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Othaniel Alcântara
Othaniel Alcântara

Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com

Música Clássica

Os músicos do cinema mudo em Goiás

| 18.08.16 - 19:50
 
A música esteve presente desde a primeira “exibição pública” de filmes, realizada pelos irmãos Lumière, no Grand Café, em Paris, no dia 28/12/1895. A história registra que os franceses Auguste e Louis, naquele dia, iniciaram a projeção de uma série de curtas com o filme La Sortie de l´usine Lumière à Lyon (A saída da fábrica Lumière em Lyon). A história registra, ainda, que essa projeção, feita para 33 pagantes, foi acompanhada por música “ao vivo”; mais especificamente, um(a) pianista realizava improvisações ao piano enquanto observava as imagens na tela. 
 
No “período mudo” do cinema, o acompanhamento musical “ao vivo” tornou-se praxe. Segundo o jornalista brasileiro João Máximo, em A Música do Cinema - os 100 primeiros anos, nos primórdios da indústria cinematográfica, pianistas ou organistas, além dos recursos da improvisação, selecionavam temas de obras conhecidas para esse trabalho. 
 
Cabe dizer que até o surgimento das composições originalmente feitas para o cinema, importantes editoras musicais como, por exemplo, a Carl Fischer, exploraram esse mercado, compilando obras com características apropriadas para as diferentes necessidades das cenas. O catálogo dessa editora oferecia mais de mil trechos musicais para os variados “climas”: perseguições, comédias, desastres, romances etc.
 
Ao longo da década de 1910, grupos maiores foram sendo formados para essa finalidade. Assim, de acordo com o tamanho ou importância da sala de cinema, duos de piano e violino, quartetos ou até pequenas orquestras eram contratados pelos empresários da indústria cinematográfica.
 
Mas, qual seria a função da música no cinema mudo? Para João Máximo, de início, sua função não era muito clara. Para alguns profissionais da indústria cinematográfica da época, a música tinha o simples papel de abafar o barulho produzido pelo projetor. Para outros, ela ajudava a contar uma história, ou seja, era indispensável para provocar emoções relacionadas ao enredo apresentado pelo filme. E, para outros, ainda, até atuava como uma espécie de agente subliminar. O certo é que, ao longo do tempo, segue esse autor, “as duas artes (cinema e música) acabariam se interligando para, inevitavelmente, se transformarem numa terceira”.  
 
A novidade em Goiás
 
A Sétima Arte chegou ao Brasil em julho de 1896. Na Cidade de Goiás, antiga Capital do Estado, a primeira sessão pública aconteceu às 20 horas do dia 13/05/1909, conforme anúncio publicado no Jornal "O Lidador" da Diocese de Goyaz:
 


Podemos até imaginar a grandiosidade do feito realizado pela Empresa Recreio Goyano! Para termos uma ideia da novidade, valendo-nos de informações do pesquisador Eduardo Gusmão Quadros, o aparelho de projeção, anunciado no cartaz acima com o nome de “Cinematographo”, era movido à eletricidade. E, na então capital de Goyaz, de acordo com o noticiado no Jornal goiano “O Democrata”, em 06/04/1923, a energia seria instalada em 1923 e apenas nas vias públicas. 
 
O “Cinema Goyano”, como ficou conhecido o primeiro local de projeção de filmes em nosso Estado, foi fundado em 1909, pelo Major Domingos Gomes D´Almeida, um comerciante local. Funcionou, de forma ininterrupta, até 1934 e teve duas sedes. A primeira, nas dependências do conhecido Teatro São Joaquim (fundado em 1857), no Beco da Lapa. E, a partir de 1917, em prédio próprio, construído no Largo do Chafariz onde, atualmente, funciona uma agência dos Correios.

E a música nessa história?

O “Cinema Goyano”, já nos primeiros anos de funcionamento, empregava banda de música para o fundo musical de seus filmes. Isso é o que afirma a pianista e pesquisadora Belkiss Spencière Carneiro de Mendonça (1928-2005) no livro A Música em Goiás. E, falando mais especificamente sobre o funcionamento desta Sétima Arte em Goiás, já em sua segunda sede (no Largo do Chafariz), a partir de 1917, a autora esclarece que grupos formados por músicos da Banda do Exército, em sistema de rodízio, se apresentavam no local enquanto ocorriam as sessões de cinema. 
 
Posteriormente, já na década de 1920, o proprietário do “Cinema Goyano”, Major Domingos Gomes D´Almeida, optou por contratar uma orquestra liderada pela pianista Edméa Camargo (1900-1972), para a realização dos fundos musicais durante a projeção dos filmes mudos.

