Ela diz que ele é o amor da sua vida. Mas ele, que já prometeu a eternidade a outras apaixonadas, não terá toda a vida dela para amá-la.
Seus cabelos, já acinzentados, começam a embranquecer enquanto os dela não param de ganhar novas cores. O corpo dela parece florescer para enfeitar o outono dele. E à medida que a cabeça dela começa a entender a vida a dele dá sinais de querer esquecer.
E eu, do lado de cá, não sei se sinto inveja ou pesar.
Pena por eles terem descoberto esse amor tão eterno quando ele já não tinha tanto tempo para cumprir promessas e ela tanto pela frente para lembrar que, um dia, amou por tão pouco um amor para tanto. E a inveja dos que, desacostumados a andar de mãos dadas, admiram aqueles que ignoram as garantias do tempo e escolhem amar infinitamente por pouco o que será para sempre.