O tenente repreendeu o delegado e disse que ele causou tumulto e atropelou os direitos individuais de Edson Lins. "Todo oficial de polícia tem direito ao porte de arma. É uma obrigação deste agente público [delegado Waldir] ter conhecimento da lei", disse durante o link. Anésio explicou ainda que o policial estava em horário de folga e não cometeu nenhum tipo de transgressão ou crime.
Em contrapartida, o delegado Waldir Soares disse que é uma pena que um coronel da PM desconheça a lei e não entenda que o policial estava bêbado e armado.
Entenda o caso
O delegado Waldir Soares comandou entre os dias 4, 5 e 6 de abril a Operação Tolerância Zero. A ação foi realizada nos setores Pedro Ludovico, Alto da Gloria, Vila Redenção, Serrinha, Jardim Esmeralda e Marista, tendo como objetivo reprimir o consumo de álcool por adolescentes, o porte de arma irregular e a violência praticadas por seguranças de bares e boates contra clientes.
O policial militar Edson Lins de Siqueira Filho foi preso na noite de sexta-feira (6/4) durante a operação, e a ordem do delegado Waldir Soares foi justificada pelo fato do tenente estar portando uma sem registro e ingerindo bebida alcoólica, o que é proibido pelo estatuto do desarmamento. Além disso, segundo Waldir, o policial portava uma pistola 9mm, de uso exclusivo da Polícia Federal e do Exército.
Segundo Waldir, quase que imediatamente o 8º Distrito Policial de Goiânia foi cercado por viaturas da PM, enquanto o tenente prestava esclarecimentos. "Ao chegar na Delegacia, deparamos com 18 viaturas, com 36 policiais militares, 4 oficiais, um deles inclusive de bermuda, fora de serviço, em motim, que impediram a continuidade das investigações e resgataram aquele oficial, mantendo as viaturas fechando a Avenida 2ª Radial, prejudicando a produção de outras provas", disse o delegado.
Nota Polícia Militar
O documento enviado à imprensa diz que o policial militar ofendido vai buscar a reparação dos danos e abusos sofridos nas esferas administrativa, penal e civil, iniciando o processo com a representação em desfavor do delegado Waldir Soares perante a Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública e Justiça (SSPJ) e a Corregedoria da Polícia Civil.
"O Comando da Polícia Militar considera este lamentável episódio um fato isolado e reafirma sua consideração e apreço institucional pela Polícia Civil, reconhecendo a importância, o trabalho, o compromisso e os esforços despendidos em prol da segurança pública por todos Delegados, Agentes, Escrivães e demais servidores que compõem esta laboriosa coirmã, garantindo a continuidade de todas as parcerias e do processo de integração entre as forças policiais goianas", traz a nota.
Segundo a PM, a corregedoria já investigando o caso, mas Waldir Soares afirmou que vai solicitar que o Ministério Público de Goiás (MP/GO) acompanhe de perto a ação da PM.
Ameaça
No final da manhã de segunda-feira (8/4) o delegado Waldir Soares, informou que seis viaturas da Rotam passaram duas vezes em frente ao 8º Distrito Policial e permaneceram no local por alguns minutos.Waldir disse que cada viatura estava com seis policiais armados e giroflex ligado na intenção de coibir os policiais civis.
O delegado Waldir Soares também emitiu uma nota em resposta ao posicionamento da PM. "Esta ação de grupo de Policiais Militares, covarde, indisciplinada, sem hierarquia, contrária a lei, é fato repetido em nosso Estado, como a intimidação da Organização Jaime Câmara, Assembleia Legislativa de Goiás, a Ordem de Advogados do Brasil, Religiosos, Jornalistas, especialmente ao Valério Luís, Policia Federal, Ministério Publico, Juízes e ate praças da policia militar conforme imagens recentes da mídia, bem como aos cidadãos. Permanece a impunidades de autores de condutas ilícitas e muitos ainda estão em atividade operacional", trouxe a nota.