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MODA INCLUSIVA

Pessoas com nanismo revelam as dificuldades de um guarda-roupas

Peças precisam ser sob medida | 22.03.21 - 10:57 Pessoas com nanismo revelam as dificuldades de um guarda-roupas (FOTO: DIVULGAÇÃO)
 
A Redação
 
Goiânia - Nos primeiros meses de vida, a golinha da blusa ou do body não passa pela cabeça. Para os meninos, as bermudas se ajustam na cintura, mas ficam compridas demais. Para as meninas, as roupinhas de tecido são um desafio e vão sendo deixadas de lado. A idade das roupas não acompanha a idade das crianças e é na adolescência que o desafio se amplia. Um mercado, ainda tímido, tenta suprir as demandas dos adultos que possuem nanismo no Brasil. Para muitos, a moda sob medida ou os ajustes periódicos transformam as costureiras em amigas.
 
A nutricionista Ana Paula Cazarré, de 29 anos, é natural da Argentina, mas mora no Brasil há 7 anos. Atualmente, a mãe do Cauê, de apenas 5 meses, reside em São José (SC) e conta que começou a passar pelos primeiros desafios de vestir o filho. Calças e camisetas ficam sempre muito compridas e as roupas com menos elasticidade não passam pela cabeça ou apertam nos punhos. “Outro dia, tentei vestir uma gola polo e travou no nariz do meu filho. Dias depois meu marido conseguiu vestir uma, mas a princípio tinha pensado em nunca mais colocar gola polo nele. Percebemos, por exemplo, que precisam ter três ou quatro botões ao invés de dois”, pontua.
 
Giovanna Taglialegna, de 23 anos, é estudante de engenharia da computação e possui nanismo diastrófico. Moradora de Areado, no Sul de Minas, conta que na infância o processo de comprar roupas era mais fácil. “Personalidade e gostos vão mudando e a gente não quer mais ficar usando roupa de criança. Acho que para mim e para a maioria das mulheres com nanismo, calça é um grande problema. Temos o quadril maior e aí não conseguimos comprar roupa de criança. Geralmente compro tamanho 40, 42 e preciso cortar a metade”, explica.
 
A estudante também fala de peças específicas, como vestidos, macacões e, ainda, lingeries e biquínis. “Biquíni, lingerie, é difícil de achar. Tenho pouco busto e muito quadril, então muitas vezes preciso mandar fazer sob medida. Às vezes tenho vontade de comprar um macacão ou um vestido mais adulto, sem estampa infantil e é mais difícil de achar. As blusas são mais fáceis, gosto mais largas então esse acaba não sendo um problema”, acrescenta Giovanna.
 
Criatividade
Josi Zurdo, de 33 anos, é formada em design gráfico e fundadora de uma marca de roupas que nasceu em outubro de 2020, no meio da pandemia. Exclusiva para quem tem acondroplasia, veste homens e mulheres e teve modelagem desenvolvida de forma específica. Com 1,48m de altura, ela conta que sempre teve dificuldade para comprar roupas que não precisassem de ajuste. Assim, depois de 8 anos trabalhando em um mundo corporativo com Recursos Humanos e Marketing, foi desligada de uma empresa e decidiu empreender por conta própria.
 
A primeira ideia foi criar uma marca para ajudar as baixinhas. Consultou um velho amigo, Fernando Vigui, presidente da Associação Nanismo Brasil, para questionar como era o processo de compra de roupas para pessoas com nanismo. Dessa conversa surgiu um convite para participar do 1º Encontro Nanismo Brasil, em outubro de 2019. A coleção foi replicada para mulheres com nanismo e houve um desfile.
 
Foi a partir daí que Josi começou a atender fazendo roupas sob medida, e conheceu diversas mulheres e suas medidas. “Com o passar do tempo fui percebendo a necessidade de um olhar específico, uma modelagem diferenciada para atender as pessoas com Nanismo e, somado à procura dos homens que também queriam roupas, decidi que faria uma marca específica. Iniciamos um estudo com homens e mulheres para criação de uma tabela de medidas (P, M e G)”, explica.
 
“As proporções dos corpos são diferentes e foi preciso entender a anatomia para construção dos moldes.  Nossa missão é contribuir para além das roupas. Queremos mostrar para outras marcas que existe esse público e que todos ganham com a inclusão. Queremos levar autoestima e autonomia para as Pessoas com Nanismo, mostrar que elas têm espaço na sociedade e que não há mais espaço para capacitismo”, finaliza.

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