Goiânia - Tem uma coisa que me impressiona: quem vive uma vida inteira com o mesmo visual. O cara usa o mesmo corte de cabelo desde que saiu do Ensino Médio, faz a barba diariamente para ficar com a mesma aparência, escolhe sempre a mesma roupa que a esposa gosta. Bebe só duas latinhas para assistir o jogo de futebol de seu time, reza todo dia antes de dormir.
Esse tipo de gente pode até parecer confiável, mas para mim são malucos que a qualquer momento vão explodir e fazer algo completamente contra as regras: de tirar a roupa em cima do balcão de uma boate de madrugada ou entrar em um cinema atirando a esmo. Sou convicto de que em certo momento esses caras vão estourar por conta de uma rotina tão enfadonha, tão arroz com feijão. Tenho medo de gente assim.
O maldito TOC que me acompanha faz com que eu pense no visual em ciclos de ano a ano. Logo após o Réveillon, dou o timbre na cara na forma que pretendo passar os próximos 365 dias. Cansei do bigode leão marinho que usei em 2014. Já estou pensando no que farei para mudar minha cara no ano que já aponta para daqui pouco mais de 30 dias. Não sei ao certo como vou ficar.
Ando bem preguiçoso nos últimos tempos. Para ser sincero, não sei se é só nos últimos tempos. Mas isso é pauta para outra crônica. Por conta disso, o lance de fazer a barba anda me incomodando. Talvez a alternativa seja deixar os pelos da cara crescerem rebeldes, sem aparar, sem retoques. Tudo para ficar com a face de viking bêbado invadindo a Inglaterra que tanto prezo. Essa é a alternativa que mais me seduz no momento.
Sobre o cabelo, estou ficando com saudades das madeixas longas. Mas é provável que a preguiça novamente entre em campo. Tento ter o cabelo comprido, mas eu não consigo - sempre corto mais, como Wander Wildner. Então vou deixando com que ele cresça, cresça, cresça e, na hora em que está naquele estágio que ainda não é grande como quero mas também não é o curto que não dá trabalho, acabo cedendo. Vou na barbearia e resolvo o problema.
Tenho ainda o mês de dezembro para ter novas ideias. Mas chega esse momento da vida, em que estamos mais perto dos 40 do que dos 30, no qual criatividade não é o forte. Um turbilhão de ideias novas é para jovens, o que está longe de ser o meu caso. Mas mesmo não tendo mais o ímpeto por grandes mudanças de outros tempos, não é por isso que ficarei com a mesma cara mais um ano.
Desde que eu não ache ridículo - mesmo com meus largos limites conceituais para ridículo -, aceito sugestões. Alguma ideia?