Aline Mil
Na manhã dessa segunda-feira (25/7), o reitor em exercício da Universidade Federal de Goiás (UFG), prof. Eriberto Beviláqua, recebeu representantes do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Pública e Ambiental, Coleta de Lixo e Similares no Estado de Goiás. Na pauta: a suspensão do pagamento e demissão de cerca de 300 funcionários responsáveis pela limpeza e capina nos Câmpus I e II em Goiânia e também nas unidades de Jataí e Catalão.
De acordo com o diretor fiscal do Sindicato, Hamilton Ribeiro, a empresa brasiliense Sublime, contratada em dezembro pela Universidade para prestar o serviço de limpeza nas unidades, já há meses não cumpria com a documentação necessária para que a UFG realizasse o pagamento dos serviços. "A Universidade estabeleceu um prazo para que a firma regularizasse documentos atrasados, referentes a férias, FGTS e outros, mas não cumpriram. Daí, cortaram o contrato e a empresa não se responsabilizou pelos empregados, que agora estão todos sem emprego e com salários atrasados", explica Hamilton. O sindicalista, conhecido pelos colegas como Macarrão, afirma que está há duas semanas tentando conversar com a diretoria da empresa para esclarecer a situação, sem sucesso. A reportagem do AR também tentou o contato e não obteve respostas.
A UFG confirma a falta de posicionamento da empresa. De acordo com a assessoria da Universidade, desde o início dos problemas a UFG notificou a Sublime várias vezes, buscando soluções para não rescindir o contrato e não prejudicar os funcionários. Agora, os empregados receberão os atrasados em juízo, sob intervenção dos advogados da Universidade e do Sindicato, sem intermédio da empresa. De acordo com Hamilton, todos os pagamentos, direitos e férias em atraso dos funcionários somam quase R$2 milhões e o prazo inicial para pagar os funcionários seria de 40 dias. Com o apelo do sindicato, os advogados da UFG tentarão diminuir o prazo.
Consequências
A falta do serviço de limpeza em conjunto com a greve dos servidores ainda não gera empecilhos para funcionamento da Universidade, só em casos pontuais de alguns prédios. Além das folhas espalhadas e do acúmulo de poeira e sujeira, alguns procedimentos realizados nos Campi foram adiados.
De acordo com a professora Naida Borges, diretora do Hospital Veterinário da UFG, algumas cirurgias agendadas para essa segunda-feira foram cancelados. "Nós já estávamos trabalhando com o quadro reduzido, por conta da greve dos servidores. Sem a limpeza, não pudemos realizar procedimentos cirúrgicos. Mas o problema não deve demorar a ser resolvido", afirma Naida. A professora explica que o hospital tem verba, arrecadada via Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape/UFG), para manter funcionários com regime de pagamentos por diária, o que não deve prejudicar a limpeza da clínica nos próximos dias.
Por enquanto, de acordo com o sindicato, a Universidade deve contratar uma empresa em caráter emergencial para que a paralisação não prejudique o funcionamento dos Campi e, em seguida, deve ser aberto um novo processo de licitação para contratação de uma nova empresa. "A UFG não pode escolher quem vai servir a essa nova empresa contratada, portanto famílias estão agora totalmente desamparadas. Alguns estão, inclusive, sem dinheiro para alimentar os filhos", lamenta Hamilton. Segundo a assessoria da Universidade, a reitoria promoverá, nessa terça-feira (26/7), reunião com os advogados da UFG para buscar a melhor forma para tratar o assunto, sem deixar os trabalhadores desamparados.