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Eliane de Carvalho .
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Eliane de Carvalho é jornalista e mestre em Rel. Intern. Foi repórter na CBN e em programas de TV da Globo, Band e Cultura; comandou programa de entrevistas na TV Câmara SP; apresentadora de telejornal na TV Alesp e correspondente do SBT, na Espanha. / jornalistas@aredacao.com.br

Inquietudes

Adeus, Pepe!

| 16.05.25 - 18:31 Adeus, Pepe! (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Tanto se falou de Pepe Mujica nesta semana. Mesmo assim, me vejo impelida a seguir com ele, diante do gigantismo do ex-presidente uruguaio, falecido na última terça-feira.
 
Quanta inquietação me causa ver meus mestres e também de milhares de pessoas partirem. Por outra parte, que privilégio ter habitado o mundo na mesma época em que Pepe Mujica, papa Francisco, Nelson Mandela, Nise da Silveira, Simone de Beauvoir…
 
Mujica não apenas enriqueceu o debate político, mas também econômico, ambiental, digital, histórico, humanitário. Poderia escrever uma lista interminável das suas contribuições imensuráveis. Destaco a seguir o que mais me emocionou ao estudar sua trajetória de vida e peço licença para citar suas frases que mais me marcaram. 
 
O Uruguai não destoa dos demais países da América Latina ao acaso. É um país sem polarizações, sem discursos de ódio, com estabilidade política e segurança jurídica. Muito disso se deve a Mujica. 
 
Foi amigo dos adversários políticos, com quem mantinha diálogos frequentes, e disse que “aprender a viver em sociedade, é entender o jogo de toda a diversidade que existe”. Extraí esta frase e as que se seguem de uma entrevista entre Mujica e seu maior oponente político, também ex-presidente do Uruguai, Julio María Sanguinetti, ao jornal uruguaio Búsqueda. Em que outro país da América Latina atual, de tantas polarizações, uma conversa civilizada e tão rica em significados, entre dois políticos antagonistas seria possível? Infelizmente, no caso brasileiro não.
 
Uma capacidade de superação indizível. Sobre os 14 anos de prisão, onde ficou isolado e foi torturado durante a ditadura de seu país, escolheu não cultivar a sede de vingança e olhar para a frente. Dizia que “o passado é irreversível” e que “em uma determinada altura da existência, quando se vai aproximando da morte, temos que pensar que um preso é uma dor para uma família… Me dói transferir a dor para quem não tem responsabilidade…, que um preso ancião vá morrer com sua família”. Assim se referiu aos torturadores ainda em cárcere, no Uruguai. Não que estivesse de acordo com a tortura, muito ao contrário. Defendeu uma sociedade com justiça, mas uma justiça sem conotações de vingança. Sua filosofia de vida era pacificadora. 
 
“Se vivemos em um mundo finito, com limitações, o crescimento da economia não pode ser infinito…, não será sustentável". “…o que estamos utilizando na indústria da fertilização, a quantidade de vida que está desaparecendo. A humanidade vai pagar por este custo”. "…O problema não é ecológico, é político”. As frases ditas por Mujica são carregadas de filosofia e sabedoria. Transcrevê-las tem muito mais força que qualquer descrição. E a partir daqui, sigo com elas porque me ensinam e me comovem sobremaneira. 
 
“As máquinas são mais eficientes que os seres humanos, mas os seres humanos sempre terão que programá-las”. “… a chama da vida não tem substituição. É poético. Não posso conceber um mundo onde a vida esteja subordinada a uma máquina”. 
 
“Me permito dar uns conselhos de vez em quando, apesar de que geralmente não me dêem atenção, mas este é o papel dos avós. E me sinto feliz. Vou morrer sendo feliz. Este é um luxo que muita gente não pode se dar. Não é pouco”. 
 
Adeus, Pepe!

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