 
Edméa Camargo (1900-1972) aos 27 anos de idade
Foto cedida pelo compositor Fernando Cupertino

 
É importante dizer que o termo “orquestra”, nesse contexto, refere-se a um pequeno grupo musical (formado por piano, cordas e sopros) e não a uma orquestra sinfônica ou filarmônica que veio a existir em nosso Estado apenas no início da década de 1980, na cidade de Goiânia. Essas eram, de modo geral, conjuntos musicais criados, originalmente, para as funções de tocar em missas ou acompanhar cantores solistas nos tradicionais saraus e serenatas da antiga Capital.
 
Ao que tudo indica, a Orquestra que se apresentava no “Cinema Goyano”, na década de 1920, era uma continuidade do grupo vinculado ao “Club Caravana Smart”, fundado em 1914 por Maria Angélica da Costa Brandão (1880-1945), mais conhecida como Nhanhá do Couto, professora de Edméa Camargo. 
 


Nhanhá do Couto (de pé) e sua neta Belkiss Spencière
Fonte: TCC (EMAC/UFG) de Wesley Faria Araújo

 
Nesse diapasão, Belkiss Spencière Carneiro de Mendonça afirma que sua avó, Nhanhá do Couto, liderou aquele grupo a partir de 1914, no trabalho pioneiro de realização de fundos musicais durante as projeções do cinema “Luso-Brasileiro”, ano em que esta segunda sala foi inaugurada na Cidade de Goiás. A autora acrescenta que, nesta casa, de propriedade de Joaquim Guedes de Amorim, esse conjunto musical prestou serviços até 1918, apresentando um repertório formado por obras como as Abertura das Óperas Fosca, O Guarany e Alvorada, todas do compositor brasileiro Carlos Gomes (1836-1896), Cavalaria Ligeira do austríaco/croata Franz von Suppé (1819-1895), além de diversas valsas.
 
Abaixo, alguns dos nomes que passaram (em diferentes momentos), pelas duas orquestras supramencionadas. São esses os músicos pioneiros na arte de abrilhantar as sessões cinematográficas em Goiás no início do século XX:
 


Uma terceira casa de projeção de filmes, o “Cinema Iris”, foi inaugurado na Cidade de Goiás, em 1919. Foi idealizado por Geraldo Sarti e administrado por Carlos Lins. Para essa casa, que funcionou até 1923, uma nova orquestra foi criada. Inicialmente, o grupo foi dirigido pela pianista Deborah Tocantins Esteves, filha do conhecido compositor e professor do Lyceu de Goyaz, o senhor José do Patrocínio Marques Tocantins (1851-1891). Nos anos de 1922 e 1923, o conjunto foi liderado pelo também professor do Lyceu, o violinista Joaquim Édison de Camargo (1900-1966)


 
Joaquim Édison de Camargo
Gravura: Amaury Menezes
Fonte: Facebook (Yuri Baiocchi / José PX Silveira Jr.)



Após o fechamento do “Cinema Iris”, foi aberto no mesmo local, ainda em 1923, o “Cinema Ideal”, então pertencente a um novo proprietário: Edilberto Santana. O estabelecimento funcionou até 1927, quando tinha como administradores Eugênio da Veiga Jardim e Marionito Fleury. Como já havia se tornado costume, uma nova orquestra foi formada, em 1923, para o trabalho de sonorizar a exibição de filmes. Essa foi mais uma “orquestra” que esteve sob a direção da pianista Edméa Camargo (1900-1972).



"Orquestra Ideal" em fevereiro de 1927 (ao fundo a tela do cinema)
Foto cedida pelo compositor Fernando Cupertino
Em pé: pianista Edméa Camargo ladeada pelos flautistas Armando Esteves (esq.) e Donizetti Martins de Araújo.
Sentados (da esq. para a dir.): João Ribeiro da Silva (bombardino), Antônio Valeriano da Conceição (clarineta),
Ovídio Martins (violino), Maria da Conceição Morais "Nazinha" (violino)
Júlio Alencastro Veiga (violino) e Athayde Paulo de Siqueira "Dico" (flauta).
Legenda disponível no livro A Modinha em Vila Boa de Goiás
Autora: Maria Augusta Calado de Saloma Rodrigues (p. 60).


Integraram as orquestras “Iris” e “Ideal” (de 1919 a 1927): 



Com o fechamento do “Cinema Ideal”, em 1927, a sua Orquestra não se dissolveu. Continuou a se reunir regularmente para ensaios e apresentações musicais na Cidade de Goiás, bem como em outras cidades goianas. Mais tarde, a “Orquestra Ideal”, como ficou conhecida, contou também com a participação dos violinistas: Adelaide Rocha Lima Rizzo, Nair Silva, Oyama Baylão, Euler Amorim e Hélios Amorim. 
 
