Raisa Ramos
Atualizado em 22/12, às 15h30
Goiânia - A avenida 10, do Setor Universitário, ganhou ciclovia, pontos de ônibus novos, corredor especial e radares de fiscalização. Quem passa pelo local elogia a beleza, apesar do trânsito ainda confuso para alguns motoristas.
Tanta modernidade divide espaço com um dos prédios mais antigos da capital, a Catedral Metropolitana de Goiânia, que completa 75 anos neste sábado, 22 de dezembro.
Para comemorar a data, a Arquidiocese prepara agenda especial de eventos, que inclui uma missa solene às 18 horas e o lançamento de um livro que conta a história completa da igreja, desde a fundação da primeira capela, criada em homenagem a Nossa Senhora Auxiliadora.
A obra será publicada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Para encerrar as celebrações, haverá cerimônia para ordenação de 13 candidatos ao Diaconato Permanente, no dia 26.
Pioneira
Foi em 1937 que criaram a capela que mais tarde se tornaria a Catedral de Goiânia. Na época, ela recebeu o nome de Nossa Senhora Auxiliadora porque, na missa de inauguração da capital, usaram uma imagem da santa a pedido de Dona Gercina Borges Teixeira, primeira-dama do Estado. O quadro foi um presente dos padres salesianos do bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
No início, a capela funcionava em um terreno atrás da localização atual, onde hoje existe o cinza Edifício Abel, na rua 19. Somente vinte anos após a criação, a paróquia se tornou efetivamente a Catedral Metropolitana de Goiânia, já na nova área, que havia sido doada para a igreja.
"A Catedral tem uma história extremamente importante. Além do pioneirismo, ela é considerada a igreja-mãe da Arquidiocese. É a igreja do Bispo Diocesano e ele, como pastor, procura criar a comunhão entre as igrejas da comunidade da Arquidiocese", conta o padre Luiz Gonzaga Lobo, pároco da Catedral.
"Durante o regime militar, a igreja também teve um papel essencial em defesa dos presos políticos e dos estudantes", acrescenta. No quesito religioso, a paróquia pioneira tem importância óbvia. É nela que acontecem todas as ordenações de padres e bispos.
Reforma
Sete décadas e meia são muitos anos de existência e manutenções são sempre necessárias para preservar bem o prédio. Desde 2002, a Catedral passa por processo de restauração, que ainda está longe de ser finalizado.
Apesar de terem colocado sinos, reformado a torre, os vitrais e o órgão - um dos instrumentos mais antigos e raros de Goiás - falta ainda mudar toda a parte de som e elétrica. Quem entra no local fora dos horários de missa também verá que uma equipe de trabalhadores está pintando o interior da nave.
"Estão fazendo a pintura, mas isso não altera em nada a rotina da igreja. Tudo é feito com renda própria da paróquia, arrecadada por meio de doações dos paroquianos e dos dízimos", diz o padre Luiz.
Um dos contribuintes é o aposentado Pedro Ferreira da Costa, que faz questão de participar das reuniões e das missas. "Minha casa de oração é a Catedral, casa que sempre frequentei desde que vim para Goiânia, em 1987. Raramente fui a outra igreja. É um princípio meu participar da santa missa de domingo."