Para adicionar atalho: no Google Chrome, toque no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela, e clique em "Adicionar à tela inicial". Finalize clicando em adicionar.
Dr. Francisco Arruda explica os riscos | 22.03.16 - 11:25
(Foto: Renato Conde/ A Redação)
Mônica Parreira
Goiânia - Em novembro do ano passado o Ministério da Saúde confirmava a relação entre o zika vírus e a microcefalia em recém-nascidos. Desde então a doença é alvo de estudos, especialmente devido ao crescente número de pessoas afetadas. Para o neurofisiologista goiano Francisco Arruda*, há riscos de que a epidemia cause outro efeito colateral: a epilepsia.
A epilepsia é caracterizada por uma alteração do funcionamento do cérebro e a causa mais comum está associada a partos complicados ou distorção genética. A patologia pode desencadear convulsões e comprometer temporariamente a consciência do paciente. Estima-se que cerca de 2% da população brasileira tenha a doença e a tendência, segundo o médico goiano, é aumentar.
Em entrevista ao jornal A Redação, o dr. Francisco Arruda disse temer que a epilepsia seja um dos efeitos do zika vírus em recém-nascidos, já que ele afeta o desenvolvimento do cérebro do embrião.
“Não vi nenhum caso comprovado ainda, mas é uma situação que merece atenção e precisa ser estudada. O quadro de microcefalia é muito mais do que uma cabeça de volume menor, tem uma questão cognitiva. Existe uma preocupação grande da parte dos neurologistas de que talvez venhamos a ter pacientes com novos problemas neurológicos em decorrência disso”, argumentou.
(Vídeo: Renato Conde)
O médico comentou alguns casos onde a epilepsia aparece como consequência de problemas que passam da mãe para o bebê durante a gestação, o que fortalece a hipótese. “Temos a epilepsia surgindo por causa de outras infecções congênitas já conhecidas e que acometem o feto, como a rubéola ou a toxoplasmose. Nesses casos já há a relação confirmada de uma doença com a outra”, explicou. “Como já existe isso para outras infecções, é muito provável que a associação ao zika seja definitivamente reconhecida”.
Microcefalia
Na última quarta-feira (16/3), o Ministério da Saúde divulgou um boletim dizendo que são investigados 4.268 casos suspeitos de microcefalia ligados ao zika vírus em todo o país. Desde o ano passado já foram confirmados 863 recém-nascidos com microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso. Em menos de cinco meses, o número investigado no Brasil foi de quase 6,5 mil.
Em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde informou à reportagem que foram registradas 117 suspeitas de microcefalia no ano passado. A infecção congênita está confirmada em sete dos casos locais.
O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, vetor de outras doenças como a dengue e a chikungunya. O neurofisiologista reforça que a melhor forma de contornar a epidemia é a prevenção. Especialmente no período chuvoso, os cuidados com água parada, criadouro do mosquito, tornam-se essenciais. “A gestante ou a mulher que está planejando ter filhos precisa redobrar a atenção e os cuidados”, disse.
*Francisco Arruda é diretor administrativo do Instituto de Neurologia de Goiânia e também lidera a equipe especializada no tratamento da epilepsia. A ala da unidade hospitalar já atende há 30 anos e é uma das referências nacionais no assunto.