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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Gostei de ver Max Cavalera em Goiânia

Show foi um retorno à adolescência noventista | 27.02.12 - 10:55

Eu tinha alguma expectativa pelo show do Soulfly em Goiânia. Nenhuma pela banda, mas a pouca ansiedade que sentia era pela presença de Max Cavalera pela primeira vez em nossa cidade. Já tive oportunidade de ver uns quatro ou cinco shows do Sepultura, mas todos na fase Derrick. Ou seja, nunca tinha visto Max na vida e considerava essa uma falha curricular grave que, felizmente, foi corrigida na última sexta-feira no Clube Jaó. E o show me surpreendeu, indo além do que eu esperava. A apresentação acariciou e deu conforto ao saudosismo pela minha adolescência noventista. Missão cumprida!

Quem é mais novo nunca vai conseguir entender o orgulho brasileiro pela existência do Sepultura nos anos 90. A banda dialogava de igual para igual com os grandes da época, como Pantera ou Slayer. E eram brasileiros. E não tinham vergonha disso. Sempre tinha uma bandeira do país no palco, sempre rolava um cover de Ratos de Porão aqui, um Polícia dos Titãs acolá. Para um adolescente que gostava de rock, andar com a camiseta do Sepultura era o auge do nacionalismo. Eu me sentia um Policarpo Quaresma defendendo o Brasil quando circulava pelo Setor Central com minha camisa preta da banda.

E Max era a voz e a cara desse momento. Ele ainda hoje é uma espécie de Sérgio Mendes da música pesada brasileira. Mais conhecido na gringa do que no próprio país, ele leva nossa tradição de música feita com guitarras para os quatro cantos do mundo. Um embaixador tatuado, monodread, banguela, com paralisia facial e que orgulha todo roqueiro tupiniquim.

Me recordo quando vi na MTV que ele havia deixado o Sepultura. O VJ da emissora Gastão Moreira apresentou um Fúria (antigo programa especializado em sons pesados) só sobre o assunto. Foi um baque geral. Com a separação, o Sepultura me interessou mais em sua nova fase do que o Soulfly. Tenho alguns discos com Derrick no vocal, nunca ouvi um disco inteiro da nova banda do Cavalera vocalista. Mas a admiração e o respeito nunca diminuíram. E fui ao show da última sexta com esse sentimento, de presenciar alguém que foi importante para minha formação.

No show, ouvi respeitosamente as músicas do Soulfly. Me emocionei em todas do Sepultura. Senti vontade de entrar na roda gigante que tomava conta do Salão Ara Macao. Mas a prudência me conteve. Hoje sou um cara de mais de 30, não mais aquele adolescente cabeludo inconsequente que batia cabeça ao som de Arise ou Refuse/Resist. Não tenho mais saúde para tal extravagância, mas meu espírito estava entre aquela molecada suarenta que se acabava ao som da voz gutural de Max.

O show teve problemas? É claro! A guitarra de Max estava bem mais alta do que o restante da banda, o público foi pequeno para um show tão importante, o filho do vocalista, Zyon, não conseguiu segurar a onda nas baquetas. Sobre o moleque de 18 anos que tocou bateria, cabe falar um pouco mais. Ele é um excelente baterista de 18 anos. Só que, ao tocar Sepultura, o grau de comparação fica muito elevado. Seu tio Iggor é um monstro reconhecido internacionalmente. E Zyon é apenas um bom garoto iniciante. Talvez, se ele não tivesse tocando as músicas que a gente ama do Sepultura, daria para ter sido mais generoso na análise. Agora, deixar irreconhecíveis as músicas que ouvimos desde quando éramos imberbes é falta grave. Contudo, nada disso tirou a beleza e a emoção da noite de sexta-feira.

Agora, só para você ver como o tempo é cruel: se esse fosse um show que eu tivesse assistido nos anos 90, ao fim de 1h40 de porrada na orelha, estaria contando as moedas para chegar a um lugar onde tivesse muita cerveja barata. Como o show foi em 2012, saí correndo para pegar a filhota que estava dormindo na casa dos meus pais. Max, fique tranquilo, o tempo foi cruel com todos. E você ainda consegue cumprir seu dever de deixar um trintão feliz e, por alguns momentos, mais perto da adolescência. Um grande show!


Comentários

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  • 29.02.2012 09:36 Augusto

    Vc expressou bem as emoções que senti no show, lembro de todos esses acontecimentos, o show do max me fez revive-los... grande abraço

  • 27.02.2012 06:01 Pedro Augusto

    Um embaixador tatuado, monodread, banguela, com paralisia facial e que orgulha todo roqueiro tupiniquim. ASUIDASIUDUHSA mandou muito na descrição!!

  • 27.02.2012 05:07 Paullo Di Castro

    "Um embaixador tatuado, monodread, banguela, com paralisia facial e que orgulha todo roqueiro tupiniquim." Caraca, definiu bem demais o Max, eu que sou de uma geração um pouco a frente também fui marcado pelo que ele fez com o Sepultura, principalmente na fase Roots. Ver o Cavalera Conspirancy no SWU de 2010 me fez ter muitas das sensações que descreveu acima. Esse é o Sérgio Mendes do rock mesmo!

  • 27.02.2012 03:11 Gustavo veiga Jardim(Grilo)

    Realmente Pablo, o show foi para nós, com mais de 30. Curti o show ao lado de amigos dos anos 90 e, pude fazer o que teria feito nos naqueles anos de honk tonk, entrei na rodona, pulei, empurrei, bati cabeça. Sai de la pingando de suor, ate encontrei no final do show o "Mor" irmão da Bia. Por sorte eu ja tinha visto o show do sepultura com max...

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