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Centro Cultural Oscar Niemeyer

Seduce decide retirar painel do Bicicleta Sem Freio em 20 de junho

Audiência reuniu cerca de 50 pessoas | 26.05.15 - 23:02 Seduce decide retirar painel do Bicicleta Sem Freio em 20 de junho (Foto: Divulgação/Seduce)
 
Sarah Mohn
 
Goiânia – Em consulta pública realizada na noite desta terça-feira (26), no Centro Cultural Oscar Niemeyer, ficou decidido que será retirado do local, no dia 20 de junho, o painel "Tartaruga Voante", produzido pelo grupo de designers goianos Bicicleta Sem Freio. Segundo a secretária de Educação, Cultura e Esporte, Raquel Teixeira, a decisão atende critérios legais estabelecidos em contrato entre o CCON e a empresa A Construtora Música e Cultura, realizadora do Festival Bananada, evento que abriu espaço para produção do mural ilustrativo. O contrato estipula que o painel seja mantido por 30 dias, após o encerramento do festival.
 
"Será retirado no dia 20 de junho, mas daremos sequência ao debate iniciado aqui hoje de ocupação dos espaços públicos, abertura de espaços culturais à arte urbana, ocupação urbana. Acho que começamos hoje um debate muito importante de ocupação dos espaços culturais", disse Raquel em entrevista coletiva à imprensa após a audiência pública.
 
A reunião realizada no CCON reuniu cerca de 50 pessoas, entre representantes de segmentos organizados e militantes culturais. De acordo com a secretária Raquel Teixeira, a polêmica sobre a permanência do painel do Bicicleta Sem Freio chegou a um consenso e foi importante para abrir o debate sobre intervenções artísticas em espaços públicos do Estado.
 
"Essa questão ficou superada. Tanto o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, quanto a Universidade Federal de Goiás, o Conselho Estadual de Cultura e os participantes entenderam que é um painel temporário, mas o debate vai continuar para que a gente ocupe outros espaços", garantiu Raquel.
 
Presente na audiência, o vereador Thiago Albernaz (PSDB) chegou a entregar à secretária um requerimento assinado por 34 vereadores da capital, na semana passada, solicitando a permanência do painel no CCON. “Independente do que for acordado nessa reunião, esse é um pontapé inicial para pensarmos políticas públicas e ampliarmos o debate sobre cultura na nossa cidade”, disse.
 
 

(Foto: Divulgação/Seduce)
 
Grupo gestor do CCON
Durante a reunião, a secretária Raquel Teixeira anunciou que será criado um grupo gestor “para ampliar o debate” quanto à ocupação artística em espaços públicos. Segundo ela, devem compor a comissão representantes do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Conselho Estadual de Cultura e da sociedade civil. Sobre data para que o grupo seja definido e comece a atuar, Raquel brincou que avaliará e os convocará pela rede social Facebook.
 
Informada pelo maestro Otávio Henrique Soares Brandão sobre uma possível insatisfação do arquiteto João Niemeyer, sobrinho do também arquiteto falecido, a secretária informou que entrará em contato com a Fundação Oscar Niemeyer para esclarecer o episódio de polêmica. João Niemeyer teria dito que, caso o painel não fosse retirado da obra, a Fundação exigiria a exclusão de assinatura do centro cultural.
 
"Eu não tinha essa informação. Vou fazer um contato amanhã mesmo com a Fundação Oscar Niemeyer. Nós temos todo interesse em caminhar juntos pela valorização do espaço, que nos é muito caro. É um prestígio ter o Oscar Niemeryer tão grande, amplicado e visível na cidade, como nós temos aqui. Nós temos todo interesse em caminhar juntos com aquilo que valorize o nome e a obra de Oscar Niemeyer", assegurou Raquel.
 
(Foto: Divulgação/Seduce)
 
Veja abaixo opiniões manifestadas durante a consulta pública:
 
Raquel Teixeira (secretária da Seduce):
“Eu adoro o painel e acho que temos que discutir a abertura de espaço para a arte urbana. Acho que houve um equívoco da nossa parte ao não ter colocado, por exemplo, uma tela protetora ou algo do tipo que preservasse a integridade da obra (CCON) e a outra obra (painel do Bicicleta) fosse colocada de uma forma até mais fácil de ser removida. Mas aprendemos com a lição e não incorreremos com esse risco novamente.”
 
Aguinaldo Coelho (superintendente Executivo de Cultura da Seduce):
“O Niemeyer acha que o branco é importante, que o branco passa uma mensagem. É uma obra construtivista. É geracional? Talvez. Minha opinião é que temos um karma com o barroco. Quando vemos algo branco, nos incomodamos. O branco incomoda.”
 
