A hipnose oferece às pessoas, desde tempos remotos da história da humanidade, possibilidade de trazer harmonia entre o corpo, mente e meio ambiente. Podemos interpretar este estado de harmonia como saúde. Há relatos acerca de curas surpreendentes atribuídas ao forte desejo e convicção de pessoas diagnosticadas com doenças algumas inclusive consideradas incuráveis. Estes fatos inumeráveis podem ser atribuídos ao forte poder do desejo pela vida, pela saúde, ou como cita Joseph Murphy, ao poder do subconsciente.
No Egito antigo, os Papitos de Ebers, considerado por historiadores como um dos registros médicos mais antigos da humanidade, cerca de 1500 anos a. C., registram intervenções médicas similares a fórmulas mágicas e encantamentos em que eliminavam as doenças de seus pacientes. Em períodos da Grécia antiga houve relatos de “Templos do sono”. Há registros em que nestes templos os enfermos eram postos em sono e despertavam curados. Já nos anos de 1842, o médico escocês James Braid lapidou o termo Hipnose (Hipnos, do grego, sono; osis, do grego, ação ou processo). Contudo, observou ele mais tarde que o estado de hipnose não se assemelhava ao estado do sono, porém apresentava sinais de restauração da saúde.
Na história da medicina e psicologia, a hipnose fomentou debates e intrigou diferentes posturas científicas e ainda hoje surpreende os parâmetros científicos. Contudo, o desenvolvimento tecnológico moderno, tem afirmado diversos benefícios do uso da hipnose e permanece com pesquisas contínuas acerca desta ferramenta que constitui efetivos benefícios à saúde e ao bem estar de muitas pessoas. A capacidade da mente humana é imensurável. A hipnose é a arte de reger, com a permissão, liberdade e desejo da pessoa, a magnitude e as potencialidades da mente, por vezes pouco explorada, a fim de estabelecer um benefício à saúde e ao desenvolvimento humano. É, ainda, uma forma exímia de comunicação que provoca mudanças e transformações e que orienta a concentração, por vezes dispersa, a voltar-se ao mais íntimo da mente a fim de trazer benefícios.
Nota-se que, com regular frequência, surge na mídia exposições acerca do encantamento que certos recursos da hipnose produz. Muitas apresentações ou shows assumem o objetivo de fomentar a curiosidade ou produzir humor. De fato, este aspecto da hipnose é surpreendente. Pasmam os telespectadores ao verem pessoas comendo uma cebola crua crentes de estarem degustando uma suculenta maçã, por exemplo. Similar a este tipo de possibilidade há muitos outros. Entretanto, esta performance de palco, apesar de seu aspecto impactante, nem se compara aos benefícios à saúde e ao desenvolvimento humano que a hipnose clínica disponibiliza.
O desenvolvimento da hipnose clínica se desponta paulatinamente entre os recursos terapêuticos de maior confiabilidade por seus resultados consistentes, rápidos e, o melhor, seguro. Os conselhos de medicina, psicologia e odontologia desde décadas reconhecem esta ferramenta terapêutica, além de sindicatos de terapeutas, devidamente certificados pelo ministério do trabalho, reconhecerem o uso da técnica da hipnose clínica. Germina em muitos profissionais o interesse pelo emprego da hipnose como ferramenta terapêutica, bem como floresce uma crescente procura por recursos alternativos de tratamento.
A hipnose voltada ao tratamento terapêutico é uma excelente ferramenta, desde que aliada ao sincero e aguçado desejo de restaurar a saúde e bem estar. Aliás, nenhuma forma de tratamento será eficiente caso não haja cooperação de quem a procura. O hipnoterapeuta não sobrepõe sua vontade à do outro, nem mesmo pode sugerir atitudes ou pensamentos que estejam em desacordo aos princípios morais fundamentais e ao instinto de sobrevivência.
Todo benefício que a hipnoterapia oferece é fruto da conciliação do consentimento, cooperação, participação daquele que procura o tratamento e a destreza do hipnoterapeuta. Conforme afirma o psicólogo clínico, Pedro Paulo de Carvalho, a hipnose abrange qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões, induções ou condicionamentos, mudanças no estado físico e mental, podendo produzir alterações na percepção, nas sensações, no comportamento, nos sentimentos, nos pensamentos e na memória, inclusive desencadeando reações neurológicas, endócrinas e metabólicas.
Inúmeras são as indicações de tratamento mediante as técnicas da hipnoterapia, dentre elas pode-se apontar algumas mais comuns: a depressão, a ansiedade, os distúrbios provocados ou acentuados pelo estresse, desequilíbrio emocional, distúrbios psicossomáticos, distúrbios de sono como insônia, distúrbios de alimentação, fobias, dores crônicas de fundo emocional como cefaleia, enxaqueca. Por outro lado, há registros de desenvolvimento de alta performance com o uso da hipnose nos esportes, no equilíbrio emocional de profissionais e executivos. De fato, os benefícios oferecidos pela hipnoterapia abrangem um campo vasto. Vale ressaltar, que a hipnose não substitui a excelência da medicina, bem como ciências outras. Há inclusive estudos em que a hipnose é reconhecida por seus benefícios mediante estudos científicos da medicina e psicologia, principalmente.
Há um extenso campo de estudo a ser realizado acerca da potencialidade da mente humana. Inumeráveis benefícios antes inimagináveis trazem diversos benefícios hoje. De uma prática considerada obscura, hoje se tornou apreciada como uma inestimável ferramenta terapêutica. Por fim, cabe prosseguir com pesquisas científicas para vislumbrar com clareza óptica a capacidade desta ferramenta e dispor à humanidade a possibilidade de extirpar males e adquirir a tão desejada saúde, bem estar e paz.
*Lenilson Rezende é filósofo, hipnólogo e coach