Para os famosos saraus e serenatas vilaboenses, o grupo contou, ainda, com a colaboração de violonistas como Abelardo Velasco, Bernardo Albernaz, Nicanor Albernaz, Humberto Andrade, além da acordeonista Emília Mendes.
 
A partir de 1937, já na era do cinema “falado”, músicos como Nhanhá do Couto, Edméa Camargo e Joaquim Édison de Camargo transferiram-se para Goiânia. Nesta cidade, continuaram a contribuir para o crescimento da música erudita no Estado nos anos seguintes, lecionando ou dirigindo os primeiros corais e orquestras formados nas instituições de ensino da nova Capital como, por exemplo, da Escola Técnica Federal de Goiás (atual IFG), Instituto de Educação e Liceu (antigo Lyceu de Goyaz).
 
Mais especificamente sobre as “orquestras”, o pesquisador Braz Wilson Pompeu de Pina Filho, em Memória Musical de Goiânia, relata que o violinista e compositor Joaquim Edison de Camargo (1900-1966), assim que chegou a Goiânia organizou, a partir de 1938, uma pequena orquestra no Liceu de Goiânia, utilizando, inclusive, vários músicos de sua antiga orquestra da Cidade de Goiás, entre eles o flautista Donizetti Martins de Araújo e os violinistas Ovídio Martins de Araújo e Júlio Alencastro Veiga. 
 
Finalizando, vale mencionar que, recentemente, apresentei o trabalho Imagens da Orquestra Filarmônica de Goiás: uma breve retrospectiva no VI Colóquio de História e Imagens da Faculdade de História da UFG. Esse texto, publicado nos Anais do Evento (clique aqui para ler), contempla a luta pela implantação e manutenção de uma orquestra erudita de grande porte em Goiânia, podendo ser considerado como continuidade da história dos primeiros grupos musicais da antiga capital de Goiás. 

Leia também:

O Lyceu de Goyaz e a música


Comentários

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  • 07.08.2024 16:24 Giovanna Felix da Costa

    Um texto que traz muitas informações históricas que nos ajuda a entender o papel da música no cinema, que até hoje é imprescindível para obter uma conexão da historia dos filmes com o expectador, tendo até hoje um tópico especifico nas grandes premiações de cinema. Mas o texto também traz o inicio do relacionamento do filme com a música desde sua utilidade técnica para abafar os antigos projetores até mesmo seu papel que hoje é complementar mas que para o inicio com o cinema mudo era ainda mais essencial para passar a mensagens do filme para seus consumidores.

  • 06.08.2024 13:27 Tulio Henrique

    Na década de 1980,na cidade de Goiânia conjuntos musicais foram criados,para as funções de tocar em missas ou acompanhar cantores solistas em tradicionais saraus e serenatas da antiga capital.

  • 03.08.2024 01:38 Francisco de Azevedo Castro Neto

    O texto fala sobre o papel vital da música no cinema mudo, particularmente na Cidade de Goiás. Detalha como, desde a chegada do cinema ao Brasil, grupos musicais locais, como a Orquestra Ideal, foram fundamentais para a experiência cinematográfica, destacando a evolução do acompanhamento musical de bandas a pequenas orquestras. A narrativa também traça a influência desses músicos na formação da música erudita em Goiânia, mostrando a importância cultural e histórica dos primeiros grupos musicais de Goiás no contexto cinematográfico e educacional da região.

  • 31.07.2024 01:06 Andressa de Barros Duarte

    Texto muito interessante sobre a música em Goiás e no cinema. Não sabia que a música era utilizada para abafar o barulho do projetor. Ver como as coisas mudaram e hoje a música é reconhecida como parte essencial na produção de um filme, a medida que é imprescindível para alcançar total deleite na experiência de assistir a um filme, a sinestesia trazida pela combinação dos sentidos quando unimos a trilha sonora correta para cada sentimento que se busca trazer com uma cena não seria possível sem esse incremento sonoro.

  • 23.07.2024 18:21 JESSICA VILELA

    O texto é bastante informativo e detalhado, fornecendo um panorama completo sobre a relação entre música e cinema, especialmente durante o período do cinema mudo e explora bem a interdependência entre cinema e música, mostrando como as duas artes se complementaram e evoluíram juntas.     O texto é uma excelente fonte de informação sobre a história do cinema e sua relação com a música. Ele destaca de maneira eficaz a importância da música no desenvolvimento do cinema e oferece uma visão valiosa sobre a evolução cultural em Goiás, tornando-o uma leitura enriquecedora para os interessados no tema.  

