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Pandemia

Sequelas da covid-19 vão além do corpo físico: também são psicológicas

Pesquisadores investigam efeitos da doença | 08.06.21 - 09:44 Sequelas da covid-19 vão além do corpo físico: também são psicológicas (Foto: divulgação)
A Redação

Goiânia -
É possível dizer que existe a humanidade antes da covid-19 e uma após o surto da doença que já matou mais de 3,4 milhões de pessoas em todo mundo. Apenas no Brasil, a pandemia já vitimou quase 500 mil pessoas. São números altíssimos, que mostram o poder de um vírus que segue causando estragos, sobretudo nos países nos quais a vacinação está lenta e as medidas de restrição sanitárias não são respeitadas pelo poder público e por parte da população.
 
Atualmente, pesquisadores estão debruçados nas sequelas da covid-19. Já se sabe que a doença pode afetar gravemente as vias respiratórias, ainda que o enfermo consiga se recuperar totalmente da doença. Há relatos de pessoas que demoraram meses para voltar a sentir o cheiro dos alimentos e fragrâncias, por exemplo. Outras relatam, segundo o Jornal365, que o apetite nunca mais foi o mesmo e que os alimentos perderam o gosto. Há ainda quem tenha percebido um cansaço extremo em tarefas do cotidiano, como carregar as compras ou subir uma escada.
 
Agora, o temor está na maneira como a covid-19 pode afetar também o sistema psicológico. As sequelas emocionais decorrentes do vírus podem ser definidas como um sintoma abstrato, contendo características físicas e com reações adversas e este cenário está cada vez mais presente na rotina de pessoas acometidas pelo vírus. Em um cenário desafiador, essa notícia tem preocupado especialistas de todo mundo.
 
Um estudo feito por especialistas do Hospital San Raffaele, em Milão (Itália), aponta que 55% dos 402 pacientes monitorados após contraírem o vírus desenvolveram ao menos um transtorno psiquiátrico. Os resultados foram obtidos por meio de entrevistas e questionários monitorados pelos pesquisadores. Os resultados mostraram os seguintes transtornos: transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade, além de insônia e sintomas obsessivo-compulsivos.
 
Especialistas acreditam que a pandemia e a pressão causada pelo luto estão afetando o psicológico, isso sem contar os efeitos do próprio vírus no corpo humano. Algumas sensações podem ser transformadas em gatilho gerando o desencadeamento de transtornos psicológicos, como ansiedade, crises de pânico, entre outros, ocasionando desconfortos na rotina de qualquer ser humano.
 
A psicóloga clínica Mariana Jaciele Chaves de Azevedo explica que, embora as sequelas pulmonares em virtude da covid-19 sejam as mais conhecidas e evidenciadas, o estresse pós-traumático, a depressão e a ansiedade também estão inseridas nesse contexto. “A atuação do psicólogo tem sido fundamental neste cenário pós–covid. Quando o indivíduo está numa situação de forte abalo emocional, o organismo reage de maneira drástica, fazendo-o alcançar um elevado grau de ansiedade como necessidade de sobrevivência, se tornando ainda mais vulnerável", afirmou.
 
Ela complementa: "as manifestações de luto também merecem atenção, visto que se tornaram ainda mais difíceis devido à falta dos rituais de despedida, sendo apenas uma rápida partida após um período de dor."
 
Segundo a psicóloga, após a recuperação da doença, é preciso estar atento a qualidade do sono, aos pensamentos negativos e a alimentação adequada, praticando atividades físicas, e tendo uma rotina produtiva. Existem ainda alguns sintomas que se apresentam na parte física, como a aceleração cardíaca, a irritabilidade, o medo excessivo, a sudorese, e tremedeiras.
 
“A melhor coisa que uma pessoa pode fazer após passar por um tratamento da covid-19 é se auto avaliar como estava antes e como está agora, depois de ser acometido pela doença. A partir daí, a pessoa passa a observar qual a sua necessidade. O tratamento psicológico também trabalha na prevenção para que a pessoa não chegue numa situação catastrófica. É preciso estar atento”, reforçou.
 
Não é possível afirmar o período exato de um tratamento psicológico, uma vez que isso varia conforme a resposta de cada indivíduo. “A esperança é fundamental e precisa ser reforçada. Para tanto, é necessário buscar práticas de vida saudável que propiciem qualidade de vida", afirmou a especialista.
 
"Como profissional, desejo que no futuro sejamos uma sociedade mais justa e humana, com responsabilidade social e que os indivíduos tenham condições de se reconstruir e levar sua  vida adiante, assim como ter a capacidade de  ressignificar a dor para que possa alcançar a resiliência”, concluiu a psicóloga.


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