Nasr Chaul (Chefe do Gabinete Gestor do CCON):
“Temos procurado preencher o Oscar Niemeyer com parcerias para a ocupação plural, democrática e republicana do local. O Conselho (Consultivo do Museu de Arte Contemporânea do CCON) não foi consultado, por houve contrato direto com a empresa para aluguel do espaço e realização, por parte dessa empresa, da intervenção do painel. Mas estamos abertos à avaliação e ao debate.”
 
Ana Flávia Maru (estudante de Arquitetura e Urbanismo):
“O edifício é da cidade. Nós, arquitetos, criamos edifícios para a cidade. As pessoas querem ver isso o que aconteceu aqui (intervenção artística) também em outros locais da cidade”
 
Vinícius Barbosa (Economista):
“Há um valor nesse tipo de manifestação, que é arte urbana. Reportes nas redes sociais vêm na intenção de trazer a discussão para o âmbito real, para que não fique restrita às redes sociais, ao academicismo ou às instâncias institucionais. A sociedade precisa desse tipo de discussão.”
 
Wanessa Cruz (produtora cultural):
“A meu ver, esses assuntos devem ser debatidos. O espaço é público, é nosso, e devem ser definidas regras para utilização dele.”
 
Arnaldo Mascarenhas Braga (presidente do CAU/GO):
“O Centro Cultural Oscar Niemeyer pode sim ter interferências, como por exemplo jogo de luz e sombra, como se faz no Museu do Louvre, ou obras como a do artista Christo (Vladimirov Javacheff, americano, que utiliza a técnica dos “embaladores”). Mas, por questões técnicas, é preciso definir critérios para preservar a obra.”
 
José César Teatini de Souza (professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG):
“(O painel) É um trabalho de qualidade. É inquestionável. Eu não destruiria jamais uma arte. Como o painel é arte efêmera, eu esperaria que ela por si só se destruísse. Destruir uma arte não se justifica.”
 
Ibis Brandão (produtora cultural):
“Grafite é uma arte que deve servir para contestar, em paredes e muros nas ruas, e não numa obra de Oscar Niemeyer. Não vejo como contestar uma obra de Niemeyer.”
 
 

(Foto: Divulgação/Seduce)

Comentários

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  • 29.05.2015 07:35 alfredo jr

    caro Otávio, não entendo bem o que você quer dizer com "direito de autor" na arquitetura. Em seus catálogos, a tal fundação ou qualquer outra entidade, pode optar por não inserir uma determinada obra. Mas é só! A legislação dos Crea e CAU não define essa figura jurídica. Resumindo: juridicamente, não há nada - repito, nada! - que possa ser feito.

  • 28.05.2015 20:37 otavio henrique soares brandão

    Caro Alfredo Jr, voce esta enganado,existe o direito de autor que protege a autoria. Voce tem razão é um predio publico e pertence aos contribuintes goianos, mas a autoria não, pertence sempre ao autor, garantido por lei. Oscar e herdeiros trn asferiram esta propriedade 1988 para a Fundação Oscar Niemeyer, ela tem o direito por lei de determinar se uma obra e ou não de Oscar Niemeyer, a Fundação Oscar Niemeyer é a unica instituição que tem direito legal de determinar se uma obra é ou não é de Niemeyer. Caso a Fundação conclua que o proprietario publico ou privado descaracteriza a obra ele pode tirar assinatura, pois a autoria não se pode vende . Voce ten razão por não ser tombado o proprietario pode fazer qualquer intervenção mas ao descaraterizar a obra pérde o direito de p´reservar a autoria anterior. Abraços

  • 28.05.2015 19:57 alfedo Jr.

    Caro otávio, com todo o respeito, a opinião de João Niemeyer não tem qualquer relevância legal. O edifício é público, propriedade dos contribuintes goianos. E não existe essa figura jurídica de "retirar assinatura" do autor de um projeto arquitetônico. E como não se trata de edifício tombado, o proprietário pode, sim, realizar as intervenções que bem entenda. A relação entre proprietário e autor de um projeto de arquitetura se encerra no momento de expedição do Termo de Habite-se pela autoridade municipal local.

  • 27.05.2015 20:26 otavio henrique soares brandão

    Cara Sarah Mohn, Parabéns pela sua reportagem, que melhor descreveu o que se passsou nesta reunião. Gostaria de fazer um esclarecimento. Comparecemos( eu e Ibis), à pédido de nosso amigo João Niemeyer, para comunicar a opinião da Fundação Oscar Niemeyer sobre esta intervenção . Segundo ele é um absurdo. A Fundação detem todos os direitos de autor de Oscar Niemeyer. Assim, tem o poder de retirar a assinatura de Oscar do CCON. Entrevistado pelo O Popular de hoje o Direter Executivo da Fundação reafirmou o que temos falado nas redes sociais nos últimos dias. O CCON não poderia, em hipósete nenhuma, realizar uma intervenção sem antes consultar e obter autorização da Fundação Oscar Niemeyer.Abraço, Maestro Otavio Henrique Soares Brandão.

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