  • 27.05.2024 18:35 Sâmela Gonçalves Ribeiro

    Que incrível!! Textos assim são mega importantes tanto para músicos quanto para leigos neste assunto. É uma leitura leve e que vai despertando interesse e orgulho da nossa história. É realmente fascinante mergulhar nessas histórias que muitas vezes ficam esquecidas com o tempo, mas que têm um impacto tão significativo em nossa cultura e identidade. Descobrir como músicos como Edméa Camargo e Nhanhá do Couto desempenharam papéis tão vitais na conexão entre música e cinema nos leva a uma apreciação mais profunda do talento e da dedicação envolvidos nessa arte.

  • 17.04.2024 19:37 Saulo Ribeiro

    Me chamou a atenção da possibilidade de que a música no cinema mudo seria, aparentemente, para esconder os ruídos do projetor. A possibilidade ser o "subliminar" que vai de encontro ao filme parece bem mais plausível. Uma informação que me gerou curiosidade é como a Banda do Exército se preparava e se havia alguma escolha de repertório para executar os filmes no Cinema Goyano. Deixo destacado as personagens importantes em ordem mais ou menos cronológica: Major Domingos Gomes D´Almeida, pelo Cinema Goyano, Edméa Camargo como liderança da incipiente orquestra que realizava as trilhas para o cinema mudo, Nhanhá do Couto, fundadora do Club Caravana Smart, orquestra que teria sido continuado por Edméa Camargo, aluna de Nhanhá do Couto, Geraldo Sarti e Carlos Lins como idealizadores e administradores do Cinema Iris que teve Deborah Tocantins Esteves na liderança da orquestra respectiva e posteriormente, liderada por Joaquim Édison de Camargo. Para além, o Cinema Ideal teve mais uma orquestra também liderada por Edméa Camargo. Fica claro que, na transição de 1937, onde o cinema já não era mais mudo, os músicos veteranos do cinema mudo de Goiás possuiam experimentado background para promover novas orquestras, como a do Lyceu de Goiânia. Excelente matéria investigativa sobre música em Goiás.

  • 17.04.2024 15:29 Vitor Davi Ferreira

    Na introdução do cinema, com os irmãos Lumière em 1895, era comum ter música ao vivo, geralmente tocada por pianistas ou organistas que improvisavam temas conhecidos. Durante a era do cinema mudo, antes do surgimento de composições originais, músicos selecionavam obras apropriadas para criar diferentes atmosferas. Em Goiás, o "Cinema Goyano", pioneiro e fundado em 1909, contava com uma banda de música nos primeiros anos. Na década de 1920, uma orquestra liderada por Edméa Camargo assumiu o cenário, continuando a tradição de grupos associados ao "Club Caravana Smart" e à Casa "Luso-Brasileiro". Outros cinemas em Goiás, como o "Iris" e o "Ideal", seguiram essa tradição, formando novas orquestras e contribuindo para a cena musical durante a transição para o cinema falado. Músicos como Nhanhá do Couto, Edméa Camargo e Joaquim Édison de Camargo, após se estabelecerem em Goiânia em 1937, desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento da música erudita na nova capital. A tradição musical nos cinemas goianos serviu como precursora para a formação de grandes grupos musicais, como a Orquestra Filarmônica de Goiás.

  • 01.02.2024 15:24 Amanda Silva Cordeiro

    Essa homenagem aos músicos do cinema mudo é de extrema importância para reconhecer o seu valor artísticos e cultural para a sociedade goiana. Os músicos que acompanhavam as sessões de cinema mudo em Goiás, entre as décadas de 1910 e 1930 que improvisavam as trilhas sonoras dos filmes, criando efeitos dramáticos, cômicos ou emocionais, de acordo com as cenas projetadas eram de extrema importância para tornar a experiência daqueles que estavam assistindo ainda melhor. O autor também resgata as memórias de alguns desses músicos, como o maestro Joaquim Jayme, o pianista José de Oliveira e o violinista Joaquim Edison de Camargo, que se tornaram referências e deveriam ser mais conhecidos pela sociedade goiana.

  • 28.01.2024 18:46 Gabriel Costa Paz

    É notável como a Sétima Arte e a música se entrelaçaram desde o início, transformando-se numa terceira forma de arte ao longo do tempo, como bem destacou o autor. Acho inspirador ver como esses pioneiros em Goiás contribuíram para essa fusão única entre cinema e música. A história das orquestras, as diferentes casas de cinema e as personalidades envolvidas realmente adicionam uma dimensão especial ao desenvolvimento cultural da região. Confesso que desconhecia esses detalhes tão ricos da história cinematográfica em Goiás, e agora estou ainda mais curioso para explorar mais sobre essa interseção entre música e cinema.

