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Solon de Almeida: o pioneiro que mudou a história de Goiânia

Jurista regularizou área da capital | 01.09.23 - 14:47
Solon de Almeida: o pioneiro que mudou a história de Goiânia Foto: Letícia Coqueiro/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia - Alguns nomes são bem conhecidos quando se trata da história de Goiânia. Figuras como Pedro Ludovico, Attilio Corrêa Lima e Armando de Godoy fazem parte do conhecimento geral dos goianienses, mas há outros nomes de pioneiros que tiveram importância fundamental na implantação da nova capital.
 
O jurista Solon de Almeida é um destes pioneiros que tiveram grande participação na história de Goiânia. Um busto em sua homenagem foi colocado na Praça do Trabalhador, em frente à antiga Estação Ferroviária. Na placa, lê-se: "Pioneiro atuante no projeto e construção desta capital. A ele a gratidão do povo goianiense".
 
Ao lado de Pedro Ludovico, Solon estava presente na solenidade que inaugurou a nova capital, realizada em 1935. O ato solene foi realizado no edifício onde funcionou, provisoriamente, a Câmara de Goiânia e a Prefeitura, na confluência das Avenidas Araguaia e Anhanguera.
 
Solon de Almeida era o homem de confiança de Pedro Ludovico, sendo integrante da comissão que instalou a capital. Ele veio para Goiânia antes da cidade começar, em 1932, para legalizar a área onde a nova capital seria construída. "Era preciso legalizar quatro fazendas. Todos os lotes que fossem vendidos ou doados deveriam ter a assinatura dele e do dr. Pedro Ludovico", lembra Cristovam de Almeida, filho de Solon.
 

Solon de Almeida (de gravata borboleta), na solenidade em que Pedro Ludovico assinou o decreto da mudança definitiva da capital para Goiânia, em 1937 (Foto: Reprodução/Letícia Coqueiro/A Redação)
 
O historiador Wolney Unes confirma esta informação. "Solon foi o primeiro jurista da cidade. Ele foi solicitado por Pedro Ludovico para integrar esse grupo. Como ele tinha terras na região onde seria construída Goiânia, pegou a questão fundiária para resolver e organizou toda a estruturação dessa área. Eram várias fazendas com nomes que estão até hoje pela cidade, como Botafogo, Vaca Brava e Crimeia, sendo que esta última era sua propriedade", explica.
 
Uma curiosidade desse trabalho feito por Solon é que havia a dúvida se as áreas eram do Estado ou do Município. "Ele organizou a transferência das terras para o Estado, o que ficou meio estranho, porque depois virou cidade. Existe uma ideia, por exemplo, de que a Praça Cívica é área do Estado, mas que teria que ser da Prefeitura. Solon foi a pessoa que tentou resolver isso, então restaram poucas áreas com esse tipo de dúvida", explica Wolney.
 
Cristovam de Almeida lembra que o pai foi um dos primeiros moradores da nova capital. "Nossa primeira casa era de madeira, no final da Rua 24, às margens do Córrego Botafogo. Essa casa foi construída para ele, antes disso ele se hospedava em uma pensão, em Campinas", conta.
 
Solon também foi o responsável por vender os lotes da nova capital. "Quando ele chegava nas cidades com a pastinha com os documentos das áreas, todo mundo corria dele. Um alfaiate conta que foi obrigado a comprar o lote em troca de fazer sempre os ternos do meu pai. Foi uma luta insana, porque pouca gente acreditava nessa ideia antes do início das obras", lembra Cristovam.
 

Cristovam de Almeida (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
O irmão de Cristovam, Vicente Arycan de Almeida também se recorda deste fato. "Hoje, quando vejo uma fotografia antiga de Goiânia, penso que ninguém imagina o trabalho que foi. Goiânia deve muito a Solon, porque se ele não tivesse conduzido o processo com muita firmeza, essa cidade não existiria, porque ninguém queria comprar os lotes daqui."
 
