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Entrevista - Augusto Chagas

'Pressionamos o governo', diz ex-presidente da UNE

Líder estudantil nega chapa branca | 17.07.11 - 17:32 'Pressionamos o governo', diz ex-presidente da UNE Foto: Adalberto Ruchelle

Nádia Junqueira

À frente da presidência da União Nacional dos Estudantes por dois anos, o paulista Augusto Chagas passa neste domingo (17/7) o comando da entidade para um novo presidente que deve ser anunciado em duas horas. Ele fala ao jornal A Redação sobre as conquistas da entidade nesse tempo, os desafios que devem ser enfrentados por quem assumirá o cargo e responde às críticas. As eleições aconteceram nesta tarde, último dia do 52º Congresso da União.  Para o jovem, a UNE vive o melhor momento de sua história, em que mais de 1,5 milhão de estudantes se envolveram nessas eleições escolhendo delegados, totalizando 97% das instituições participantes.

AR: Como você avalia esses dois anos em que você esteve à frente da gestão da UNE?


Foram dois anos intensos em que eu tive oportunidade de viajar todo país e conhecer a diversidade da realidade estudantil brasileira. Nossa executiva conseguiu cumprir os compromissos firmados e acredito que tivemos grandes conquistas, como a aprovação no Congresso de 50% dos recursos do Pré-Sal para a educação, luta que fizemos parte. Tivemos forte atuação na defesa da educação e envolvemos os estudantes em atos, passeatas que tiveram como conseqüência, por exemplo, na responsabilização do Estado pela demolição da nossa sede, o que nos renderá a construção de uma nova no Rio de Janeiro.  Além disso, conseguimos manter nossa independência nas eleições presidenciais, em que não nos posicionamos no 1º turno, somente no segundo.


AR:  Quais os desafios que o novo presidente, deve enfrentar nos próximos dois anos?


Quem assumir deve continuar a perseguir a ideia de consolidarmos a fortalecermos a UNE com o envolvimento cada vez maior dos estudantes. Acredito que já é uma grande marca a participação de 1,5 milhão de estudantes nessas eleições e é necessário mobilizá-los cada vez mais. Além disso, há o desafio de melhorias na educação. A próxima gestão deve se envolver na aprovação do Plano Nacional de Educação (que delineará diretrizes educacionais por 10 anos) e lutar para que 10% do PIB nacional seja voltado a esse plano.


AR: Como você avalia a atuação do governo Lula/Dilma em relação à educação e reivindicações da UNE?


A eleição de Lula representou um marco na democracia brasileira por ser uma liderança popular. Precisamos disso, que o povo possa se identificar em referências. O Governo Lula sempre teve uma postura de diálogo, sempre respeitou os estudantes e tivemos acesso para fazermos nossas reivindicações. A UNE se aproveitou dessa oportunidade de diálogo, mas também tivemos o papel de pressionar o governo para que cobrássemos os compromissos de campanha. Tivemos grandes avanços para educação com esse governo: com o Prouni, o crédito educativo (Fies), as ofertas de vagas nas universidades foram duplicadas, o Reuni ampliou e reestruturou as universidades e o orçamento do Ministério da Educação foi triplicado.


AR: A oposição presente aqui no Congresso faz duras críticas à “ditadura” da UJS e seus aliados, que estão na presidência da UNE há mais de 20 anos. Como você avalia essa crítica?


O movimento estudantil vive seu momento mais democrático. Em 2006 o Conune passou por reformas em seu processo eleitoral. Uma das mudanças foi a decisão por eleições diretas, além de todo processo, do início até o fim, se tornar público, divulgado no site da entidade: inscrições, credenciamentos, etc. Então, o que vale são as idéias. As melhores teses vencerão.


AR: A UNE recebeu R$4 milhões da Petrobras para realizar esse congresso e tem sido chamada de chapa branca. As ações da entidade são independentes do governo?


A UNE tem tido duas posturas: ocupar espaços de diálogo, como o presidente Lula sempre proporcionou, mas também nunca deixamos de pressionar. É isso que nos diferencia: temos vitórias porque pressionamos o governo. A UNE foi a principal entidade a defender a saída de Henrique Meirelles do Banco Central, por exemplo. Além disso, somos contra a política macro-econômica adotada pelo governo, que paga altíssimos juros de uma dívida pública ao invés de investir em educação e saúde, por exemplo.


No que diz respeito à educação, boicotamos o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) por não concordarmos com modelo de avaliação do Ensino Superior, e estamos pressionando para que o projeto de destinação de 50% dos recursos do pré-sal para educação, aprovado no Congresso, vetado por Lula, seja finalmente sancionado. Além disso, achamos insuficiente investimento de 7% do PIB para educação, mas lutamos para que seja destinado 10%.


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