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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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A civilidade é possível no futebol

Torcidas rivais podem conviver em paz no Serra | 14.05.12 - 17:45


Ontem fui ao Serra Dourada acompanhar a segunda partida entre Goiás e Atlético-GO da final do Campeonato Goiano de 2012. Eu estava com um amigo e estacionamos o carro no local destinado tradicionalmente à torcida esmeraldina. Já na entrada, percebi que estávamos em um ambiente civilizado. Entre a torcida do Goiás, circulavam com toda tranqüilidade pessoas com a camisa do time campineiro. Ao observar esse fato, comentei com meu amigo:

- Olha só o quanto isso é bonito.

As pessoas tem o direito de demonstrar sua paixão pelo clube do coração sem receio de levar uma porrada nas costas, sem medo de marginais tomarem a camisa, sem temor de entrar em uma confusão só por conta de estar vestido de cores diferentes. Ontem, todos transitavam normalmente e sem medo. Todo jogo deveria ser assim.

Dentro do estádio, o clima amigável também reinava. Sentei na parte dedicada à torcida do Goiás e, por ali, vi pessoas vestindo a camisa rubro-negra sem medo de qualquer retaliação. Na hora do gol do Atlético, eles comemoraram e todos respeitaram o momento de alegria da torcida, mesmo que não estivessem no seu território. Uma aula de civilidade. Percebi que o ser humano continua sendo humano mesmo em uma seara que desperta a brutalidade primal em alguns.

Isso me rememorou um Goiás e Vila Nova que assisti na infância. Fui com o meu pai e era um jogo decisivo, não me recordo se uma final ou coisa assim. Na chamada região do amendoim do Serra Dourada, próximo às cabines esportivas, as torcidas de maior rivalidade de nosso futebol ficavam misturadas. Não me lembro do resultado final da partida, mas sei que o Goiás ganhou o jogo e o Vila marcou, no mínimo, dois gols. Lembro de sofrer com a comemoração dos meus vizinhos de arquibancada. Assim como me recordo das piadinhas e do clássico “Tá cedo, Vila!” que falávamos quando a torcida adversária já havia entregado os pontos e dado o jogo como perdido. Tudo saudável, sem tensão, na piadinha com que deve ser encarado o futebol.

Atualmente, praticamente não vou a jogos entre Goiás e Vila por conta do clima ruim que existe. Essa civilidade gostosa que vi ontem, de convivência entre as torcidas, é coisa do passado. Hoje, parece que estamos indo para uma guerra e não para um estádio de futebol se divertir com uma partida. Na boa, para enfrentar uma tensão como essa no meu horário de lazer, prefiro ficar em casa. Uma atitude que não me deixa feliz. A violência que reina nesse clássico cerceou meu direito a esse entretenimento. Triste.

Mas ontem percebi que a tolerância e o respeito podem imperar sobre a barbárie. Um clima civilizado, que deveria ser a tônica de todo jogo de futebol, pode existir. Afinal, não é por que estamos com uma camisa diferente do cara ao lado que devemos hostilizá-lo. A racionalidade deve vir na frente. Sempre.


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