Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Criminalidade

A cada três horas um celular é roubado ou furtado em Goiás

Realidade fomenta demanda por seguro | 29.08.17 - 16:09 A cada três horas um celular é roubado ou furtado em Goiás Simulação (Foto: Kamylla Rodrigues / A Redação)
Kamylla Rodrigues
 
Goiânia - Os smartphones estão nas mãos de mais de 90% dos brasileiros e, de acordo com a 28ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), até o final de 2017 será um aparelho por habitante: 208 milhões.
 
A busca por esses smartphones, que atendem desde as necessidades mais básicas até funções de alta tecnologia, cresce simultaneamente às ocorrências de furtos e roubos. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP), em 2016, foram registrados 27.860 boletins nas duas modalidades de crime no Estado. Isso significa uma ocorrência a cada 3 horas e 10 minutos. Em Goiânia, o número também é expressivo: 8.203 relatos de furto ou roubo, o que corresponde a 22 celulares subtraídos por dia na capital.
 
A estatística mostra ainda que, de janeiro a julho de 2017, os índices continuam crescendo se comparados ao mesmo período de 2016. Goiás registrou 19.428 ocorrências de furto e roubo de celular, 29% maior do que o registrado no mesmo período de 2016, quando foram computados 15.058 crimes. Em Goiânia, o número saltou de 4.506, de janeiro a julho de 2016, para 6.330 no mesmo período deste ano. Um crescimento de 40% nas ocorrências. Isso significa uma média de 30 celulares roubados ou furtados por dia na capital. 
 

(Arte: A Redação / Fonte: SSPAP)
 
De acordo com o capitão da Polícia Militar, Euler Barbosa da Silva Filho, mesmo com o trabalho preventivo da PM e prisões diárias de assaltantes, o crescente surgimento de receptadores fomenta o crime de furto e roubo. “Esse aumento ocorreu em todo o País. A gente percebeu que o mercado legal está muito aquecido, o que faz o mercado ilegal pegar fogo. A receptação é muito alta quando se fala em celular. Os receptadores são lojas de celular, a própria comunidade que quer comprar um smartphone caro por um preço bem abaixo e até os próprios criminosos, que usam esses telefones roubados para a prática de novos crimes. Mesmo assim, a Polícia Militar tem trabalhado duramente contra esses criminosos”, explicou. 
 
A pesquisa da SSPAP apontou que a maioria dos roubos e furtos aconteceram entre 18h e 23h59, em locais de grande aglomeração, como eventos, terminais de ônibus e até dentro do transporte coletivo. A equipe de reportagem fez o trajeto no ônibus do Eixo Anhanguera, do Terminal Praça A ao Terminal Padre Pelágio, em Goiânia, durante o horário citado pela pesquisa como o mais crítico. Durante o caminho, a reportagem escutou vários relatos de violência e até presenciou um assalto sem arma aparente dentro do ônibus. O AR acionou a PM, mas os dois suspeitos desceram em uma plataforma e não foram localizados.
 
A vítima do crime, que preferiu não se identificar, falou da insegurança vivida diariamente em terminais e no transporte público. “Mesmo com os guardas nas plataformas, esses criminosos não se sentem acuados. O veículo começa a andar e eles partem para cima da presa que eles acham mais fácil. Hoje fui eu. Fiquei sem o telefone que eu comprei após passar quase um ano juntando dinheiro. E ele não precisou mostrar arma alguma. Eu não vou pagar para ver”, lamentou.
 
Todo caso de subtração deve ser informado para a Polícia Militar, por meio do 190, e para a Polícia Civil, por meio de Boletim de Ocorrência. O registro pode ser feito on-line em caso de furto. 'Deixar para lá' é um ato errado e estimula a prática criminosa. “É uma atitude péssima em todos os sentidos. Se o crime não for noticiado, o Estado não tem como adivinhar que ocorreu. É extremamente importante que o fato seja noticiado, tanto para planejar uma estratégia individual quanto para estabelecer políticas de combate à criminalidade", reforça o assessor de comunicação da PC, delegado Gylson Ferreira. 
 
