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Entrevista

Francisco Júnior: "O principal problema de Goiânia é a falta de gestão"

PSD definirá pré-candidato neste mês | 06.02.16 - 08:12 Francisco Júnior: "O principal problema de Goiânia é a falta de gestão" (Foto: Lucas Moraes/A Redação)
 
Sarah Mohn
 
Goiânia – Avaliando que a capital do Estado de Goiás está "desgovernada", o deputado estadual Francisco Júnior (PSD) acredita que o maior problema da cidade é hoje a total ausência de gestão municipal. Segundo ele, todos os problemas vivenciados pela população, como insegurança pública, caos no trânsito e má qualidade do ensino público e dos serviços de Saúde, são resultado da falta de planejamento urbano.

"Goiânia tem bons projetos, mas que não são executados ou que não chegam ao fim. E não chegam ao fim por falta de gestão. O grande pião de tudo isso é a dificuldade de articular uma gestão competente. Não é só falta de dinheiro, acima de tudo é a falta de gestão. A prefeitura de Goiânia funciona como um barco à deriva, ou seja, um barco sem capitão", afirma.
 
Pré-candidato do PSD à prefeitura de Goiânia, Francisco Júnior não desconversa quando questionado sobre a atual administração e é categórico ao afirmar que o prefeito Paulo Garcia é "ruim e desarticulado". "O prefeito é uma boa pessoa, porém, desarticulado com a gestão. Ele não tem conseguido conduzir como um maestro. Ele deve conduzir todos os serviços como uma orquestra, se um estiver desarticulado prejudica a música, prejudica tudo."
 
Em entrevista ao jornal A Redação, Francisco Júnior disse que o pré-candidato do PSD será definido até o fim de fevereiro. Falou ainda que não acredita que todos os pré-candidatos anunciados para a disputa majoritária vão se confirmar candidatos. Criticou também o ex-prefeito Iris Rezende. "Acho que ele fez muita coisa importante na cidade, mas para esse momento eu entendo que já não é a melhor alternativa."
 
Advogado com especialização em Comércio Exterior e mestrado em Desenvolvimento Urbano e Planejamento Territorial, Francisco Júnior ingressou na vida pública em 2005. Foi secretário municipal de Planejamento, em 2005, e vereador eleito em 2008. Atualmente, exerce o segundo mandato como deputado estadual.
 
 

(Foto: Lucas Moraes/A Redação)
 
Confira a entrevista completa:
 
Jornal A Redação: Junto ao deputado Virmondes Cruvinel, o senhor é um dos nomes do PSD para a prefeitura de Goiânia. Por que quer ser prefeito?
Francisco Júnior: O partido tomou a decisão de ter candidato a prefeito. Eu fui secretário de Planejamento, sou advogado com especialização na área de urbanismo, escrevi uma monografia de mestrado sobre a gestão de Goiânia. Tive a oportunidade, enquanto secretário, de coordenar a elaboração do Plano Diretor de Goiânia, em 2007. Então, eu me envolvi bastante e me sinto maduro. Tenho 46 anos, nasci em Goiânia, conheço a cidade e gostaria muito de ver as ideias, que a gente vem desenvolvendo ao longo do tempo, executadas na cidade.
 
AR: O PSD cogita realizar prévias para definir o candidato?
Até o momento nossa decisão é pelo consenso. Não estamos pensando em prévias agora. Eu entendo que essa decisão deve partir da executiva. Eu e o deputado Virmondes temos conversando bastante. A intenção é ter uma solução até o final de fevereiro.
 
AR: Se o senhor tivesse que citar os três principais problemas da capital, quais seriam?
O problema mais grave da cidade é a falta de gestão. Goiânia se apresenta como uma cidade desgovernada. A equipe do governo municipal passa uma imagem de que está desencontrada, não tem programas prioritários. Cada órgão da prefeitura cuida da sua área, mas eles não se interrelacionam. A gente percebe uma falta da presença institucional da prefeitura em todas as áreas.  Os outros dois problemas derivam dessa falta de gestão, que é o cuidado com a cidade, a manutenção da cidade. A falta de gestão deixa a cidade suja, esburacada, escura. Outro aspecto é a falta de prestação de serviço na área da saúde. Tudo isso gera um sentimento de insegurança muito grande.
 
