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Despedida

Procura por cremação de animais aumenta em Goiás

Serviço pode ultrapassar R$ 800 | 25.05.16 - 18:37 Procura por cremação de animais aumenta em Goiás (Foto: divulgação)  
Kamylla Rodrigues
 
Goiânia –
 “Luca era brincalhão, educado, obediente, adorava correr, brincar e nadar. Só faltava falar. Quando filhote, como qualquer labrador, destruiu sofá, óculos, tapete e paredes. Comia muita coisa errada, como enfeites de árvore de Natal, mas amava frutas. Parecia até um papagaio. Tomate, então, ele babava de molhar o chão do tanto que gostava. Ele nos ensinou um amor incondicional”.
 
A descrição emocionada é da comunicadora Nívia Barbosa, dona do animal que após quase 11 anos de vida se despediu da família devido a um câncer nos ossos. Luca morreu em setembro de 2012 e Nívia optou pela cremação do cão porque estava prestes a se mudar de São Paulo para Goiânia e queria trazer uma lembrança do seu “primeiro filho”.


Nívia e a família (Foto: Nívia Barbosa)
 
“Ele era parte da nossa família. Viu minhas duas filhas crescerem e não fazia sentido eu o enterrar em são Paulo, já que estava saindo da cidade. Queria trazê-lo comigo e a saída foi cremar”, explicou Nívia. Na época, a empresa paulista de cremação enviou dois saquinhos com as cinzas para a família. “Um eu distribuí no jardim que ele amava brincar na frente da casa onde a gente morava e o outro eu trouxe para Goiânia. Fiquei mais de um ano guardando as cinzas dele até que decidi distribuir em um lugar que eu tenho certeza que ele amaria conhecer”. As cinzas de Luca foram jogadas no lago do Parque Areião.
 
Assim como São Paulo, outras capitais brasileiras já contam há algum tempo com locais de cremação de animais. Em Goiás o serviço é novo. Iniciado em 2014, o procedimento é ofertado por apenas uma empresa privada em todo o Estado, o Cremapet, do Complexo do Vale do Cerrado, localizado em Aparecida de Goiânia. Até este ano, mais de 500 bichos foram cremados no espaço e demanda pelo serviço, segundo o supervisor do crematório, Eliézer Dias Silva, está crescendo.
 
Só nos primeiros quatro meses deste ano, o aumento comparado ao mesmo período de 2015 foi de 57%. De janeiro a abril de 2016 foram 162 animais cremados, sendo 55 deles só no mês passado, recorde de procura pelo serviço registrado desde a implantação do procedimento. “Acreditamos que essa demanda, que parecer ser constantemente crescente, se deve à conscientização dos proprietários em fazer o correto com seu animal, além da divulgação. Esse serviço é ecologicamente correto, não agride o meio ambiente, não polui o solo, lençol freático e o ar”, afirmou Eliéser
 
Para a veterinária Mônica de Lima Araujo, a cremação é o procedimento mais correto no descarte do animal, principalmente daqueles que possuem alguma zoonose. “Animais doentes contaminam o solo e a água quando enterrados no fundo do quintal ou em lotes baldios, por exemplo, e isso pode desenvolver efeitos graves nos seres humanos. Além da questão sanitária, a cremação é um processo de respeito ao pet”, disse.
 
Ela lamenta que o procedimento seja realizado apenas por uma empresa, o que eleva o custo. “O valor desse serviço não está acessível a todo mundo. O ideal seria que as próprias prefeituras tivessem um forno de cremação para fazer o descarte desses animais de forma correta e sem agredir o meio ambiente. Isso deveria, inclusive, ser uma prioridade do gestor público”, acrescentou.
 
Custo
O serviço de cremação no Cremapet custa de R$ 400 a R$ 600, dependendo do peso do animal. Esse valor pode ser maior se o interessado desejar o translado do animal até o crematório – R$ 75 de segunda a sexta e R$ 150 aos sábados, domingos e feriados – e uma urna de acrílico – R$ 80 comum e R$ 120 personalizada. Além da cremação, o local oferece uma sala para que os donos possam se despedir do animal.


Cremapet oferece opções de urnas para as cinzas (Foto: Cremapet)
 
A empresa faz pacotes fechados para os donos, que devem negociar os valores junto ao Cremapet, e ainda planos de cobertura total para serem pagos mensalmente. Esta foi a opção da funcionária pública Petronilia Noleto Cabral para seus dois hamsters e um furão. “Já, inclusive, quitei as cremações dos meus três animais”.


Maico foi dos hamsters cremados (Foto: Petronilia Noleto)
 
Petronília já cremou oito hamsters no Cremapet de Aparecida de Goiânia e guarda as cinzas de cada um nas urnas. “Essas recordações matam um pouco da saudade que a gente sente deles, porque são membros da família e membros da família a gente não joga no saco de lixo ou enterra de qualquer jeito”, ressaltou.
 
Prefeitura
A Prefeitura de Goiânia informou que a administração não estuda a instalação de um crematório público na capital. O serviço de descarte de bichos é feito pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que recolhe o animal, encaminha para tratamento com resíduos hospitalares em Brasília e em seguida descarta no aterro sanitário.

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