  • 27.01.2024 00:41 Kaic Toledo Camilo

    professor, na introdução do cinema, com os irmãos Lumière em 1895, a música ao vivo era comum, interpretada por pianistas ou organistas improvisando temas conhecidos. No cinema mudo, até surgirem composições originais, músicos selecionavam obras adequadas para criar atmosferas variadas. Em Goiás, o "Cinema Goyano" pioneiro, fundado em 1909, empregava banda de música nos primeiros anos. Na década de 1920, uma orquestra liderada por Edméa Camargo tomou a cena, continuando o legado de grupos ligados ao "Club Caravana Smart" e à Casa "Luso-Brasileiro". Outros cinemas em Goiás, como "Iris" e "Ideal," seguiram a tradição, formando novas orquestras e contribuindo para a cena musical na transição para o cinema falado. Músicos como Nhanhá do Couto, Edméa Camargo, e Joaquim Édison de Camargo, após migrarem para Goiânia em 1937, foram fundamentais para o desenvolvimento da música erudita na nova capital. A tradição musical em cinemas goianos serviu como precursora para a formação de grandes grupos musicais, como a Orquestra Filarmônica de Goiás.

  • 25.01.2024 17:11 Arthur Borges Taveira

    O texto aborda a presença da música nas primeiras exibições públicas de filmes pelos irmãos Lumière em 1895, destacando o papel de pianistas e orquestras durante a era do cinema mudo. Na cidade de Goiás, Brasil, o cinema chegou em 1909 com o "Cinema Goyano", que utilizava uma banda de música para acompanhar os filmes. Diversas orquestras se formaram ao longo do tempo, lideradas por figuras notáveis como Edméa Camargo. Com o fechamento do "Cinema Ideal" em 1927, a Orquestra Ideal continuou a contribuir para a música em Goiás até a década de 1930. Destaca-se a mudança posterior de músicos notáveis para Goiânia, onde continuaram a contribuir para a música erudita, marcando a continuidade da história dos primeiros grupos musicais na antiga capital de Goiás. O texto conclui mencionando a luta pela implantação de uma orquestra erudita em grande porte em Goiânia.

  • 23.01.2024 19:45 Orlando Torquato da Silva Neto

    O texto fornece uma visão detalhada sobre a influência da música no cinema mudo em Goiás, desde os primórdios da Sétima Arte até a transição para o cinema falado. A presença de orquestras e bandas ao vivo, acompanhando os filmes, revela a importância da música na experiência cinematográfica da época. Além disso, destaca figuras notáveis, como Nhanhá do Couto, Edméa Camargo e Joaquim Édison de Camargo, que desempenharam papéis significativos na evolução da música erudita no estado. O texto oferece uma valiosa perspectiva histórica e cultural sobre a interseção entre cinema e música em Goiás, destacando a rica herança artística e musical da região.

  • 16.01.2024 12:15 Filipe Castro Saraiva

    Ainda hoje podemos perceber como a música é de suma importância para produções cinematográficas, possuindo grandes nomes de compositores muito reconhecidos como Hanz Zimmer e John Willians, entre muitos outros. No entanto, essas gigantescas produções estão de certa forma bem distantes da experiência que as pessoas tinham no cinema antigamente. Hoje em dia essas composições são super produções e tem todo um processo de tratamento além de sua composição e apresentação e também as escutamos apenas pelo áudio do filme, enquanto antigamente existiam orquestrar apresentando as músicas durante o filme. Para mim parece que uma orquestra apresentando a música ao vivo deixaria a experiência muito mais impactante e emocionante. Dá pra perceber o tamanho do cinema, mesmo em seus primórdios, ao saber como levou poucos anos para o mesmo chegar no estado de Goiás.

  • 11.01.2024 13:30 Isabela Moreira Bianchi

    Nunca tinha imaginado que a música tinha um papel tão importante no cinema. Com certeza um filme sem trilha sonora não provoca a mesma emoção nos espectadores, já que a música é capaz de ditar um "clima" completamente diferente para cada situação. Também é incrível ver como as orquestras/bandas goianas que tocavam durante os filmes cresceram, evoluíram e ganharam mais visibilidade e autonomia ao longo do tempo — como foi o caso da orquestra ideal, que continuou ativa mesmo com a interrupção das exibições cinematográficas. Próxima vez que eu assistir a um filme, definitivamente me lembrarei do antigo cinema mudo e de todo o longo caminho de esforço que os músicos percorreram até os dias atuais.

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Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com

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