O tempo fechado e o clima chuvoso de quarta-feira (12/2) já davam o tom para o espetáculo de mais uma apresentação internacional no Bolshoi Pub, no Setor Bueno, em Goiânia. A pouca movimentação do lado de fora escondia a empolgação dos metaleiros, que já enchiam a casa uma hora antes do show da banda grega Rotting Christ, prestes a se apresentar pela primeiríssima vez na capital goiana.
O que o grupo tem de pouco conhecido entre o grande público, tem de influência no meio do rock pesado: criada em 1987, a banda se tornou uma das fundadoras do Black Metal, fazendo parte da mesma geração de Venom, Mayhem, Bathory e Immortal. Logo, se destacaram por uma sonoridade e temas que os diferenciavam das demais, com letras épicas e líricas, misturando ocultismo e misticismo, além de explorar sons mais góticos, incluindo cânticos gregorianos.
Encabeçada pelos irmãos Sakis e Themis Tolis, a banda é uma figura carimbada da cena underground há mais de 35 anos, passando várias vezes pelo Brasil, inclusive por Brasília, até finalmente desembarcar na capital goiana.
O show começou pontualmente às 21h, para a alegria das centenas de pessoas presentes, um público formado, em sua maioria, por pessoas acima de 30 anos, que certamente precisariam acordar cedo nesta quinta-feira (13). E se há algo que se pode dizer sobre os metaleiros é que são fiéis: desde os primeiros acordes de abertura, os fãs já cantavam as letras a plenos pulmões, arrancando agradecimentos do frontman Sakis.
E não faltou energia: com uma qualidade de som impecável, a Rotting Christ conseguiu animar o público, com direito a algumas rodas de mosh, muitas palmas e bateção de cabeça. Gritos de "Vilaaaaa" e "Goiás é Satanás" se tornaram inevitáveis e recorrentes — algo difícil de arrancar de uma audiência mais velha, que muitas vezes tende a curtir o show de maneira mais contida.
Nas poucas pausas para respirar, Sakis raramente arriscou o português, mas, mesmo em inglês, fez questão de agradecer aos presentes por manterem a cena viva: "Obrigado, é uma honra tocar pela primeira vez nesta grande cidade. Obrigado, irmãos e irmãs."
No setlist, entraram músicas do novo disco Pro Xristou, lançado no ano passado, como "Like Father, Like Son" e "The Apostate", além de clássicos da carreira, como "King of a Stellar War", "Ze Nigmar", "Grandis Spiritus Diavolos" e a mais famosa, "Non Serviam". Ao todo, o show durou 1h20, com direito a um rápido bis, com a favorita "The Raven".
A passagem pelo Brasil ainda incluirá shows no Recife (14/2), Fortaleza (15/2), Belém (16/2) e Manaus (18/2).
*O colunista teve acesso ao show por meio de credencial fornecida pela produção da banda.