cama que a 'empregada' (seja ela a própria mãe, ou uma domésitca), vai tirar de lá e por pra lavar. Conversar com alguém fora da faixa etária deles? Só mesmo pra pedir as chaves do carro ou quando muito para pedir um pouco mais de grana... Mas nem tudo está perdido: até mesmo esta aparente apatia é uma forma de experimentarem a própria realidade. Pois enquanto alguém faz o serviço que detestam (ou aparentemente não precisam fazer) eles criam uma realidade que vai afetar seguramente nosso futuro. Se hoje muito do que ocorre em relação ao meio ambiente é fruto das iniciativas do período do 'Flower Power', algo vai crescer do que eles plantam hoje. Talvez sejam grandes dificuldades e problemas sociais, onde o isolamento, a sujeira e a violência irão tomar conta de tudo. Mas pode ser, como na forma do pensar oriental, que o pêndulo se mova para o outro lado e eles passem a fazer exatamente o oposto...

  • 12.09.2011 19:47 flávia cristina

    Espero mesmo que seu texto não pare por ai, pois os jovens tem que parar de olhar p o próprio umbigo e ver que mais cedo ou mais tarde o que acontece na sociedade em que vive vai atingi-lo de alguma maneira, e de forma negativa, devemos lutar pelos nossos direitos e sermos mais éticos.

  • 09.09.2011 11:04 Melissa

    Disse tudo Pablo! Hehehehe Na sociedade de consumo, ficar na zona de conforto é prioridade...rsrsrs

  • 09.09.2011 09:19 Dimas Junior

    Concordo totalmente com vc , talvez porque somos da mesma geração. Enquanto essa geração, penso eu, (geraçãoY?) acreditam que a vida é sim nas redes sociais, tudo ali é "real" portanto estão agindo. A outra geração geralmente anterior a nossa, vivem no seu mundo arcaico, onde corromper, fraudar, roubar, faz parte da realidade ainda.

  • 08.09.2011 19:35 Ana Carolina Almeida de Castro

    Isso acontece nao só em movimentos políticos, mas também, por exemplo, em movimentos de ajuda social. Participo de um deles há pouco tempo, que ajuda animais abandonados, e a quantidade de gente que "curte" a foto dos bichinhos no Facebook mas JAMAIS deram nem 2 reais, ou nem 2 hrs de um fds pra passear com os bichinhos do abrigo, é enorme. O grupo tem mais de 200 membros, mas ativos, nao passam de 40.. Realmente, a praga do comodismo empaca as boas ideias.

  • 08.09.2011 12:23 Fabricio Cavalcante @fabriciocava

    Concordo. Só não concordo quando você é otimista e diz que nem tudo está perdido. Acho que TUDO está perdido sim. Nossa sociedade está em plena decadencia moral. Nossos jovens e adolescentes não conseguem enxergar um palmo diante do nariz, não se movem de casa nem pra entregar DVD na locadora. É um completo abismo do que ocorre por exemplo no Chile, onde jovens são reprimidos pela polícia e no outro dia estão lá novamente, reinvidicando melhorias em tudo. Por aqui, infelizmente, vejo todo mundo sem rumo, sem querer exigir, sem gosto e bom gosto! Infelismente. Gostaria de estar errado em tudo que escrevi.

  • 08.09.2011 11:07 francine

    Parabéns! Concordo plenamente! Outros revolucionários de *fachada e pijama* são os covardes professores mineiros , que não entraram na greve e ficam esperando que outros se sacrifiquem por eles.

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