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Sarah Mohn
Sarah Mohn

É jornalista graduada pela UFG e especialista em Comunicação Empresarial e Publicidade Estratégica. Nesta coluna, escreve artigos de opinião / sarahmohn@gmail.com

Meias Verdades

Prepare-se, babaca: você será multado por dar cantadas

| 24.01.17 - 17:17
Eu sempre torci para ver o dia em que um homem seria punido pela lei por desrespeitar verbalmente uma mulher. E parece que minhas preces, enfim, serão atendidas.
 
Graças a um projeto de lei apresentado nesta terça-feira (24/1) pela vereadora Maria Letícia (PV), na Câmara Municipal de Curitiba, está chegando o grande momento de podermos nos sentir legalmente amparadas e defendidas pelo Estado.
 
A matéria inédita no país determina que quem for flagrado passando uma “cantada” ou causando incômodo com palavras, gestos ou comportamentos às mulheres poderá ser multado em R$ 280 e obrigado a frequentar programas de reeducação. Se houver reincidência, a multa subirá para um salário mínimo (R$ 937). heart
 
Já começo a imaginar algumas pessoas um tanto quanto revoltadas – e um ligeiro medo de serem processadas –, tentando argumentar que “cantada é elogio” e blá blá blá. No contraponto a esse discurso frágil e vazio, está a beleza do projeto da vereadora curitibana. De antemão, a parlamentar justifica que o famoso “fiu fiu” em locais públicos “trata-se de uma forma de assédio sexual que passa despercebida, uma vez que está travestida de 'flerte'”.
 
Minha vontade é de dar um abraço em Maria Letícia.
 
Se o projeto não sofrer resistência e conseguir tramitar na Casa até ser aprovado, Curitiba será a primeira cidade brasileira a começar a corrigir anos de injustiça e abandono do poder público às questões de gênero. Eu espero do fundo do meu coração que a capital alcance essa referência.
 
O machismo no Brasil ainda é tão escandaloso que, em 2015, quando escrevi nesta coluna sobre cantadas, recebi uma avalanche de comentários me atacando me chamando de “mal amada” e dizendo que o feminismo estava “acabando com o mundo” e que mulheres que não gostam de cantadas acabam morrendo sozinhas. Sério, meus amigos, os ataques chegaram a esse nível.
 
Por isso, eu repito, até que todos os homens assimilem: cantada não é elogio. E nenhuma mulher merece enfrentar tamanho desrespeito. Não importa se é bonita, loira, morena, se tem o corpo malhado e definido, se usa calça colada, barriga de fora ou saia curta. A aparência de qualquer pessoa é um direito dela. E ninguém pode se achar passível de praticar assédio sexual travestido de flerte.
 
Com Maria Letícia, demos o primeiro passo. Agora, é hora de cobrar coragem semelhante dos parlamentares da cidade em que vivemos. Aqui em Goiânia, eu faço questão de cobrar. Quem será o vereador a encarar o tema e nos defender, de fato, como precisamos?
 

Comentários

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  • 07.02.2017 16:46 Declieux Crispim

    Parabéns pelo texto, Sarah. Extremamente pertinente e necessário.

  • 31.01.2017 11:33 Mônica

    Excelente texto, Sarah!

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É jornalista graduada pela UFG e especialista em Comunicação Empresarial e Publicidade Estratégica. Nesta coluna, escreve artigos de opinião / sarahmohn@gmail.com

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