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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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‘Silent Hill: The Short Message’: até de graça é caro

| 07.02.24 - 09:59 ‘Silent Hill: The Short Message’: até de graça é caro (Foto: divulgação)Lançado de graça e de surpresa para o PS5 na quarta-feira passada (31/1), Silent Hill: The Short Message é um game de terror de apenas duas horas de duração em que a desenvolvedora Konami tenta se redimir pelos abismais jogos passados desta famosa franquia de terror que viveu sua era de ouro na época do PS2. Não foi dessa vez.
 
The Short Message é um walking sim de terror em que você vive Anita, uma jovem adolescente que fica presa em um loop em um prédio abandonado enquanto precisa enfrentar os seus demônios e desvendar o mistério ao redor da sua melhor amiga, Maya. A premissa é ok, já a execução é ofensivamente ruim.
 
Em termos de jogabilidade, o game, por ser tão curto, não podia deixar de ser simples: Anita explora os cômodos e ambientes encontrando pistas e vivendo flashbacks que ajudam a elucidar o mistério da trama. Tal mistério, trama e personagens, porém, são terrivelmente caracterizados. Isso é problemático não só porque o jogo é ruim, mas porque tenta abordar temas seríssimos, como negligência parental, abuso infantil, bullying, automutilação e suicídio.
 
E todos esses temas são tratados com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais rolando morro abaixo. Seria trágico se não fosse cômico: todo o drama adolescente não só é rocambolescamente constrangedor como a ambientação e caracterização são tratadas como se os desenvolvedores, todos eles homens japoneses de meia-idade, tivessem parado e pensado: “como será que deve ser uma adolescente hoje em dia?”. É, no mínimo, forçado e não possui qualquer contato com a verossimilhança.
 
Mas e o terror? Silent Hill, pelo menos entre o primeiro e o quarto jogo, era um marco do gênero, criando tendências que foram copiadas à exaustão. Bom, The Short Message falha miseravelmente nesse ponto também, ele mesmo copiando e requentando tropos estabelecidos pelos jogos anteriores e de outros títulos de sucesso mais recentes, especialmente da franquia Amnesia e, quando na dúvida, apostando em jump scares ridículos para arrancar alguma reação.
 
No fim, o que era pra ser um aperitivo para o que seria a nova fase de Silent Hill acaba sendo um remédio amargo que não acerta em nenhum ponto e que deixa evidentemente claro que a ganância corporativa eliminou qualquer resquício de alma ou mérito criativo que a franquia possuía. Melhor jogar Amnesia: The Bunker ou Silent Hill 2 pela enésima vez.


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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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