Ali pela década de 1970 a seguir, quando os críticos concordam que ela teve seu boom como movimento artístico-cultural, metrópoles como Nova York começaram a abrigar intervenções urbanas — repetidamente: em muros, escadarias, orelhões, calcadas, ruas, becos, avenidas... — que fizeram, por exemplo, de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring artistas conhecidos internacionalmente. Pela forma como olhavam a cidade, transitavam por ela se apropriando de seus espaços. Fazendo arte.
Quando pensada no universo da Cultura Visual contemporânea, a arte urbana não significa mais “clandestinidade”. Nem “vandalismo”, “insulto”, “depredação do espaço público”, como já foi — infelizmente! — concebida décadas atrás, pelo próprio caráter de contracultura que lhe foi inerente, desde o começo. Tampouco — felizmente! — faz mais sentido dizer “arte de rua” x “arte de galeria”, pretendendo-se, com isso, dicotomia tal-qual: “De um lado artista de rua; de outro, artista de verdade”.
Desde os anos 80, digamos de passagem, o grafite está também nas galerias; pôde ser visto amplo, aliás, e bem-recentemente, na 3ª Bienal Internacional de Graffiti Fine Art (que aconteceu em São Paulo, finzinho de 2015). No fim das contas, lembra o crítico Martin Irvine, da Georgetown University: os artistas da Street Art se consideram sobretudo “artistas”. Que percebem a cidade como espaço de criatividades, intervenções e expressão. Apropriam-se do que está ali para ser compartilhado mesmo... coisa da gente, coisa pública.
No Brasil, a arte urbana vem também dando bonitos saltos. Em larga escala, toca naquilo que é importante ser desvelado, discutido, visto. Não se trata simplesmente de protesto, alarde, panfleto. Mas de visualidade(s) a serem trazidas à mostra no contato diário com a cidade. Justo aquilo que pode estar... entre. E, tão-assim, além.
Artistas como Eduardo Kobra (muralista de São Paulo) e Gustavo e Otávio Pandolfo (conhecidos como Os Gêmeos) têm já seus trabalhos bastante apreciados no Brasil e no exterior... e vêm fazendo história...
Thiago Tarm (do Rio de Janeiro), Marcelo Peralta (Goiânia), Pomb (Brasília), Shock (São Paulo) e Marcelo Ment (Rio de Janeiro) estão, igualmente, entre os melhores artistas da Street Art brasileira. Todos eles — além de inúmeros outros — já confirmaram presença na 2ª Mostra de Arte Urbana no Brasil Central, evento que, novamente, vem para abrir espaços, esticar horizontes e colocar a capital goiana entre aquelas que acolhem e prestigiam a Street Art no País.
(Cartaz-divulgação oficial da 2ª Mostra de Arte Urbana no Brasil Central)
Com o apoio institucional do Governo de Goiás, a
Mostra acontecerá dessa vez na
Vila Cultural Cora Coralina, importante espaço de arte-cultura do Estado, inaugurada em outubro de 2013. Contará, além da exposição de arte urbana propriamente, com instalações diversificadas, apresentações de rap, poemas, fotografia e performances — “literatura, poesia, música, grafite, teatro, circo e amor”.
Paredes, murais, quadros pintados com spray, estêncil e pincéis; instalações, esculturas e videoarte: em Goiânia, a Vila estará toda aberta até 31/03 para a celebração da arte urbana. A mostra, pela segunda vez, chamará a atenção por convidar o público a ver o extrapolar-da-tela-pintada, os artistas utilizando vários tipos de suportes, insistindo na arte de conversar... com a cidade.
A três dias da abertura oficial: sim, será, de novo, como a gente espera, uma bonita chance para todo mundo ver, sentir, querer estar com e participar... de olhares e olhares e olhares... na e sobre o(s) espaço(s)... urbano(s), patrimônios da gente.
Vida longa à Mostra!
Tim-Tim!
Quando: de 13/02 a 31/03/16
Onde: Vila Cultural Cora Coralina
(Rua 03, esquina com a Av. Tocantins, Centro – Goiânia/GO – acesso pelas escadarias atrás do Teatro Goiânia)
Entrada gratuita