Vicente lembra ainda que o pai não teve participação apenas na implantação da nova capital, mas também no desenvolvimento da cidade. "Ele foi o responsável pelo Departamento de Terras, que ficava na esquina das avenidas Paranaíba e Goiás. Era preciso arrumar dinheiro para o desenvolvimento da cidade. O Hélio França era o gerente do Banco Agropecuário, mas quem tinha a chave do cofre era o Solon."
 
Ele conta, ainda, que Solon era o homem de confiança de Pedro Ludovico. "A gente andava a cavalo. Meu pai me deixava no Colégio Santo Agostinho e seguia para o Departamento de Terras. Não é porque era meu pai, mas ela era um dos homens mais importantes. Como o próprio Pedro Ludovico disse, era o homem certo para o lugar certo", conta.
 
A ligação entre Solon de Almeida e Pedro Ludovico foi além da profissional, era pessoal. "Eles foram muito ligados, eram como irmãos. Pedro Ludovico e dona Gercina Borges foram padrinhos de casamento do pai, em 1935. Ele também era padrinho de uma das minhas irmãs. Quando o busto em homenagem a meu pai foi inaugurado, em 1988, Mauro Borges Teixeira disse que Pedro Ludovico teve três amigos que ele considerava, e um deles era meu pai", ressalta Vicente.
 
 

Registro do casamento de Solon de Almeida (Foto: Reprodução/Joabe Mendonça/A Redação)
 
Além do trabalho na implantação de Goiânia, Solon de Almeida teve outras atuações, como suplente de senador, e suplente de presidente da 1ª Junta de Conciliação e Julgamento do Estado de Goiás, da qual também fez parte da instalação. Com toda essa atuação, entretanto, Solon é uma figura quase anônima na história da cidade.
 
"As pessoas não conhecem a história dele porque meu pai não gostava de aparecer. Isso era do caráter dele. Para se ter uma ideia, o abrigo de idosos Cristo Redentor, que funcionava onde hoje é o Fórum, era mantido por ele. Meu pai nunca saiu de casa sem terno e gravata, mas não eram roupas caras, era um homem muito simples, modesto, apesar de sua grande importância para a história de Goiás", destaca Vicente.
 
Outra curiosidade sobre o pouco conhecimento de Solon é que ele aparece em poucas fotografias que registram o início da história da capital. Isso porquê em grande parte das vezes ele era o fotógrafo que eternizava esses momentos. "Ele gostava muito de fotografia, na maioria das vezes era ele o fotógrafo. Depois, ele mesmo coloria os registros, que naquela época eram em preto e branco", conta o filho Cristovam.
 

Vicente Arycan de Almeida (Foto: Joabe Mendonça/A Redação)
 
Além da atuação na implantação de Goiânia, a família Almeida participa da história da cidade de outra forma. Vicente, o primeiro filho de Solon, foi também a primeira pessoa a nascer na nova capital.  É portador do RG de número 002. "Nasci na casa de tábua, na Rua 24, em 1936. Nessa época, Goiânia não tinha nada, conheci a cidade sem um palmo de asfalto. Havia apenas o Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica, os prédios do Grande Hotel e mais um outro na Av. Goiás, o Cine Santa Maria, a casa do Doutor Pedro Ludovico e mais umas outras espalhadas", conta.
 
Vicente lembra que a vida, nesta época, era muito difícil. "Goiânia não tinha nem rua, somente a Tocantins, a Goiás e a Araguaia. O resto era ‘trieiro’. Até 1950, a cidade não tinha nem energia, foi uma vida muito difícil para quem começou. Quando vejo a imensidão da cidade hoje ou quando olho uma fotografia antiga, vejo que ninguém imagina o que foi esse começo e que a capital deve muito ao Solon e ao trabalho feito por ele."
 
Morador de um apartamento no Setor Oeste, na área central da capital, Vicente valoriza a área pioneira da cidade. "Não penso em mudar daqui. Falo que minha casa não é a maior nem a melhor, mas a mais confortável de Goiânia. Se Deus quiser, vou ficar aqui para sempre", diz bem humorado.
 

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