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José Cácio Júnior
Embora o PSD faça parte da base do governo estadual, o secretário da Casa Civil, Vilmar Rocha (DEM, futuro presidente goiano do PSD), afirma que a legenda terá identidade própria e não será “guiada” pelo PSDB do governador Marconi Perillo. Durante reunião com os deputados estaduais que decidiram migrar para a legenda nesta quarta-feira (28/9), Vilmar apresentou a Proposta Emenda Constitucional (PEC) que prevê a criação de uma comissão constituinte no Congresso Nacional.
De acordo com o secretário da Casa Civil, o PSD é formado por pessoas que possuem histórico político, por isso terá vida própria e não será um partido-satélite do PSDB. “Esta distinção clara vai fortalecer o partido”, completa. Vilmar considera como reciclagem no meio político a criação da nova legenda. Ele acredita que o PSD pode apresentar nomes e projetos novos para fugir do que classifica como “mesmice”, em que se encontra a política nacional.
Rebatendo as críticas de que o PSD é apenas mais um partido, Vilmar citou a quantidade de deputados estaduais, federais e prefeitos da legenda para se justificar. “O PSD já nasce forte politicamente”. Integrantes da nova legenda definiram que vão entrar Justiça para requerer o tempo de TV proporcional à quantidade de deputados federais do partido.
Vilmar Rocha comparou o pedido do tempo de TV com a possibilidade de os parlamentares mudarem para um partido que está sendo criado sem perder o mandato. “Se a lei permite que ele mude de partido, seria lógico que o deputado levasse seu ativo, que é o tempo de TV, para onde está indo”, argumenta. Segundo a legislação, o tempo de TV é calculado conforme a bancada federal eleita pelos partidos. O Ministério Público Eleitoral já enviou parecer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negando a partidos novos os mesmos direitos que legendas criadas por fusão possuem.
Constituinte
A criação de uma comissão constituinte é a primeira bandeira nacional da nova legenda. O objetivo é reformular a Constituição Federal, criada em 1988. Vilmar Rocha explica que as modificações resultariam em segurança jurídica em diversas áreas. Foram feitas 73 emendas na Constituição. “A ideia é criar um texto que regulamente decisões jurídicas no país a médio e longo prazos.”
Seria formada uma Câmara Revisional para formular a reforma da Constituição em dois anos. As cláusulas pétreas da lei não seriam modificadas.
Centro longe de radicalismos
Vilmar Rocha teceu críticas veladas ao DEM, partido em que estava, ao comentar a ideologia de centro do PSD anunciada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, idealizador da nova sigla. Como o PSD recebe políticos de diversos partidos, Vilmar Rocha entende que o fato de ser ideologicamente de centro é um “espaço de convergência que foge do radicalismo”.
“O PSD não vai ter preconceito, não vai ser radical. Temos que ter uma espaço de convergência aberta. Partidos que partem para os extremos (direita ou esquerda) se tornam irrelevantes”, afirmou o secretário da Casa Civil. Questionado se a explicação sobre a ideologia do partido era uma crítica indireta ao presidente goiano do DEM, deputado federal Ronaldo Caiado, Vilmar preferiu não se manifestar. “Pula essa”, afirmou, em tom de brincadeira.
Durante a semana Caiado acusou Vilmar Rocha de ter usado a estrutura da Casa Civil para viabilizar a formação do PSD em Goiás. Vilmar e Caiado viviam em divergências no DEM por conta de suas posições políticas. O secretário da Casa Civil citou as duas intervenções do diretório nacional do DEM em Goiás para explicar que os integrantes do PSD terão liberdade para definir as alianças na eleição de 2014.
As duas intervenções aconteceram em 2004 e 2006. Na primeira o diretório nacional do então PFL definiu a candidatura de Raquel Azeredo à prefeitura de Goiânia. Na segunda a executiva do DEM entrou na discussão em favor do senador Demóstenes Torres, que disputou a eleição ao governo do estado.