AR: Não só sentimento. Os números mostram que Goiânia é uma cidade violenta.
Mas a prefeitura é responsável pelo sentimento. A polícia na rua é dever do Estado. Agora, se eu estou andando por uma rua escura onde o mato do lote baldio está imenso, onde o ponto de ônibus está quebrado, onde eu não sei que horas o ônibus vai passar para me pegar, eu não sei quanto tempo eu vou ficar sozinho naquele ponto, onde eu não tenho esse ambiente que me proporciona o aspecto de segurança...  Além  da insegurança real, eu ainda vivo um estresse e uma tensão de insegurança que aumenta muito essa situação. O cidadão de Goiânia hoje vive mal, em um lugar mal cuidado e estressado, em um trânsito difícil, com a cidade suja e com medo.
 
AR: Por que o senhor acha que Goiânia chegou a esse ponto?
Falta de planejamento. Goiânia tem bons projetos, mas que não são executados ou que não chegam ao fim. E não chegam ao fim por essa falta de gestão. O grande pião de tudo isso é a dificuldade de articular uma gestão competente. Não é só falta de dinheiro, acima de tudo é a falta de gestão. A prefeitura de Goiânia funciona como um barco à deriva, ou seja, um barco sem capitão.
 
AR: O prefeito Paulo Garcia é um mau gestor?
É ruim, é desarticulado. O prefeito é uma boa pessoa, porém, desarticulado com a gestão. Ele não tem conseguido conduzir como um maestro. Ele deve conduzir todos os serviços como uma orquestra, se um estiver desarticulado prejudica a música, prejudica tudo.
 
 

(Foto: Lucas Moraes/A Redação)
 
AR: Em entrevista ao A Redação, Vanderlan Cardoso disse que não teria problema em ser seu vice, caso o senhor viabilizasse sua candidatura a prefeito. Há tentativa de composição com Vanderlan?
A conversa com o Vanderlan foi proveitosa. Eu fiquei muito agradecido à referência do Vanderlan e reconheço que é uma opinião de qualidade, mas ainda não avançamos para esse passo. Primeiro eu preciso ser o candidato do PSD. Conseguindo até o final do mês consolidar a minha pré-candidatura, naturalmente eu vou fazer uma conversa mais profunda com o PSB, com PTB, com PSDB, com todos. Nós precisamos avaliar um projeto de gestão alternativa, não simplesmente nomes. Infelizmente, no Brasil, os nomes ficam maiores do que os projetos, por isso que temos dificuldades de planejar a cidade, o Estado e o país.
 
AR: Se o senhor for confirmado o nome do PSD, abria mão da cabeça de chapa em prol de uma coligação?
Tudo tem que ser conversado. O PSD  quer ter a cabeça de chapa, porque nós acreditamos muito no nosso projeto. Acreditamos que temos soluções para vários problemas da cidade. Hoje, é difícil dizer que, se eu conseguir que o partido confie em mim para encabeçar uma chapa, nós não teremos nenhum projeto de sair vice.
 
AR: O senhor acredita que todos esses pré-candidatos anunciados vão se confirmar candidatos? 
Historicamente, isso não acontece. Naturalmente você vai formando grupos. Pode acontecer, hoje estão todos muito determinados e fortes. Eu acho positivo varias candidaturas, porque o eleitor precisa ouvir a visão que cada um tem para formar a sua opinião. Provavelmente, quem for para o segundo turno assume esses compromissos. O que não pode acontecer é a gente fazer uma pré-campanha exclusivamente de nomes.
 
