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Pablo Kossa
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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Postura de André Vargas é reflexo do PT pós-mensalão

Deputado desafia partido após denúncias | 23.04.14 - 19:37 Postura de André Vargas é reflexo do PT pós-mensalão


Goiânia - Não me surpreende a atitude do deputado federal petista, André Vargas, ao desafiar o partido após ser pressionado para que renuncie ao mandato. É elementar que isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde. E foi o próprio PT quem cavou a cova em que o próprio partido afunda agora. Não dizem que aqui se faz, aqui se paga? Pois então.

O parlamentar paranaense se sente fiado pela defesa cega que a agremiação fez dos envolvidos no escândalo do mensalão. É legítimo que ele pense: "se defendemos os caras até no indefensável, por qual razão não fazem o mesmo comigo?˜. Esse foi o recado dado ao presidente do PT, Rui Falcão, conforme noticiou a imprensa.

O deputado era do pelotão de choque dos condenados pelo mensalão. Quando o ex-governador gaúcho, Olívio Dutra, levantou a tese de que José Genoino tinha que renunciar ao mandato para se defender das acusações, Vargas partiu para cima e respondeu Dutra com violência, lembrando denúncias bem mais amenas que o gaúcho enfrentou quando estava no governo. Era natural que ele esperasse reciprocidade de comportamento de seus companheiros quando ele caiu no olho do furacão. O problema é que os tempos são outros.

Vargas acredita que pode se defender das acusações de ligações nada católicas com o doleiro (que diabos de profissão é essa, meu Deus?!?) Alberto Youssef. Está certo. É um direito de todo cidadão se defender até a última instância que lhe for possível no Judiciário. Por outro lado, é prudente que o partido o coloque na geladeira até a coisa ser esclarecida. Na verdade, é mais que prudente: é essencial para a preservação de algum tipo de imagem que o PT ainda almeje frente a opinião pública.

Contudo, nem sempre foi assim. O PT até hoje fica se lamuriando que o julgamento do mensalão foi político. Se foi ou não foi, na boa, agora pouco importa. A decisão da Justiça está ali para ser cumprida. Que o partido abaixe a cabeça e faça o que tem que se feito. É assim que gente digna age quando se sente contrariado mas tem um dever que discorda a cumprir. A vida é dura para todos. O PT, até mesmo pelo histórico do partido e pessoal de seus principais militantes, já deveria saber disso. Quem te viu, que te vê.

Cortar na própria carne sempre é árduo. Mas é o que resta ao PT nesse delicado momento de questionamento geral acerca da ética que norteia o partido. E o que é pior: com a popularidade de Dilma caindo pouco a pouco, na iminência de uma Copa do Mundo que não é previsível como ficará o humor da população perante os perdulários gastos no evento e com a eleição já em outubro. Uma baita sinuca de bico.

E como soa irônico o punho erguido do então vice-presidente da Câmara ao desrespeitar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Nada como um dia após o outro dia. E o que é pior: joga na lama um gesto eternizado pelas lutas populares ao longo da história. De quem lembraremos no futuro? Dos atletas negros norte-americanos Tommie Smith e John Carlos no pódio da Olimpíada de 1968 que, após receberem as medalhas, miraram ao céu seus punhos cerrados reproduzindo a saudação dos Panteras Negras contra a segregação racial na terra do Tio Sam? Ou da patifaria de Vargas na Câmara dos Deputados? Espero que o primeiro fique vivo em nossa memória. 

A real é que ou o PT mostra ao povo que mudou e se arrepende daquilo que fez, ou o povo muda o PT de situação para oposição.


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