Mônica Parreira
Goiânia - A Justiça de Goiás acompanhava mensalmente o progresso clínico de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 29 anos. O homem, que sofre de esquizofrenia, é acusado de matar o cartunista Glauco Vilas Boas e o filho dele, Raoni Vilas Boas, em 2010. Na segunda-feira (1/9), Cadu foi preso em Goiânia com um carro roubado e agora é investigado por uma tentativa de latrocínio e também por latrocínio, dois crimes que aconteceram no Setor Bueno, na capital goiana.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (2/9), a juíza Telma Aparecida Alves, da 4ª Vara de Execuções Penais, explicou o caso. Depois de matar o cartunista e seu filho, em Osasco (SP), o jovem foi diagnosticado com esquizofrenia e não chegou a ser julgado na época, pois a Justiça o considerou inimputável.
Seu pai, Carlos Grech Nunes, solicitou a transferência de Cadu a Goiânia, cidade onde mora. A partir de então, o acusado foi incluído no Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili). Baseada em laudos psiquiátricos e avaliação médica feita pelo Tribunal de Justiça de Goiás, foi a juíza quem decidiu conceder a cessação de periculosidade de Cadu, em agosto de 2013.
"Ele foi solto com base nos laudos psiquiátricos. A Justiça estava acompanhando o quadro de Cadu mensalmente. O último relatório que recebi foi em julho, onde o psicólogo atestou que ele mantinha a esquizofrenia sob controle", disse.
"Ele estava fazendo faculdade de psicologia e até chegou a trabalhar em uma empresa de telefonia, mas quando foram assinar a carteira de trabalho, viram que ele cumpria medida de segurança e não o contrataram", completou.
Criminoso comum
Cadu é investigado por uma tentativa de latrocínio na noite de quinta-feira (28/8), no Setor Bueno. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Thiago Damasceno, o depoimento de testemunhas apontam que o homem teria atirado contra o agente prisional Marcos Vinícius, que está internado em estado grave no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), no momento em que tentava roubar seu carro, um VW Saveiro.
O suspeito também estaria envolvido com uma quadrilha de roubo de veículos na capital goiana. O delegado ainda investiga a participação de Cadu no assassinato do jovem Mateus Pinheiro, de 21 anos, na noite de domingo (31/8). A vítima foi baleada e acabou morrendo. Seu carro, um Honda Civic, estava sendo utilizado por Cadu no momento em que foi preso, na tarde de segunda-feira (1/9). Um comparsa, Ricardo Pimenta, também foi detido.
Cadu poderá ser indiciado por porte ilegal de arma, tentativa de homicídio e receptação. Ainda segundo Thiago Damasceno, o suspeito seria incapaz de viver em sociedade. "Ele parece ser mais dissimulado do que propriamente deficiente mental. Eu não tenho conhecimento para diagnosticar, mas creio que não tenha condições de conviver em sociedade".
De acordo com a magistrada Telma Aparecida Alves, nesses casos Cadu pode ser indiciado como um criminoso comum. "Caberá ao juiz responsável decidir o que fazer neste caso. Se, por acaso, o laudo atestar que no momento da conduta ele tinha condição de perceber o que estava fazendo, o juiz pode vir a condená-lo. Se ficar atestado que ele estava com algum distúrbio mental, poderá ser aplicada a medida de segurança novamente", explicou.