Lucas Cássio
Goiânia - Reconhecido internacionalmente por sua expressão artística singular, o goiano Duda Paiva fechou patrocínio para os próximos quatro anos com o Ministério da Cultura da Holanda para a DudaPaiva Company. Com espetáculos apresentados por todo o mundo, Duda contou em entrevista exclusiva ao
Jornal A Redação que uma das exigências do Fonds Voor de Podium Kunst (FPK), o edital que estaelece as regras para o patrocínio, era ter uma carreira consolidada e produzir projetos destinados ao público holandês. Conforme destacou o artista, os projetos que serão executados ainda estão sendo definidos. "Agora eu preciso focar um pouco mais na Holanda", disse.
Durante a entrevista, Duda Paiva, que visitou a sede do jornal, falou sobre outra ideia em andamento. Ele revelou que está em contato com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para a execução de um projeto envolvendo os estudantes. “Estamos em negociação. É um projeto que venho almejado há muitos anos. É um estudo de dois anos onde teremos um núcleo de alunos e professores para estabelecer o que é o meu método de estudo”, explicou.
Ator e bailarino, Duda mora na Europa há mais de 20 anos. Segundo ele, um dos motivos para sua mudança foi a busca por oportunidades. “Naquela época não tinha internet. A gente não tinha acesso a nada, mal tinha acesso às produções do Rio e São Paulo, muito menos às internacionais. O artista é antenado. Ele quer aprender, quer absorver coisas”, ressaltou.
Suas expressões marcantes e o jeito latino foram desafios no início da carreira no exterior. O período de adaptação, cerca de seis meses, fez com que o artista compreendesse que a alegria e entusiasmo brasileiro deveriam ser contidos para ganhar o público europeu. “O nosso estilo latino de fazer teatro é um estilo ligado ao entretenimento. Na Europa não. Lá é uma coisa mais séria”, contou. “Quando eu fazia audições, eu tinha muita expressão. Eles não gostavam disso. Eu lembro que todos os coreógrafos e companhias falavam: menos, você faz demais”, completou. Após o período de adaptação, a carreira deslanchou. “De lá pra cá, nunca mais parei de trabalhar”, afirmou Duda.
Estímulo
Com uma deficiência na visão, Duda Paiva passou por 16 cirurgias nos olhos quando ainda morava em Goiânia. A dificuldade para enxergar fez com que ele se tornasse dependente de outras pessoas para fazer atividades do cotidiano.
(Foto: Petr kurecka)
“A minha deficiência foi o fio condutor para trabalhar com bonecos. Quando saía na rua, eu tinha uma dor muito forte nos olhos. E quando saía, eu ia com meu irmão do meio. Eu pegava no ombro dele e ele me guiava. Quando eu comecei a trabalhar com teatro de bonecos eu me vi na mesma posição. Hoje em dia o boneco me guia. Da mesma forma que eu colocava a mão no ombro do meu irmão para andar, hoje eu coloco minha mão no ombro do boneco para guiar meus espetáculos. Eu comecei a ter um respeito tanto pelo meu irmão, pela caridade que ele teve, quanto pelos bonecos”.
Temporada no Brasil
Ao
AR, o artista goiano, que passa temporada no Brasil, contou que vai participar do 11º Festival Internacional de Teatro de Animação (FITA), em Florianópolis (SC), no próximo dia 27 de maio. O evento é um dos festivais mais tradicionais dedicados ao teatro de animação.
O espetáculo apresentado será o Blind, que, segundo Duda Paiva, baseia-se na época que conviveu com a deficiência nos olhos. Confira o trailer:
TRAILER Monsters from DudaPaiva Company on Vimeo.
Duda Paiva (Foto: Mônica Parreira / A Redação)
