José Abrão
Goiânia – A cantora britânica Amy Winehouse foi um dos maiores fenômenos musicais dos anos 2000. Seu segundo álbum, Back to Black (2007), marcou época e a consagrou como um dos grandes nomes da música mundial. A artista fez história ao vencer cinco prêmios Grammy, tornando-se, até então, a primeira britânica a conquistar tantos troféus no mesmo ano. No entanto, um terceiro disco nunca veio: vítima do próprio sucesso, fragilizada pela pressão da fama e lutando contra o vício em drogas, Amy morreu em 2011, aos 27 anos.
Seu legado, porém, perdura, e a artista se mantém influente e popular em diversos círculos. De lá para cá, ela vendeu mais de 40 milhões de discos. Quem agora honra essa obra é a cantora paulista Fernanda Lira, que traz ao Centro Cultural Martim Cererê, em Goiânia, o show Remembering Amy – Fernanda Lira Canta e Conta Amy Winehouse. A apresentação reúne os grandes sucessos da britânica e também revisita sua história e trajetória de vida.
“Sempre achei muito injusto como a mídia retratava ela, né? Ela faleceu com a fama de beberrona, de drogada, sendo que era um período em que ela estava tentando se recuperar. Eu pensei: por que não fazer um projeto em que eu possa mesclar a questão do tributo musicalmente falando, mas também contar um pouco sobre a vida dela, prestar um tributo completo, não só à música dela, mas também à história dela, ao legado dela?”, conta Fernanda Lira. “Então, além dessa parte musical, que é legal, também é divertido fazer essa parte da biografia comentada, para a gente abrir esse debate sobre saúde mental, sobre fama e contar um pouco mais de quem era o ser humano por trás da artista”, completa.
A apresentação em Goiânia acontece em uma edição especial do Cidade Rock neste sábado (22/3), com uma programação inteiramente feminina a partir das 19h. A entrada é gratuita até as 20h mediante a doação de 1 kg de alimento. Após esse horário, o valor é de R$ 30, mais a doação de 1 kg de alimento.
O que pouca gente sabe é que Fernanda é vocalista, baixista e frontwoman da Crypta, uma das mais consagradas bandas de death metal do Brasil, composta inteiramente por mulheres. A ponte entre gêneros tão distintos pode surpreender algumas pessoas, e isso também ajudou a motivar o projeto. “Geralmente tem essa coisa do estereótipo, né? As pessoas acham que quem escuta metal e toca metal é pouco eclético. Só que quem me segue já sabe que eu tenho esse ecletismo, que tenho essa facilidade em ouvir outras coisas”, comenta.
Ela se refere aos seus seguidores no Instagram e foi exatamente por meio da rede social que a ideia do show surgiu. Fernanda ocasionalmente posta vídeos cantando músicas de diferentes estilos, do blues ao pop. “Só que sempre que eu postava Amy Winehouse, as pessoas gostavam muito e falavam: ‘Poxa, você tinha que ter um projeto com esse tipo de voz’. Eu realmente tenho um plano de, daqui a alguns anos, ter um projeto em que eu possa explorar mais esse vocal limpo, né? Porque no death metal eu uso o famoso vocal gutural. É uma ideia a médio prazo, eu não tenho esse tempo agora, mas pensei: ‘Poxa, seria legal fazer algo nesse sentido’.”
Daí o projeto começou a se formar: ambas as artistas são contraltos e então foi feita a busca para montar uma banda de jazz, soul e blues para amparar toda a parte técnica ao redor das músicas da Amy. Foi formada uma equipe de 10 músicos, sendo oito mulheres, e a estreia finalmente ocorreu em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, no Cine Joia, em São Paulo.
“Foi incrível, muito melhor do que eu podia esperar. Obviamente, eu tava super nervosa. Eu não tenho medo de palco com a Crypta, eu nunca tive. Mas é um projeto novo, primeira vez fazendo um show inteiro cantando limpo, é um passo diferente na carreira. Eu não sabia a proporção que seria, é uma casa grande, por que a gente não fez isso em um bar?”. O temor se provou infundado: a casa encheu e não só de fãs da Crypta, mas com muita gente que não conhecia Fernanda. “Achei incrível ter essa variedade de público e depois falei com algumas pessoas e o feedback que eu tive foi muito bom. Todo mundo gostou muito da parte musical, da fidelidade que a gente teve no visual, nos arranjos, na própria voz. Eu fiz o máximo que eu pude”, relata.
E Goiânia acabou privilegiada nessa equação: o segundo show já será o daqui, nesta semana, logo após a estreia do projeto. “A gente vai levar um formato um pouco reduzido para Brasília e para Goiânia, mas vai ficar muito legal do mesmo jeito. A gente quer levar para máximo as cidades possíveis que tiverem interesse”, pontua.
Serviço
Cidade Rock - Especial Mês da Mulher
Data: Sábado, 22 de março
Local: Centro Cultural Martim Cererê (Tv. Bezerra de Menezes, Setor Sul)
Ingressos: Entrada gratuita até 20h (mediante doação de 1 kg de alimento). Após esse horário, R$ 30,00 (mediante doação de 1kg de alimento)
Programação:
23h – Fernanda Lira (SP) Canta e Conta Amy Whinehouse
22h – Fat Drive Factory
21h – Ousel
20h – Banana Bipolar
19h – Abajur Always On
Discotecagem:
20h-22h - Yasmim Lauck