Aplicativos
A rede de internet conta com uma infinidade de aplicativos que rastreiam a localização do telefone tanto para Android, quanto para iOS. A recomendação das polícias é acionar uma viatura ou se dirigir até uma delegacia e solicitar ajuda para a recuperação do telefone, caso a vítima consiga o paradeiro do objeto subtraído. Mas isso nem sempre é garantia de recuperação do bem. Foi o caso do contador Felipe Teodoro de Souza, vítima de um assalto em 2016, na porta de um shopping da Capital. Além de levarem o carro de um amigo, dois criminosos pediram o celular do profissional que havia sido comprado no exterior poucos meses antes. 
 

Felipe Teodoro localizou o celular, mas não conseguiu recuperá-lo (Foto: Kamylla Rodrigues / A Redação)
 
"Eu bloqueei o telefone por uma ferramenta no computador e acionei o localizador, que só funciona quando o celular está conectado a uma rede de internet. Dois dias depois chegou o endereço no meu e-mail. Chamei a PM e fomos atrás do celular. Chegando no endereço, ficamos esperando alguma movimentação e até um dos policiais foi até a casa onde o sinal apontava, mas não adiantou. Ninguém apareceu e eu fui embora com o meu prejuízo. Apesar de ter registrado B.O. e informado o endereço do suposto criminoso à PC, meu telefone e o carro do meu amigo nunca foram encontrados", conta Felipe. 
 
Bloqueio 
A SSPAP, em parceria com a Anatel, lançou em maio o ‘Block Call’, um sistema para bloqueio de celulares roubados ou furtados. Após uma ocorrência, a vítima liga para o 190 e informa à corporação o número da linha telefônica usada no celular, além dos dados pessoais. 
 
Um dos grandes diferenciais do sistema é o bloqueio sem a necessidade de se informar o IMEI (International Mobile Equipment Identity, na sigla em inglês), espécie de RG desses celulares, que pode ser consultado por qualquer pessoa. Basta digitar *#06# no telefone que o número aparecerá automaticamente.  
 
Um dos principais objetivos da iniciativa é inibir furtos e roubos de telefones celulares em Goiás, inutilizando o aparelho até para o mercado de peças. Desde sua implantação até este mês, 3.900 bloqueios já foram feitos no Estado, segundo o superintendente de Comando e Controle da SSPAP, o tenente-coronel Francisco Jubé. Após o bloqueio, o celular não terá nenhuma serventia, mesmo se for localizado pelo proprietário posteriormente. 
 
Seguro
Diante do cenário de vulnerabilidade aos riscos, os consumidores estão mirando em seguros de smartphones para fugir do prejuízo e se precaver. As três seguradoras que a equipe de reportagem contatou afirmaram que os números de seguros formalizados em 2016 e em 2017 não poderiam ser divulgados por serem dados estratégicos. Já a seguradora nacional Tokio Marine citou um crescimento de 40% na demanda por esse tipo de serviço no Brasil.
 
Essa porcentagem também é projetada pelo Sindicato dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguros no Estado de Goias (Sincor-GO), com base nos dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg). Segundo pesquisa da entidade, em 2016 foram formalizados 2,5 milhões de seguros para smartphone em todo o Brasil. O Centro-Oeste ficou com a fatia de 277 mil apólices.
 
“A projeção é para fechar 2017 com um crescimento de 40%. Atribuímos esse percentual ao aumento dos índices de criminalidade e ao mercado muito aquecido. Atualmente até crianças já possuem smartphones. Outro fator é o valor elevado desses aparelhos, que se tornaram sonhos de consumo para muita gente. Para esse consumidor, investir um valor tão alto sem se precaver é um risco que ele não quer correr”, ressalta o vice-presidente Social e de Benefícios do Sincor Goiás, Deivid Pereira.
 

Deivid Pereira projeta um crescimento de 40% na demanda por seguro de smartphone
 
Foi com esse pensamento que o professor João Batista contratou um seguro para o smartphone em 2016. Ele conta que, na época, pagou cerca de R$ 800 no celular e R$ 240 na contratação da apólice que cobria furto, roubo e danos acidentais. O seguro foi feito em uma loja de eletrodomésticos de Goiânia que tem representante da Seguradora Assurant Solutions. Pouco depois de três meses de uso, João foi assaltado na rua de casa.
 