AR: Sendo o PSD um partido da base aliada do governo estadual, como está a participação do governador na pré-campanha?
O governador tem se mantido distante dessa discussão, até o momento. Eu conversei com ele, comuniquei a minha intensão de trabalhar. Ele incentivou e estimulou, assim como fez com os outros. O governador está muito focado e preocupado com a gestão do Estado. Ele está tomando decisões necessárias e difíceis, eu tenho acompanhado isso como deputado.
 
AR: Algum partido já declarou apoio à sua candidatura?
No ano passado, eu conversei com todos os partidos. Todos têm uma disposição muito grande de conversar, mas esse é um momento interno. Ainda não é o momento de coligação. É um momento muito particular de cada partido decidir como vai participar do pleito de 2016. Os partidos estão muito voltados para a montagem das chapas para vereador, além das chapas majoritárias. Não são todos que vão lançar candidatos a prefeito, mas a vereador eu creio que todos vão lançar.
 
AR: O senhor militou ao lado de Iris Rezende (PMDB) no início de sua carreira política. Como seria enfrentá-lo agora na disputa municipal majoritária?
Eu não encaro e nem enxergo nenhuma pessoa como minha adversária. O ex-prefeito é um homem de muitas qualidades, uma pessoa que eu admiro e que tem sua história. Temos que reconhecer e valorizar. O que eu discuto são as ideias. Acho que ele fez muita coisa importante na cidade, mas para esse momento eu entendo que já não é a melhor alternativa.
 
AR: O senhor é uma liderança da Renovação Carismática Católica em Goiás, inclusive já foi coordenador. Isso não limita seu eleitorado em uma disputa majoritária?
Eu participo do movimento há 26 anos e fui coordenador de Goiânia, fui coordenador do Estado de Goiás de 2000 a 2004, se não me engano. Defendo valores da honestidade, da ética, da probidade tanto como pai, como homem, como homem público. A minha história comprova que eu nunca fiz política para os católicos. Eu faço política defendendo os valores católicos, os valores cristãos. Ser católico não impede que eu tenha diálogo com evangélicos, espíritas ou com qualquer outra religião.
 
AR: O senhor disse que o principal problema de Goiânia é a falta de planejamento. Esse será o mote da sua campanha?
Qualquer um que queira levar uma candidatura e a gestão de Goiânia a sério vai ter que tratar disso. Goiânia está descoordenada, desarticulada. Hoje, a  sensação que temos da cidade é que ela está suja, apagada, confusa e bagunçada. Isso se repercute em aspectos mais graves. Precisamos gerar políticas públicas e trabalhar a partir das diretrizes, então teremos um plano de gestão para Goiânia.
 
AR: Qual sua opinião sobre a proposta de implantar a gestão compartilhada com Organizações Sociais (OSs) na saúde municipal?
É um caminho que eu acredito que está sendo bem atendido no Estado. Eu acho que pode ser interessante, a partir do momento em que a gente conheça e faça as adaptações necessárias. O modelo de gestão que eu proponho é o da governança. Com as Organizações Sociais, você consegue queimar algumas etapas desse aspecto e melhorar o acesso do cidadão ao serviço.
 
AR: O senhor levaria OSs para a educação municipal?
O modelo da OS na Educação em Goiás é completamente diferente da OS da Saúde. É um projeto de gestão compartilhada, ela não é transferência de responsabilidade. A partir da experiência que vamos ter no Estado, eu avalio que pode ser algo muito interessante para o município, Desde que feitas as devidas adaptações. As OSs vão cuidar da parte administrativa, não da parte pedagógica.
 
AR: Na área de mobilidade urbana, metrô é uma solução para Goiânia?
É uma questão técnica e financeira. O metrô, sem duvida nenhuma, é o melhor meio de transporte, mas é caro e demora décadas para poder ser implantado. Precisamos entender a mobilidade urbana em Goiânia e na região metropolitana. Preciso de informações e dados, precisamos saber de onde as pessoas estão vindo e para onde elas vão. Eu preciso de um plano de gestão da mobilidade com clareza para que cada cidadão faça a sua opção. Temos que entender o perfil do usuário, porque temos que fazer a gestão da cidade de acordo com o tempo.

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