São Paulo - Não existe mágica em economia. Os fundamentos caminham para ser positivos de forma lenta e gradual, mas há alguns cuidados que se pode adotar. O mais importante e que mexe com a confiança de todos são as falas do presidente. Seria providencial uma mudança de atitude do presidente em relação a essas declarações embaraçosas e polêmicas, algumas inclusive escatológicas e absurdamente desnecessárias. Depois, os próprios fatos se encarregariam de dar um novo rumo para as coisas. Como sou um otimista de primeira hora, ainda tenho esperança de que tenhamos um segundo semestre bem melhor e embicando para um 2020 ascendente em termos de desempenho econômico.
O que me faz acreditar nessa teoria são vários fatores. Primeiro de tudo a aprovação da Reforma da Previdência. Está tudo certo para que isso ocorra. Mais que um desejo do governo, passou a ser um desejo do povo, as pessoas se deram conta dessa necessidade e o Congresso está atuando para isso. Depois tem essa medida da liberdade econômica, com um conjunto de propostas para destravar a economia, para todos os níveis e que pode ajudar muito. Há também a reforma tributária. Essa levará mais tempo e as discussões serão ainda mais acirradas, mas há igualmente o consenso de que algo precisa ser feito.
No mais, há coisas acontecendo, uma agenda que começa em setembro a criação da Semana do Brasil, uma promoção que envolveria comércio, indústria, bancos e o governo. Como se fosse uma semana de promoção, com preços e condições de compra mais favoráveis a todos. Isso deve alavancar um pouco o comércio a partir dos recursos que começam a ser pagos do FGTS. Há também a primeira metade do 13º dos aposentados sendo liberada agora em agosto. Na sequência vem a Black Friday, em novembro, e o Natal, melhor data para o comércio todos os anos. Há ainda pagamentos de abonos do PIS-Pasep e, também, a entrada do 13º para todos os empregados a partir de novembro.
Todos esses fatores devem ter impactos sobre as curvas econômicas. Além disso temos o acordo do Mercosul com Europa que deve avançar para o campo prático, há as eleições na Argentina, que devem mexer muito com os ânimos e está muito claro que Maurício Macri, o atual presidente, irá promover liberações para tentar inverter as intenções nas urnas. Tudo isso gera movimentos positivos.
Por fim temos a crise Estados Unidos e China, que nos últimos dias já embicou para uma saída negociada. Uma guerra comercial agora traria enormes prejuízos para os dois lados. Falando em Estados Unidos, também está sendo costurado um acordo entre os norte-americanos e o governo brasileiro. Isso pode dar, em termos de abertura de mercado, um novo fôlego para o Brasil.
Internamente há a questão de que a abertura pode afetar alguns setores. Isso pode ocorrer? Sim, pode, mas devemos levar em conta que ao promover uma abertura maior a produtos estrangeiros o governo força as empresas e buscaram atualizações, a serem mais competitivas. Isso acaba por trazer um efeito positivo também, desde que não haja uma liberação geral e se gere desemprego.
Por falar em emprego, dados mais recentes apontam para a recuperação de postos de trabalho. O índice continua muito alto, na casa dos 12%, mas gradativamente tende a melhorar. Espero que você que está lendo este artigo se deixe também contaminar por esse meu jeito de ver as coisas. É que em economia se vive de ciclos. Se a maioria pensa que pode melhorar cria-se um movimento positivo e para cima. É o chamado círculo virtuoso, no qual uma atividade influencia a outra. Se remarmos na mão contrária estabelecemos o círculo vicioso, que tornará a produzir uma série de fatos negativos em cadeia e haverá a contaminação de todas as áreas, exatamente como temos vivido nos últimos 5 ou 6 anos. A economia é dinâmica e dá todos os sinais de que essa situação está ficando para traz, mas para que isso aconteça é preciso que todos acreditem que é possível melhorar.
