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Herança Africana

Enem 2024 homenageia escritora Carolina Maria de Jesus

Provas trouxeram frases da poetisa | 04.11.24 - 16:40 Enem 2024 homenageia escritora Carolina Maria de Jesus Frases de Carolina Maria de Jesus foram destaque na abertura das provas. (Foto: Agência Brasil)
Luana Avelar
 
Goiânia - O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 destacou a importância da herança africana no Brasil, prestando uma homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus. Conhecida por sua obra “Quarto de Despejo: diário de uma favelada", Carolina abordou em seus escritos temas como miséria, exclusão social e o cotidiano de mães solo em situação e vulnerabilidade.
 
Os cadernos de prova trouxeram frases da autora, cada um com uma citação distinta. O caderno azul exibia: “O arco-íris foge de mim”. No caderno verde, os candidatos encontraram uma reflexão: “Percebi que eu sou poetisa, fiquei triste”. No caderno amarelo uma nostalgia com “Lá no interior eu era mais feliz, tinha paz”, enquanto o caderno branco continha a incisiva afirmação: “Quem inventou a fome são os que comem”. 
 
A autora foi a primeira mulher negra do Brasil a vender mais de um milhão de exemplares. A obra, que narra a vida nas favelas sob um olhar cru e poético, foi um marco ao evidenciar a realidade das populações marginalizadas. Carolina faleceu em 1977 em condições precárias, mas sua obra alcançou reconhecimento internacional, sendo estudada até em escolas dos Estados Unidos. Sua redescoberta nos anos 1990, promovida por pesquisadores como Carlos Sebe Bom Meihy e Robert Levine, trouxe nova visibilidade ao seu legado.
 
Valorização da herança africana no Brasil
Além da homenagem, o tema da redação deste ano, “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, também sublinha a necessidade de discutir a cultura afro-brasileira nas escolas. A coletânea de apoio incluiu textos variados, como um samba-enredo da escola de samba Mangueira e um provérbio africano, reforçando a diversidade cultural.
 
Entretanto, a realidade nas escolas brasileiras ainda apresenta lacunas. Pesquisa do Instituto Alana e do Geledés Instituto da Mulher Negra, publicada em 2022, revelou que 70% das secretarias municipais pouco ou nada fizeram para implementar o ensino da história e cultura afro-brasileira, conforme a Lei 10.639/03. 
 
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