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Declieux Crispim
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Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

CINE QUA NON

O Sétimo Selo

| 23.07.18 - 14:16 O Sétimo Selo (Foto: Divulgação)
Quando se trata de Ingmar Bergman, qualquer superlativo é válido e plenamente justificável dada a espessura com a qual sua obra foi erigida ao longo de quase 6 décadas, consagrando-o como um mestre inequívoco no tocante a esmiuçar a alma humana com uma habilidade estimulante e de uma força impressionante. Recentemente, foi comemorado o centenário desta figura icônica pertencente a um seleto time de gênios composto, dentre outros, por diretores do quilate de John Ford, Kenji Mizoguchi, Alfred Hitchcock, Jean Renoir, Fritz Lang, Luchino Visconti, Manoel de Oliveira, Carl Dreyer (este com forte influência sobre sua filmografia)...
 
O Sétimo Selo (1957), uma de suas mais contundentes e célebres obras-primas, versa sobre um assunto marcante em sua filmografia, a finitude da vida diante da morte inexorável. No mesmo ano, Bergman realizaria ainda outro grande filme: Morangos Silvestres. Retornando a sua emblemática película na qual a morte convida Antonius Block, após seu retorno do período das cruzadas, a uma partida de xadrez. O personagem principal interpretado magistralmente por Max von Sydow, ávido pelo desejo de conhecimento e por uma busca incessante por descobrir o sentido da vida.
 
Em seu retorno, Block encontra sua vila devastada pela peste negra e pela ameaça da inquisição. Sua fé em Deus devido à dureza imposta pelas condições faz com que sua fé seja abalada, e as reflexões vêm à tona e permanece durante toda a projeção. De uma visceralidade retumbante permeada por uma atmosfera soturna, a obra em questão parece não haver qualquer traço de esperança ante à miséria humana. Em um momento em que seus pensamentos preenchem o ecrã o personagem brada: “Eu quero conhecimento. Não crença. Não suposições. Mas conhecimento. Eu quero que Deus ponha sua mão... mostre seu rosto, fale comigo.”
 
Uma mescla realizada de modo soberbo envolvendo elementos cinematográficos desde uma brilhante encenação, um roteiro exemplar e uma fotografia belíssima em branco e preto realçando o caráter soturno e reflexivo em que a película está envolvida. O remédio encontrado para aplacar as agruras perpetradas pela vida na película pode ser interpretada pelo casal de artistas que promove momentos de pequenos prazeres e rara felicidade. A redenção humana pela arte é a definição que está no cerne da película. Ao final, a morte varre quase todos os personagens, em uma passagem magnífica e inesquecível, mas poupa os artistas, o que alça a arte a uma perenidade sem fim.
 

Comentários

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  • 24.07.2018 11:59 Marlon Giorgio

    Achei que foi pouco... Sabor de "quero mais" me vem à boca. Meu ídolo se eclipsou ou, então, a continuação está noutro lugar. Será ? Não encontrei. Mas AMEI, pode crer, adoro seus textos ! Abração !

  • 23.07.2018 21:51 Flávia

    Texto belíssimo!!!! Leitura maravilhosa!!! Ingmar Bergman foi muito importante para a história do cinema!! Parabéns, Declieux Crispim!

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