Yuri Lopes
Goiânia - Como prender a atenção de estudantes adolescentes a ponto de conseguir que os conteúdos de geologia, física, química e biologia sejam facilmente repassados e assimilados? A resposta é algo que qualquer professor procura. Uma alternativa ao maçante cotidiano dentro da sala de aula foi apresentada a duas turmas do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Lyceu de Goiânia nesta sexta-feira, durante visita à Estação Ciência Goiânia.
Noções de Física são vivenciadas na prática (Foto: Yuri Lopes)
O local possui 15 ambientes de conhecimento, onde os alunos têm acesso a conteúdos de geologia, corpo humano, origem da vida, estruturas celulares, biomas, educação sexual e características das drogas. O passeio dura cerca de duas horas e é feito de forma prática e lúdica, com o objetivo de despertar mais interesse pelas disciplinas.
Inaugurado em março deste ano, e aberto para visitação desde abril, a Estação Ciência é mantida pela iniciativa privada, sem nenhum vínculo com governos. Para ter acesso aos espaços, é cobrada taxa de R$ 25 por aluno. No caso dos 80 estudantes do Lyceu, o valor foi subsidiado pelo Instituto Engecred, que ofereceu o transporte até o local.
Passeio é encerrado com aulão de química (Foto: Yuri Lopes)
Estímulo ao conhecimento
Para o presidente do Instituto Engecred, Wolney Unes, é importante focar no incentivo ao conhecimento. “Na última década, nós ficamos muito focados ao estímulo à arte e à cultura e esquecemos da importância de aprender ciência”, comenta ele.
Wolney cita como justificativa do apoio ao projeto os baixíssimos indicadores brasileiros no desempenho em ciências. E ele tem razão. O estudo mais recente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado em 2012 em 65 países, aponta o Brasil como um dos últimos colocados. O levantamento é feito com estudantes de 15 anos e leva em consideração as habilidades em três áreas de conhecimento. Em leitura, o Brasil ficou em 55º lugar; em Matemática em 58º, e em Ciências, na 59ª posição. O topo do ranking ficou com Alemanha, Grécia, Chile e Coreia do Sul.
Despertar da curiosidade
Enquanto na sala de aula o aluno fica quase cinco horas recebendo conteúdo teórico, sem muita demonstração prática, na Estação Ciência é possível presenciar a realização daquilo que está descrito no livro. Roberta Mackerly, de 17 anos, conta que vivenciar na prática aquilo que o professor ensinou na sala de aula ajuda a fixar o conteúdo. Segundo ela, a vantagem de participar de uma “aula” fora da unidade escolar é a maior facilidade de entender o que é ensinado.
Roberta Mackerly (Foto: Yuri Lopes)
Talvez a justificativa desta facilidade seja o que Wolney Unes chama de estranhamento que a ciência causa. “O confronto com situações que não fazem parte do cotidiano é o grande motor do conhecimento”, considera. Para Pedro Henrique Linhares, também de 17 anos, fazer este tipo de visita ajuda a relembrar o conteúdo que foi ensinado nas aulas anteriores. "Ver na nossa frente as coisas que aprendemos nos livros e com os professores ajuda a relembrar a matéria e serve como uma revisão para o Enem", disse ele.
Pedro Henrique Linhares (Foto: Yuri Lopes)
Roteiro
As visitas dos alunos ao local é guiada por três professores. Todo o trajeto dura cerca de duas horas e meia para alunos a partir da 5ª série e de 40 minutos para alunos da primeira fase do ensino fundamental. Ao final, eles participam de uma aula show de química e física, quando são realizados experimentos.
O coordenador da Estação Ciência, Everton Vieira, explica que para agendar as visitas basta entrar em contato pelo telefone (62) 3091-4784. Desde que passou a funcionar, a Estação já recebeu cerca de 700 alunos, vindos de 12 escolas goianas. Everton ressalta que qualquer unidade escolar, pública ou privada, pode agendar as visitas.