José Cácio Júnior
A exemplo da defesa do ex-senador Demóstenes Torres (sem partido), advogados do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, adiantaram que tentarão contestar a legalidade das provas colhidas pela operação Monte Carlo da Polícia Federal (PF). As audiências ocorrem nesta terça-feira (24/7) e na quarta-feira (25/7), na 11ª Vara da Justiça Federal, em Goiânia. Uma das principais alegações da defesa será quanto a autorização para as escutas telefônicas de Cachoeira e seu grupo.
A maioria das provas da operação Monte Carlo é composta por grampos telefônicos em que Cachoeira está envolvido. O objetivo inicial da investigação era desmantelar a exploração de jogos de azar em Goiânia e cidades da região do Entorno do Distrito Federal, como Valparaíso de Goiás.
No entanto, com o decorrer das escutas, nomes de políticos foram aparecendo nas conversas telefônicas. Entre eles Demóstenes, que perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar.
Nas audiências, os advogados irão contestar a autorização das escutas. Um dos argumentos é que as investigações começaram em Valparaíso de Goiás e contaram com o apoio da PF do Distrito Federal. Os promotores da região do Entorno temiam que os policiais militares, civis e federais envolvidos pudessem ser avisados da investigação se os trabalhos fossem comandados pela superintendência da PF em Goiás.
"Já que foram identificados policiais de Valparaíso, a PF do Distrito Federal é que deveria comandar as investigações e autorizar as escutas telefônicas, não um juiz goiano", afirma uma pessoa próxima a Cachoeira que preferiu não se identificar. Um dos advogados do empresário que estava no local, Augusto de Arruda Botelho, não quis falar com a imprensa sobre a estratégia da defesa na audiência.
Depressão
Preso há 144 dias em Goiânia, Cachoeira foi transferido do presído da Papuda, em Brasília, para a capital goiana no final da manhã para se preparar à audiência. Ele foi transferido por um comboio terrestre às 9h e chegou próximo ao meio-dia em Goiânia.
Cachoeira passou no Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito e foi para a superintendência da PF. Lá, almoçou arroz, feijão, batata e carne moída às 14h. O empresário teve a companhia do advogado, que ficou na cela por meia hora.
Embora não tenha gravado entrevista com a imprensa, Augusto Botelho disse que Cachoeira está abatido - o empresário perdeu cerca de 34 quilos desde quando foi preso no dia 29 de fevereiro - e tem tomado remédios controlados.
Cachoeira também recebeu a visita do seu psquiatra, Antônio Frota, que ficou na cela por cerca de meia hora. Segundo Augusto Botelho, o empresário não dorme e, entre antidepressivo e asiolíticos, toma quatro remédios: Rivotril, Frontal, Frontal RX e Pondera. Depressão, explicou o advogado, é uma das patologias que Cachoeira apresenta.
A mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, também foi ao prédio da PF, mas não pôde visitá-lo. A PF autoriza visita de familiares de presos somente nas quinta-feiras. Andressa escreveu um bilhete e repassou para Carlos Cachoeira, por meio do advogado (
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Audiência
Cerca de 80 pessoas, entre policiais e agentes carcerários da PF serão mobilizadas para os dois dias de audiência no prédio da Justiça Federal, na Rua 19 no Centro. Segundo um dos policiais que participou de reunião com a equipe, explica que um grupo de policiais devem sair do prédio da PF às 6h de terça para montar esquema de segurança. O comboio de Cachoeira deve sair às 8h. O itinerário, de cerca de 3 km, não foi revelado por questões de segurança.
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