Théo Mariano
Goiânia - A antecipação da segunda dose da
vacina contra a covid-19 da Pfizer, aplicada atualmente com
intervalo de 12 semanas, será discutida em reunião nesta terça-feira (27/7), às 15h, em Brasília, com membros da câmara técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e representantes do Ministério da Saúde. O diálogo definirá se o tempo entre as doses deverá ser diminuído ou não para 21 dias, intervalo recomendado na bula da vacina.
Segundo o vice-presidente do Conass na Região Centro-Oeste e secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, é “grande” a possibilidade de redução do intervalo entre as doses. Mas, conforme destaca, as duas formas de aplicação em debate possuem benefícios e podem ser defendidas. “A decisão dependerá muito da segurança do Ministério da Saúde em ter disponibilidade da vacina”, avalia.
Alexandrino participaria da reunião nesta tarde, mas ontem (26)
testou positivo para a covid-19 e permanecerá isolado em casa durante o período de recuperação. Como explica o titular da Saúde em Goiás, ambas as possibilidades são viáveis porque o intervalo de 12 semanas permite cobertura vacinal maior com primeira dose da Pfizer, que garante cerca de 80% de eficácia na proteção, mas a aplicação das vacinas em 21 dias seria ainda mais eficaz para, sobretudo, conter o avanço da variante Delta no País.
Nesta segunda-feira (26), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que haverá redução do intervalo da aplicação da vacina de três meses para 21 dias. O representante do MS, no entanto, acrescentou que o tema ainda seria discutido com representantes dos Estados e municípios. “Precisa ver qual é o melhor timing disso, mas que vai diminuir, vai”, confirmou à imprensa Rodrigo Cruz.
A preocupação com a variante Delta deve ditar o ritmo da decisão. Conforme
balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda, foram confirmados pelo menos 169 casos da cepa indiana no território brasileiro. Os locais com mais casos registrados são Rio de Janeiro (88) e Distrito Federal (30). Em Goiás, até o momento, existem quatro casos positivos desta variante.
A identificação das cepas presentes em Goiás é feita, de acordo com Ismael Alexandrino, com mapeamento genético do vírus a partir de amostragens específicas. Um número de testes é coletado e enviado para laboratórios de análise, em diversas parcerias com, por exemplo, Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e a rede de saúde integrada Dasa. Após a análise, se conclui sobre a existência do vírus na região.
A superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, disse em
entrevista ao jornal A Redação que 99% dos casos presentes no território goiano são da variante Gama, registrada pela primeira vez em Manaus e também conhecida como P.1. Na ocasião, Flúvia comentava sobre a recente alta na taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 no Estado e atribuiu o crescimento, principalmente, ao comportamento da população.
Para Ismael Alexandrino, a subida no número de leitos ocupados “não é motivo para pânico”, pois a vacinação está “avançando bem, apesar de algumas pessoas não terem retornado para tomar a segunda dose”. Ainda assim, o secretário alerta: “Qualquer subida é motivo de cautela. Jamais devemos banalizar a doença.”