Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Presidência

Em posse, Joaquim Barbosa critica desigualdade de acesso à Justiça

Ministro é o primeiro negro a presidir a Corte | 22.11.12 - 10:54 Em posse, Joaquim Barbosa critica desigualdade de acesso à Justiça Presidente do Brasil Dilma Rousseff acompanha ministro Joaquim Barbosa durante a posse no STF, em Brasília (DF) (Foto: CADU GOMES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
A Redação 
Atualizado às 18h40

Brasília – O ministro Joaquim Barbosa, que tomou posse nesta quinta-feira (22/11) como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou o momento para criticar a desigualdade de acesso à Justiça e a subordinação que os juízes precisam se submeter para ascender profissionalmente.

“Há um grande déficit de Justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando buscam a Justiça. Ao invés de se conferir a restauração de seus direitos o mesmo tratamento dado a poucos, o que se vê aqui e acolá - nem sempre, é claro, mas às vezes sim - é o tratamento privilegiado, o bypass. A preferência desprovida de qualquer fundamentação racional,” disse em discurso.

"Sem firulas"
Para o ministro, o Judiciário deve ser “sem firulas, sem floreios, sem rapapés” e deve se esforçar para dar resposta célere à sociedade, com duração razoável do processo. Segundo Barbosa, a lentidão processual pode produzir um “espantalho capaz de espantar investimentos produtivos de que tanto necessita a economia nacional.”

“De nada valem as edificações suntuosas, os sistemas de comunicação e informação, se naquilo que é essencial a Justiça falha porque é prestada tardiamente e porque presta um serviço que não é imediatamente fruível”, argumentou Barbosa.

Na última parte do discurso, Barbosa reforçou a independência do juiz e a necessidade de afastá-lo da má influência para a ascensão profissional. “Nada justifica a pouco edificante busca de apoio para uma singela promoção de juiz de primeiro grau. Ele deve saber quais são suas perspectivas de promoção e não tentar obter pela aproximação do poder político dominante no momento”, disse o ministro, que foi muito aplaudido.

Barbosa finalizou agradecendo a presença de seus parentes e amigos estrangeiros que vieram ao país especialmente para prestigiar a posse. (Agência Brasil)
 

Ao centro, a mãe do ministro Joaquim Barbosa, Benedita da Silva
(Foto: CADU GOMES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

 
Marco
A posse de Barbosa é um marco histórico para o Brasil. O ministro ganhou notoriedade como relator do julgamento do Mensalão. Nas redes sociais, é ovacionado como herói brasileiro. Joaquim é o primeiro negro a assumir a presidência do Supremo.

Natural de Paracatu, noroeste de Minas Gerais, filho de faixineira e de pedreiro foi sozinho para Brasília aos 16 anos. Arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.
 
Prestou concurso público para procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993.
 
Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi visiting scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade daCalifórnia Los Angeles School of Law (2002 a 2003).

Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade.
 
Principais posições 
Joaquim Barbosa é o único ministro abertamente favorável àlegalização do aborto; é contra o poder do Ministério Público de arquivar inquéritos administrativamente, ou de presidir inquéritos policiais. Defende que se transfira a competência para julgar processos sobre trabalho escravo para a Justiça federal.
 
Defende a tese de que despachar com advogados deva ser uma exceção, e nunca uma rotina, para os ministros do Supremo. Restringe ao máximo seu atendimento a advogados de partes, por entender que essa liberalidade do juiz não pode favorecer a desigualdade.

Barbosa diz ser, também, contra à suposta prestação preferencial de jurisdição às partes de maior poder aquisitivo (“furar fila”). Esta postura do ministro também tem sido criticada pela OAB, que defende que muitas vezes situações de urgência realmente justificariam a inversão da ordem dos julgamentos.
 
O ministro opõe-se, também, ao foro privilegiado para autoridades. 
 
TSE 
Tomou posse como vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral no dia 6 de maio de 2008, sendo o presidente o Ministro Carlos Ayres Britto.
 
No mais polêmico julgamento desde que tomou posse no tribunal, Joaquim Barbosa votou a favor da tese de que políticos condenados em primeira instância poderiam ter sua candidatura anulada, sendo porém voto vencido nesta questão.
 
Em 17 de novembro de 2009 o ministro Joaquim Barbosa, em virtude de problemas de saúde, anunciou sua renúncia ao Tribunal Superior Eleitoral, do qual seria presidente a partir de abril de 2010.
 
Obras literárias
É autor das obras “La Cour Suprême dans le Système Politique Brésilien”, publicada na França em 1994 pela Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence (LGDJ), na coleção “Bibliothèque Constitutionnelle et de Science Politique”; “Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da Igualdade. O Direito como Instrumento de Transformação Social. A Experiência dos EUA”, publicado pela Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2001; e de inúmeros artigos de doutrina.
 
O ministro é um assíduo conferencista, tanto no Brasil quanto no exterior. Foi bolsista do CNPq (1988-92), da Fundação Ford (1999-2000) e da Fundação Fullbright (2002-2003). 
 
Saúde 
Durante o julgamento do Mensalão, Joaquim Barbosa fez boa parte dos seus votos em pé. O ministro sofre de  sacroileíte,  uma inflamação das articulações sacroilíacas, ou seja, aquelas que conectam a parte inferior da coluna com a pélvis (quadril).
 
Na doença, que pode ter causa inflamatória de origem imunológica, o organismo vai produzindo um anticorpo contra a cartilagem de uma determinada junta. 
 

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
  • 24.11.2012 00:11 deodina olivia leite pereira de oliveira

    a desigualdade foi e é sempre a mola mestra da JUSTIÇA BRASILEIRA, o acesso pior , já que por exemplo recursos aos superiores tribunais é dificílimo de passar pelo crivo , será que este ministro vai analisar este problema e mudar a coisa , ou vai continuar COMO OS OUTROS . até agora o sucesso , ao meu ver , é apenas pela " sua diferença , é negro e foi pobre".

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351