No trecho do texto de Bruna de Jesus, que retruca a crítica do jornalista Fabio Cypriano sobre a falta de contexto na 36ª Bienal, a educadora cita o pensamento de Paulo Freire:
(...) "antes, propriamente, da criança ou o adulto iniciar seu processo de alfabetização, ler o mundo em que estamos inseridos é essencial para a compreensão do contexto".
Na recente entrevista do crítico de arte, Agnaldo Farias, sobre a mostra "Corpos explícitos, corpos ocultos", aberta em parceria curatorial com Ailton Krenak, na Pinacoteca do Ceará, ele adverte:
"Quem se preocupa com as respostas são os cientistas, os artistas fazem as perguntas. Você mede a qualidade de uma sociedade pelo nível de perguntas que ela coloca a si. Como ela tenta resolver isso aí".
Ler o mundo é abrir espaços para perguntas que são capazes de nos desafiar, instigar e até colocar em dúvida nossas próprias respostas, para então conferí-las, investigá-las e confirmar sua veracidade.
Bruna de Jesus se deu a liberdade de elaborar indagações e acrescentá-las ao seu artigo "Texto não é contexto", tais como: O que te provocou na mostra? Qual artista você prefere e por quê? O que essa obra te fez lembrar?
Talvez uma solução para essa 'distância' da compreensão da obra de arte contemporânea com o espectador seja a literal pergunta do artista a quem observa sua obra: Essa tela é invisível, o que teria nela se pudesse ver? 'Deus'? Como ele é?
Ler o mundo é exercitar a criatividade, conseguir conversar com a 'Natureza': deitar debaixo de uma árvore, sentir sua sombra, seu frescor, a temperatura da terra na sola dos pés, o cheiro das flores, a cor do céu. É voltar às origens, aos nossos ancestrais e, se fazer a pergunta que nunca deve calar: 'de onde viemos'?