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Empoderamento feminino

"Não teremos sustentabilidade sem equidade", diz Andrea Álvares

Executiva ministrou palestra em Goiânia | 24.03.17 - 07:34 "Não teremos sustentabilidade sem equidade", diz Andrea Álvares (Foto: Letícia Coqueiro / A Redação)
Kamylla Rodrigues
 
Goiânia - Andrea Álvares é uma pequena grande mulher. Pequena na estatura, mas grande no profissionalismo. Já esteve à frente de grandes marcas multinacionais e, hoje, é vice-presidente de Inovação e Marketing da Natura. Entrou na lista das mulheres mais poderosas do Brasil segundo a Revista Forbes, em 2016. A carreira de sucesso e a criação dos três filhos a fez fonte de inspiração para muitas mulheres. Nesta semana, ela esteve em Goiânia para compartilhar as experiências profissionais e pessoais durante o circuito de palestras promovido pelo Sebrae Goiás. 
 
No palco, Andrea citou algumas dificuldades que a fizeram mais forte, como uma lesão nos tempos de bailarina e uma doença no final da terceira gravidez. "Uma semana antes de um teste para uma grande companhia eu lesionei o pé. Isso me desestabilizou, porque meu plano era o Ballet. Na época eu não sabia o que fazer e mergulhei na administração tentando me encontrar. Anos após isso, na minha terceira gestação, eu fui diagnosticada com toxoplasmose. Eu estava sozinha, fora do Brasil e tive que voltar para ser acompanhada aqui. Foram fases difíceis e por isso hoje eu digo que não dá pra ser uma super mulher. Precisamos sim de muita ajuda", reforçou. 
 
Em entrevista ao Jornal A Redação, Andrea falou sobre a visão de sustentabilidade da maior multinacional brasileira do setor de perfumaria, cosméticos e higiene pessoal e interligou à temática do evento: o empoderamento feminino. Ressaltou o papel do homem, a maternidade, equidade de gênero e de salários e, emocionada, lembrou da criação da mãe, Raquel Teixeira, com a qual ela dividiu o palco pela primeira vez. Secretária de Educação, Cultura e Esporte de Goiás, Raquel Teixeira também participou do evento. 
 
Formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Andrea iniciou sua carreira na PWC quando  ainda estava na faculdade. Depois, foi para a Procter & Gamble, onde ficou por sete anos e assumiu o primeiro cargo de liderança, como gerente de marca. De lá, embarcou na PepsiCo, onde, durante 15 anos, passou por diversas áreas até assumir a posição de diretora geral do Negócio de Snacks na América do Sul, assim como a posição de gerente geral da Divisão de Bebidas e Snacks no Brasil.
 

(Foto: Letícia Coqueiro / A Redação)
 
 
Confira a entrevista na íntegra de Andrea ao Jornal A redação: 
 
Jornal A Redação - Qual a reflexão que você procurou causar na plateia?
Andrea Álvares- A gente falou sobre os avanços e desafios que ainda existem no processo de empoderamento feminino e igualdade de gêneros. Falei um pouco da minha carreira e entrei no contexto cultural da diferença que a gente ainda vê hoje na sociedade. Eu procurei compartilhar minhas experiências tanto no mundo dos negócios, quanto na vida pessoal e final trazer um pouco de esperança. Acredito que houve várias mudanças no pensamento patriarcal e machista e isso nos dá bons motivos para acreditar que outras virão. Eu também quis mostrar a elas que a Natura é uma multinacional atuante na equidade de gêneros e que isso é importantíssimo para todos conectados à rede da empresa. 
 
 
Jornal A redação - A Natura foi a primeira de capital aberto do mundo a alcançar a certificação B Corp (empresa que alia desenvolvimento econômico à promoção do bem-estar social e ambiental). Como a sustentabilidade funciona na prática?
Andrea - A Natura é um exemplo de empresa que não tem a sustentabilidade só no discurso, mas também na prática. Isso é evidente desde o padrão de produção até vários componentes da forma como atuamos.  A Natura publicou sua visão de sustentabilidade e, publicamente, se comprometeu a cumprir algumas metas em 2020. Dentro de sustentabilidade, a equidade de gêneros e a diversidade faz parte da agenda. Não teremos um mundo sustentável se ele não for mais equitativo e mais justo. Os temas estão interligados. Por isso, um dos objetivos da empresa é realmente ter um percentual expressivo de mulheres em cargos de liderança. A meta é chegar a 50/50. Estamos em 35 e acredito que vamos conseguir. 
 
Jornal A redação - Em algum momento, a maternidade foi obstáculo na vida profissional?
Andrea - Não, mas eu tive muita sorte. Eu trabalhava em empresas multinacionais cuja as diretrizes com relação a essa questão são bem delineadas e que entendem que a maternidade não é uma barreira para a qualificação. No meu caso, eu tive bastante apoio, mas esta não é a realidade da maioria das mulheres e empresas. A natura foi pioneira em apoiar a mulher com filhos pequenos. Ela construiu berçário nos escritórios dando acesso às mães colaboradoras que têm filhos com idade até 3 anos. Isso não é apena um gesto de solidariedade, é uma mudança estrutural, é dar condições para que a pessoa possa conciliar a paternidade, maternidade e a carreira. 
 
Jornal A redação - É possível mudar a mentalidade machista?
Andrea - Eu acho super possível e atual. É importante a gente falar disso, porque no silêncio a gente não provoca mudanças. Avançamos mas não significa que chegamos onde seria justo. Então precisamos continuar falando disso até gerar uma consciência coletiva. Os dados mostram que o machismo é uma construção social e cultural. O homem cresce ouvindo que ele não pode chorar. Desde crianças, eles são tolhidos de desenvolver a capacidade de mostrar sensibilidade. Isso precisa ser mudado e não será na inércia. Os estudos mostram que, se não fizermos nada, vai demorar 100 anos para que haja igualdade no mundo. E isso tem um custo emocional, social e econômico para cada dia que a gente não resolve esse problema. 
 

(Foto: Letícia Coqueiro / A Redação)
 
 
Jornal A redação - A Natura aplica a equidade salarial?
Andrea - As pessoas são contratadas dentro de uma faixa salarial e ao longo de sua carreira progridem por capacidade. Não existe nenhum viés pró-homem ou pró-mulher. Existe meritocracia. Na Natura somos muito atentos a isso. 

Jornal A redação - Foi a primeira vez que você dividiu o palco com sua mãe, que também possui uma carreira de sucesso. Como foi a experiência?
Andrea - Ela é minha ídola.  Foi a mulher que eu sempre admirei. Até me emociono um pouco, porque a base que meus pais me deram de que de fato eu poderia ser o que quisesse indenpendente de ser mulher, me fez ser o que sou hoje. Eles me ensinaram que ser mulher nunca seria uma limitação. Isso fez toda diferença pra minha autoconfiança e autoestima. Me deu coragem para encarar muitos desafios. 
 
Jornal A redação - Qual foi a mensagem que você quis deixar para as pessoas que te ouviram?
Andrea - De que dedicação, curiosidade, garra, paixão e coragem são atitudes que abrem portas. Nunca deixar de querer aprender. Ser enponja, aproveitar todas as oportunidadses que a vida te dá e sair melhor de cada experiência.
 

Comentários

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  • 26.03.2017 07:45 Elenita Gomes

    A Andrea jogou luz para muitas mulheres que ali estavam e batalham dia após dia por uma equidade social. Devemos sim sempre ser esponjas e aproveitar as oportunidades para na vida .

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