“Era por volta de 19h, quando fui abordado por três pessoas armadas que chegaram em um carro. Levaram minha mochila, carteira e o celular, que estava no bolso”, afirma. No dia seguinte, João foi até a loja onde havia comprado o telefone e foi instruído a buscar o ressarcimento via telefone com a empresa, que tem sede em São Paulo. “Tive que juntar algumas documentações, como Boletim de Ocorrência, nota fiscal, entre outros, e mandar por e-mail. Foram 40 dias até eu receber o valor segurado como crédito para uma nova compra”, conta.
 

Professor João Batista foi ressarcido após ser vítima de assalto (Foto: Kamylla Rodrigues / A Redação)
 
Para ele, valeu a pena o investimento no seguro. “Eu paguei uma franquia de pouco mais de R$ 50, mas juntando tudo, peguei um aparelho novo por menos de 50% do valor de loja. E ainda fiz a renovação da apólice. Não fico sem seguro, porque a gente nunca sabe quando será vítima e ficar sem celular é um transtorno para quem o utiliza como ferramenta de trabalho”, complementa. 
 
Custo e cobertura de um seguro
Existem vários tipos de planos que oferecem seguro contra roubo e furto qualificado, danos físicos acidentais, elétricos e por água. Cada seguradora estabelece o tipo de cobertura, valor de franquia, tempo de carência, condições de contratação e o custo, que varia entre 5% e 40% do valor do aparelho. 
 
Em uma simulação on-line com a empresa Porto Seguro, o seguro de um celular da marca Samsung, de valor de compra de R$ 2 mil, inicia em R$ 600 para coberturas simples e chega a R$ 800 com todas as coberturas e uma garantia internacional. 
 
“O período de um seguro de smartphone é, geralmente, de um ano. Durante o prazo, o segurado fica resguardado de prejuízos provocados por um crime ou por um acidente, como quebra, incêndio, queda em líquido, entre outros. Cada empresa estabelece o tipo de situação que cabe o ressarcimento, por isso o interessado na contratação desse tipo de seguro deve ficar atento à descrição da apólice”, explica o diretor comercial da NTI corretora de seguros, Silvio Roberto Rodrigues. 
 

Corretor Silvio alerta para as coberturas descritas na apólice (Foto: Kamylla Rodrigues / A Redação)
 
Ele afirma que muitas empresas não cobrem furto simples, já que nesses casos não há como comprovar que houve o crime. “Se a vítima não sabe onde, nem como perdeu o aparelho, a seguradora fica impossibilitada de fazer a indenização. É necessário que se tenha algum vestígio”, disse. 
 
Entenda a diferença:
 
Roubo: Quando a pessoa sofre ameaça física ou verbal ou é feito o uso de força bruta. Exemplo: assalto com uma faca, canivete ou arma.
 
Furto qualificado: É identificado quando a pessoa não sofre ameaça e só percebe quando se depara com os vestígios do crime.
 
Furto simples, perda, esquecimento, simples desaparecimento do bem: é quando o consumidor não consegue definir com precisão quem, quando, como se deu o fato e tampouco se encontra sinais de rompimento de barreiras, diferentemente do furto qualificado. 
 
Como adquirir um seguro
Atualmente, várias empresas possuem sites oficiais com corretores de plantão para fazer simulação e auxiliar na contratação do serviço, sem a necessidade de o interessado ir até uma loja física. Outras seguradoras, que existem apenas na internet, também formalizam a compra do seguro. Até lojas varejistas e empresas de telefonia que fazem convênios com seguradoras também podem vender apólices no interior do estabelecimento. Mas em qualquer situação, é necessário obter o máximo de informações para não ter dor de cabeça após um sinistro. 
 
“Quando se faz um seguro de qualquer tipo é imprescindível que o contratante leia todas as informações da apólice e, como na maioria dos casos esse documento chega após a contratação, pode ser que algo desagrade o interessado. Por isso, ter um corretor habilitado para auxiliar, tirar dúvidas e esclarecer todos os pontos é importantíssimo. Tanto é que o corretor é o único profissional legalmente autorizado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para a comercialização de seguros”, alerta o corretor Silvio Roberto. 
 
 

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351