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Bia Tahan
Bia Tahan

Jornalista / bia@palavracom.com

Metrópole

A segunda abolição

| 26.04.13 - 13:03


Goiânia - Há algumas semanas está circulando na rede uma Carta às empregadas domésticas. A tal carta é um recado ressentido das mulheres de classe média e alta para suas funcionárias sobre seus deveres com a aprovação da PEC das Domésticas.

Não vou entrar em detalhes sobre o teor da carta, porque sinceramente é de um recalque típico da classe média  brasileira quando crê que está perdendo seus privilégios em função do avanço social de quem é considerado inferior.

A mesma classe média que ama fazer compras em Miami e elogia o quanto os Estados Unidos é “um país de primeiro mundo” é a primeira a atirar pedras em uma lei que nos engrandece como nação e que representa o maior avanço social desde a criação da Consolidação das Leis do Trabalho sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1943.

A verdade é que a classe média não quer sair da zona de conforto. De preferência, ela quer não somente uma funcionária que trabalhe as  44 horas semanais como estipulado por lei. Ela quer uma funcionária que tenha vindo do Maranhão ou qualquer outro estado miserável do Brasil para morar com a família. Se acha uma filantropa porque afinal tirou essa pobre coitada dos cafundós dos Judas para morar com conforto. Isso, claro, sem pagar as horas extras, porque, afinal, a doméstica tem casa e comida “de graça”.

A classe média é tão cega e autocentrada que não percebe que a nova lei representa um avanço tão grande que pode ser considerada a segunda abolição brasileira.


Comentários

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  • 15.05.2013 08:32 Alexandre

    Sou classe média, somos classe média, respeito as pessoas que trabalham comigo! Classificar a classe media é uma moda ridiculamente hipocrita e uma maneira de reduzir a discussao a um conflito de classes e essa não me parece ser a questao central. Esse disurso diversionista de classificar classe média, elite pensante, burguesia... Tem cheiro de naftalina. Os dieritos dos trabalhadores são importanttes e tem que ser discutidos sim! Para que o mercado no Brasil nao fique engessado.

  • 04.05.2013 06:01 Martinho Santos

    Excelente Bia! Infelizmente no Brasil ainda vemos tantas pessoas sendo escravizadas, sendo obrigadas a vestirem uniforme, entrarem pelo elevador de serviço, comerem na área de serviço, babás viajarem com a família sem receberm nenhum centavo por qualquer hora extra...e assim vai...

  • 27.04.2013 23:20 Ralph Rangel

    Assiste a novela na Globo (Empreguetes) e escreve um texto deste. A questão não é direito e sim obrigação em pagar encargos sociais.

  • 26.04.2013 19:36 Bárbara Caiado

    Quando li a tal carta às domésticas e ouvi frases de pessoas próximas como "agora estamos fritas", ou "o desemprego será imenso", numa referência à aprovação da PEC, senti muita vergonha dessa nossa classezinha acomodada e cheia de ranço! Excelente texto, bravo!!!

  • 26.04.2013 17:55 Sérgio Paiva

    Coluna tuite Bia?

  • 26.04.2013 17:54 Anapaula de Castro

    As críticas ao direito reconhecido é uma herança maldita da escravidão. A Pec das domésticas só reforça o novo perfil da classe média que precisa dividir as tarefas com todos da casa. E sabe de uma coisa? Isso humaniza as relações. Faz com que todos participem da casa e tenham responsabilidades divididas. Eu acho isso maravilhoso! Esse reconhecimento aponta para o rumo do justo e razoável. É necessário mudar o pensamento de que esses profissionais e seu trabalho são invisíveis. Eu antes mesmo da Pec já reconhecia seus direitos. Se não podem pagar ou discordam dos direitos. Tá simples: põe a mão na massa fia.

  • 26.04.2013 15:22 Waterloo Prudente

    Biloca, eu sou crace media, minha funcionaria chega as 9 sai as 11, quando tem q lava roupa fica até 1/2 dia não vai sábado já pago a ela 850 legais e ela acha pouco, casos e cases.

  • 26.04.2013 15:19 Maria Martha Consorte la Rosa

    Isso ai Bia, consciência não faz mal a ninguém!

  • 26.04.2013 14:42 Gustavo Grilo

    Como sempre, texto otimo.

  • 26.04.2013 13:15 Thais Fleury

    Ditto!

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