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Elenco durante ensaio (foto: Wéber Félix)A Redação
Goiânia – A ópera Orfeu e Eurídice estreia no palco do Teatro Basileu França no dia 3 de outubro, com reapresentação nos dias 4 e 5, com a participação de cinco solistas e 28 coristas do Ópera Estúdio Basileu França, 55 instrumentistas da Orquestra Sinfônica Juvenil Pedro Ludovico Teixeira e de 15 bailarinos da Cia Jovem Basileu França. A direção artística da ópera é assinada pelo professor Eduardo Machado, que é, também, diretor musical, juntamente com o professor Jackson Guedes. A entrada custa R$ 40 + 4 da plataforma Sympla.
“Christoph W. Gluck, que viveu de 1714 a 1787, foi um dos mais importantes compositores de seu tempo. Pode ser considerado o grande reformador da ópera clássica por equilibrar a importância da música e da ação dramática, e sua ópera Orfeu e Eurídice é a obra mais representativa dessa tendência”, avalia Eduardo Machado.
O maestro da Orquestra Pero Ludovico, Erick Félix, diz que a ópera é uma forma complexa e exigente de arte teatral, que combina música e drama de forma integral, exigindo que o maestro e o grupo orquestral se adequem à atmosfera da obra e possuam grande resistência física para longas performances. “A coesão e a expressão artística da produção dependem dos solistas, coristas e bailarinos, mas também dos músicos da orquestra, para que tudo saia de uma forma harmoniosa”, analisa.
A coordenadora de Dança da EFG Basileu França e diretora artística da Cia Jovem, Simone Malta, comenta que a dança terá um papel essencial na construção cênica, somando-se à música e ao canto para dar vida à narrativa. “A concepção foi pensada de maneira integrada: a dança não aparece como um número à parte, mas como parte fundamental da dramaturgia da ópera, acompanhando e ampliando o discurso artístico”, ressalta.
Rafaela Duria, mezzo soprano, bacharel em Música, com habilitação em Canto Lírico, pela Unicamp e aluna de mestrado em Música pela mesma instituição, vai interpretar Orfeu nos dias 3 e 5 de outubro. Ela comenta que é a primeira vez que interpreta um papel travestido, o que a levou a uma experiência de pesquisa e de incorporação do personagem totalmente nova. “O corpo dele, o jeito dele andar, os acentos das frases, toda a postura dele no palco é diferente. A minha pesquisa do personagem partiu do arquétipo de herói da mitologia clássica que caracteriza Orfeu, a partir dessa visão de homem ideal clássico, porque além de herói, ele é um poeta, um artista capaz de aplacar a fúria das sombras do inferno com seu canto e sua lira”, reflete.
O diretor artístico da ópera explica que o papel de Orfeu pode ser vivido por uma mulher porque o personagem foi construído, inicialmente, para cantores que eram castrados, prática que visava manter as características vocais femininas nos homens, com voz de soprano, necessária para os coros de igrejas e, posteriormente, para a ópera, já que mulheres não podiam atuar nos palcos religiosos e, mais tarde, nos teatros. Tal costume se manteve do século 5 ao século XIX, quando foi proibido por Napoleão Bonaparte.
O barítono Vítor Monte, formado em Canto Lírico pela UFG e também integrante do Ópera Estúdio Basileu França, encarna Orfeu na apresentação do dia 4 de outubro, personagem que ele considera o maior desafio de sua carreira. “É um desafio interpretar o personagem, já que ele passa muito tempo no palco e isso é exaustivo tanto fisicamente quanto vocalmente. Outro grande desafio tem sido o de expressar a carga emocional, porque é um personagem que passa por uma dor intensa, e essa paleta de emoções é muito diferente do que eu estou habituado a corporificar no palco”, relata. Ele diz ainda que já viu outras montagens de Orfeu e Eurídice, e que está montagem feita por Eduardo Machado e pelo maestro Jackson Guedes é completamente nova e revolucionária.
A soprano Karina de Sousa dá vida a Eurídice, a ninfa adorada de Orfeu. Ela integra o Coro Sinfônico Jovem de Goiás, é aluna do curso de qualificação em Teatro e Ópera Estúdio Basileu França e há 13 anos concilia sua carreira artística como cantora e professora de canto com a de fonoaudióloga. “Fazer a protagonista da ópera é parte da realização de um sonho, e o sonho é de estar no palco, viver para estar nele e dele tirar forças para viver. Então, estou me dedicando há alguns meses ao estudo do personagem, me aprofundando em sua complexidade musical e histórica. Apesar das dificuldades, a satisfação e plenitude preenchem meus dias”, complementa.
Mitologia grega
A Ópera Orfeu e Eurídice foi escrita originalmente em 1762 e apresentada em Viena, cantada em italiano, em três atos, com o libreto escrito por Ranieri de Calzabagi. A ópera resgata a história que faz parte da mitologia grega, tendo sido narrada no livro IV, de Geórgicas de Virgílio. O enredo gira em torno da trágica morte da ninfa Eurídice, picada por uma cobra, e de seu marido Orfeu, filho dos deuses Apolo e Calíope, conhecido pela sua habilidade de encantar tocando lira.
Compadecido pelos profundos lamentos de Orfeu, o Deus do Amor permite que ele vá ao submundo para resgatar Eurídice, mas impõe a condição de que não olhe para ela até que façam a travessia do rio Estige. Ao entrar no submundo, Orfeu acalma as Fúrias com sua música que aos poucos se comovem com a doçura do seu canto.
Para saber o final desta história, é preciso ir ao Teatro Escola Basileu França acompanhar essa montagem épica. Nos dias 3 e 4 de outubro, a ópera começa às 20h e no dia 5 às 19h.