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Pablo Kossa
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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Novo cenário para a polícia goiana

Prisão de goianos por goianos é bom sinal | 30.10.14 - 11:29

Quando fiquei sabendo pelo Twitter de uma nova operação que estava sendo executada na manhã de ontem [quarta (29)] contra policiais goianos, comecei a procurar a informação: quem está no comando da ação? Se fosse a Polícia Federal, já seria ótimo. Afinal, é bom que tenhamos uma instituição nacional que investigue e prenda os agentes da lei que andam ao largo da mesma nos estados. Quando vi que as cabeças eram a Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e as corregedorias das Polícias Civil e Militar, fiquei mais satisfeito ainda.

 

Na Operação Malavita, o auxílio da Forna Nacional foi operacional. A investigação, a parte árdua de verdade do trabalho, foi feita por policiais goianos. E o mais significativo: contra policiais goianos. O serviço de inteligência não ficou intimidado por questões corporativistas. Ele foi para cima e colocou os infratores onde devem estar: detidos e ao dispor da justiça.

 

Em geral, qualquer corporativismo costuma ser prejudicial à sociedade. Médicos quando defendem os interesses dos médicos, advogados quando defendem os interesses dos advogados, jornalistas quando defendem os interesses dos jornalistas... Nesses cenários, a categoria ganha e todos os outros perdem.

 

As Polícias de Goiás mostraram que deram um passo adiante. Que não aceitam integrantes do corpo praticando crimes usando os brasões institucionais. Demonstram que querem apagar a imagem senso comum de que para quem usa farda ou tem um distintivo oficial no bolso, tudo pode. Aponta para um cenário onde todos serão de fato iguais, e não o uns mais iguais que os outros de George Orwell.

 

Por muito tempo, a polícia conviveu internamente sem constrangimento com elementos que não deveriam representar o Estado. Mais importante que os 23 policiais presos temporariamente pela Operação Malavita é o aspecto simbólico da mesma: a folga, a certeza de impunidade, o vale-tudo para quem representa a força do Estado não é mais tolerado. Os tempos são outros. Existe uma nova geração na corporação que não compactua com o crime feito pelos próprios pares.

 

Nossas Polícias precisavam apresentar algo desse porte à sociedade goiana. Envergonha-nos as acusações de grupos de extermínio, as mortes não explicadas, os vários e vários relatos de abuso policial. Todo mundo conhece alguém que já foi vítima de um policial truculento. Muita gente já foi vítima de policial bandido.

 

Os marginais institucionalizados são os responsáveis por parcela significativa dos goianos ter medo da polícia. E o pior: as vítimas também não confiam no poder das Corregedorias para resolver o problema e punir os bandidos da corporação. Deixam os casos de abuso, violência e crime de lado por medo.

 

A Operação Malavita pode ser o ponto de inflexão nessa desconfiança. Caso as Polícias transformem em rotina esse tipo de ação, a sociedade pode recuperar a credibilidade nas instituições, proporcionado um comportamento mais ético dos homens da lei.

 

Goiás aplaude a Malavita. E torce para que essa seja o primeiro corte na própria carne para que as Polícias reconquistem a confiança da sociedade.


Comentários

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  • 01.11.2014 17:29 Néviton César Leão

    Parabéns como sempre nós seus comentário moço. Em todas as profissões sempre existe pessoas de mal caráter mas em relação as profissões a maior parte são do bem e honra seu meio de sustento. A pesar de tudo que ocorreu com a Policia Militar e Civil do nosso Estado ainda das dificuldades que elas tem da falta de equipamento, do salario eles são os melhores do país são seres humanos que todos os dia sai de sua casa para nós proteger Eu confio neles e gostaria que o Governo valorizasse mais esta categoria.

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