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Em um ano, Goiás tem mais de 2 mil novos casos de câncer de próstata

Estimativa é do Inca | 17.11.21 - 07:00 Em um ano, Goiás tem mais de 2 mil novos casos de câncer de próstata (Foto: Arquivo Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Carla Lacerda
 
Goiânia – Goiás tem estimativa de 2.240 novos casos de câncer de próstata em um único ano, segundo o informativo mais recente divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os números são referentes ao ano de 2020 e mostram, ainda, que no ranking das unidades federativas, o território goiano ocupa a 9ª posição. Puxam essa tabela, no topo, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, respectivamente com 13.650, 6.440 e 6.420 novos registros.
 
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Entre os fatores de risco estão a idade, histórico na família, sobrepeso e obesidade (veja tabela abaixo). Também de acordo com o Inca, que trabalha com dados consolidados, a estimativa da neoplasia para o País, ano de 2020, era de mais de 65 mil novos casos.

O mês de novembro é destinado à conscientização sobre esse tipo de tumor maligno pelo menos desde 2003. A campanha começou na Austrália e, em 2011, passou a fazer parte da mobilização nacional, com apoio de entidades como a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e o próprio Ministério da Saúde (MS). E exatamente hoje, 17 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata.

Chefe do Serviço de Urulogia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Márcio Rodrigues Costa destaca que estudos científicos têm consolidado, cada vez mais, a relação entre o câncer de próstata e os maus hábitos alimentares. "Homens que comem muita gordura, carne e derivados da carne têm mais chance de desenvolver a doença", informa.
 
Márcio Rodrigues é chefe do Serviço de Urologia do HC (Foto: Divulgação)
 
Ele cita, por exemplo, a prevalência de casos entre os norte-americanos: um a cada oito homens dos Estados Unidos vai desenvolver, ao longo da vida, a doença. Para comparativo, no Japão, onde a alimentação com peixes é muito mais comum, essa proporção é 20 vezes menor, um a cada 120. 
 
(Fonte: Ministério da Saúde)
 
O impacto da pandemia
Para a campanha deste ano, a SBU tem alertado para a queda significativa de cirurgias realizadas para a retirada da próstata por câncer: a redução é de 21,5% quando comparado com 2019 e 2020. 
 
O número de consultas urológicas no Sistema Único de Saúde (SUS) também caiu, 33,5%. A coleta de PSA (o Antígeno Prostático Específico, da sigla em inglês de Prostate-Specific Antigens) de biópsia da próstata, que, junto com o exame de toque retal, diagnosticam a doença, teve  queda na ordem de 27%2 e 21%2, respectivamente. Já as internações de pacientes com o diagnóstico recuaram 15,7%. As informações são do MS e foram obtidas pela SBU.

"Infelizmente, em razão da pandemia, a previsão agora é que recebamos diagnósticos mais tardios e com quadros graves", aponta o urologista Márcio Rodrigues. 
 
Profissões como fator de risco
O Inca divulgou, este ano, um informativo que relaciona o câncer de próstata a algumas ocupações e atividades econômicas. Na lista aparecem as indústrias de eletrônicos e PVC, aplicadores de agrotóxicos e bombeiros. 

O estudo também elencou os principais cancerígenos no trabalho: arsênio, malation (agrotóxico inseticida), cádmio, radiação ionizante (x e gama), elemento radioativo (tório 232) e trabalho noturno. 


Mortalidade
Em Goiás, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), o número de óbitos por câncer de próstata foi de 5.070 nos últimos dez anos. Desse total, 4.840, o que representa 95%, são de homens a partir de 60 anos. 

O Atlas de Mortalidade por Câncer, do Inca, traz como mais recente o número de 15.983 óbitos, em todo o Brasil, em função da neoplasia localizada na próstata. 

Prevenção
De acordo com Márcio Rodrigues, a partir dos 45 anos o homem que tem na família casos de parentes de 1o grau com câncer de próstata deve procurar o urologista, para uma avaliação inicial. Para os demais, essa faixa etária é ampliada para os 50 anos.  

Depois da primeira avaliação, os exames (de toque e de sangue) devem ser repetidos anualmente. Como é praticamente assintomático, algumas mudanças na saúde devem ser observadas, como orienta o Ministério da Saúde. 
 

(Fonte: Ministério da Saúde)
 
Tratamento
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.

Em Goiás, pelo SUS, os pacientes têm quatro unidades à disposição: os hospitais Araújo Jorge, das Clínicas, e Estadual Alberto Rassi (HGG), além da Santa Casa de Misericórdia. 

Saiba mais
A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão pequeno, tem a forma de maçã, se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso), e produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual. 
 

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