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Eleno Mendonça
Eleno Mendonça

Jornalista, consultor de imagem e diretor da Eastside23 Comunicação Corporativa / elenomendonca@uol.com.br

PARA ENTENDER A ECONOMIA

A democracia exige tolerância

| 30.07.19 - 18:20

São Paulo - Quando alguém assume o poder, no caso a presidência de um país, precisa ter em mente, na minha opinião, que é preciso seguir algumas regras, digamos, básicas. Não é algo imperativo, mas desejável, que os comportamentos sejam reavaliados. Um presidente da República não pode falar o que pensa, ainda que lá no fundo se sinta com desejo de assim se expressar. Já na vida comum, de todos nós, muitas vezes nos indignamos com algumas coisas, ficamos chateados com outras, mas nem por isso saímos expressando de forma imediata esses sentimentos. Quando se passa a ter sob os ombros responsabilidades maiores, esse tipo de cuidado deve ser redobrado.
 
Nos últimos dias assistimos a um festival de falas desastradas do presidente Bolsonaro. Todas absolutamente dispensáveis e que se não fossem ditas ajudariam bastante na composição de sua imagem. Falou mal de jornalista, arrumou encrenca com a OAB, acirrou ânimos no Congresso e fora dele, entre políticos e intelectuais. Com qual propósito? Há quem avalie que ele pretende aproveitar o vácuo do Parlamento em férias para melhorar a popularidade entre aqueles que votaram nele, outro dizem que está fazendo isso para tirar a atenção dos índices ruins da economia. De verdade, não concordo com nenhuma das avaliações. Acho que ele faz isso por absoluto instinto. Por isso está totalmente errado.
 
Quando se assume um cargo como o dele é preciso que haja a conscientização de que uma série de comportamentos precisam ser mais reservados. Um presidente não pode fazer o que quer nem dizer o que bem entende. Até pode, mas certamente arrumará encrencas gratuitas e atuará o tempo todo na faixa do politicamente incorreto. Para quê atacar alguém apenas porque a pessoa discorda de sua forma de fazer política e governar? Só tem a perder com isso. Perde Bolsonaro, perde a democracia. Mas a democracia está tranquila, assegurada, dirão muitos. Sim, mas não basta isso. Ela não pode viver sob solavancos e ameaças.
 
Viver em sociedade requer esse tipo de traquejo. Não posso por exemplo sair por aí ofendendo as pessoas que me desagradam, nem ameaçando outras que façam coisas que eu não gosto. É preciso ter tato e sensibilidade para se expressar. Olhando de fora para dentro. O que dirá um investidor que se informa sobre o Brasil e lê as coisas que o presidente fala nas manchetes dos jornais? Dirá que isso aqui é uma bagunça, que as pessoas não se respeitam, que não há liberdade de expressão nem democracia. Isso não contribui em nada para a melhoria das coisas, nem no campo econômico nem político.
 
Quando o governo comete esses erros afeta as futuras votações no Congresso, prejudica seu desempenho em pesquisas de popularidade, promove ações contra si mesmo. Não seria mais interessante agir como estadista, ainda que não o seja, mas tentar agir assim? O Brasil só teria a ganhar. Mas o que temos visto é exatamente o oposto do que gostaríamos. Governar, senhor presidente, requer paciência, convivência com as diferenças, diálogo com opositores, tolerância com os contrários. Isso é a beleza da democracia, a coexistência de pessoas que pensam de forma diferente num mesmo ambiente. Se é para todos terem o mesmo ponto de vista, ainda que de forma imposta, deixamos de ser democracia. E esse jogo, sinceramente, não convém a essa altura do campeonato.
 
 

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